João Castilho

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[ QUEM ] João Castilho.

[ ONDE ] Belo Horizonte, MG.

[ PORQUE ] Nos últimos três anos, o fotógrafo João Castilho é, sem dúvida, o “nome” da fotografia brasileira. Ganhou diversos prêmios, como por exemplo, o da Fundação Conrado Wessel de Fotografia e o Prêmio Porto Seguro. Além de ter obras na Coleção Pirelli-Masp de Fotografia. Junto com os conterrâneos Pedro David e Pedro Motta fez um inventário imagético do Vale do Jequitinhonha que resultou no livro Paisagem Submersa. Uma obra prima da fotografia brasileira. Fazendo um fotodocumentarismo que transborda para a fotografia contemporânea, Castilho vai buscar no documental o surrealismo e nos coloca em um universo onírico. Algumas imagens enevoa a visão, tirando o chão dos pés.

©Christina Fornaciari

Belo Horizonte, 1978

Formação Acadêmica

2008 – Mestrando em Artes Visuais pela UFMG.
2003 – Especialista em Artes Plásticas e Contemporaneidade pela Escola Guignard.
2001 – Bacharel em Jornalismo pela Puc Minas.

Exposições Individuais

2008 – Centro Cultural São Paulo, São Paulo; Oi Futuro, Rio de Janeiro
2007 – Celma Albuquerque Galeria de Arte, Belo Horizonte
2006 – Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte

Exposições Coletivas

2008 – Paisagem Submersa, Galeria Luisa Strina, São Paulo; Scope Basel, Basel, Suíça; Nubes, Galeria Meninos de Luz, Rio de Janeiro; Paisagem Submersa, Museu Mineiro, Belo Horizonte; Paisagem Submersa, Silvia Cintra Galeria de Arte, Rio de Janeiro; Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre; SP Arte, Pavilhão da Bienal, São Paulo

2007 – 14º Salão da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Coleção Pirelli/Masp de Fotografia, Museu de Arte de São Paulo, São Paulo; Arte Lisboa, Parque das Nações, Lisboa, Portugal; Pulse Fair, Londres, Inglaterra; Individuais Simultâneas, Centro Cultural Usiminas, Ipatinga; I Contemporâneo, Shopping Iguatemi, São Paulo; Cidadania… Brasileiros, Centro Cultural São Paulo, São Paulo; Arco, Madri, Espanha; SP Arte, Pavilhão da Bienal, São Paulo SP

2006 – Paisagem Submersa, Instalação – Palácio das Artes, Belo Horizonte; Arquivo Geral, Centro de Cultura Hélio Oiticica. Rio de Janeiro; Prêmio Porto Seguro de Fotografia, São Paulo; Muriliana, Palácio das Artes, Belo Horizonte; 5ª Biennale de la Photographie et des Arts Visuel Liège, Bélgica; Paisagem Submersa, Galeria Box4, Rio de Janeiro; SP Arte, Pavilhão da Bienal, São Paulo SP

2005 – Além da Imagem, Instalação Vídeo – Centro Cultural Telemar, Rio de Janeiro; Context 3, Studio Raw, Belo Horizonte; Noorderlicht Photofestival, Groningen, Holanda; Prêmio Porto Seguro – Espaço Porto Seguro Fotografia, São Paulo; Paisagem Submersa, Galeria Pace, Belo Horizonte

2004 – O que Vive é Espesso, Primeira Fotogaleria, Belo Horizonte

2003 – Paisagem Submersa – Instalação – Casa de Cultura, Diamantina; Arte Pará, Galeria da Residência, Belém

2001 – Gotobamg, Centro Cultural da Ufmg, Belo Horizonte

2000 – 7º Salão da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador

Prêmios, Bolsas e Residências

2008 – Prêmio Fundação Conrado Wessel de Fotografia de Arte, Brasil.
2007 – Residência – Centre Soleil d’Afrique, Bamako, Mali.
2005 – Bolsa Pampulha – Museu de Arte da Pampulha; Prêmio Porto Seguro de Fotografia
2003 – Prêmio Mercocidades, Montevidéu, Uruguai.

Trabalhos em Galerias

Celma Albuquerque Galeria de Arte, Belo Horizonte. 3m1 Arte Contemporânea, Lisboa, Portugal.
Galeria Box4, Rio de Janeiro.
Leo Bahia Arte Contemporânea, Belo Horizonte.

Livro

Paisagem Submersa, Cosac Naify, 2008.

Coleções/Acervos Públicos

Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador BA.
Coleção Pirelli-Masp de Fotografia, São Paulo SP.
Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte MG.

Sites: http://www.joaocastilho.net

http://redemunho.zip.net/

http://www.paisagemsubmersa.com.br/psub.html

Da série “Context3” | 2005

Da série “Marie Jeanne” | 2007

Do ensaio “Paisagem Submersa” | 2002-2008

Recolhedor de Chuva | Da série “Objetos Essenciais” | 2008

Da série “Redemunho” | 2006

Da série “Série Cega” | 2007

A sua fotografia tem alguma definição do tipo: documental, contemporânea? Denominações ainda valem para a fotografia? Perguntei isso a Cia de Foto e a resposta foi: “Por afetividade, podemos te dizer que somos fotojornalistas. […] Para Cia, a fotografia de instantâneo não existe, ela é sempre mediada. O que fazemos como fotojornalistas é sempre uma representação. Um ensaio”.

Como a tendência hoje em dia e que as coisas estejam cada vez mais misturadas e hibridas essas definições podem ser redutoras. Acho que o Paisagem Submersa é um trabalho mais documental, sobretudo o livro, porque nas instalações outros elementos como som, projeção e eventualmente água, despem as imagens desse caráter mais informativo. Por outro lado, meus trabalhos mais recentes estão bem mais distantes desse ‘documental’, como o entendemos em fotografia, ainda que, em última instância, toda fotografia seja um documento.

Alguns dos seus ensaios, como Redemunho e Paisagem Submersa, foram feitos no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais). Qual a importância do “lugar” para a sua obra?

Além de Minas Gerais, o Redemunho (2006) foi feito também no sertão da Bahia, que considero uma extensão do Vale do Jequitinhonha. Já faz dois anos que não fotografo lá, mas sem duvida é um lugar que provoca em mim um sentimento controverso; estranhamento e reconhecimento ao mesmo tempo. Gosto do vazio e do clima de abandono que encontro lá além de um certo misticismo que foi muito importante na construção de Redemunho.

Como está a fotografia mineira? Você vê uma Fotografia Brasileira mais descentralizada de São Paulo?

Surgiu uma turma muito boa em Minas nos últimos anos. É uma fotografia jovem, que recebe muita influência das artes visuais tanto esteticamente como conceitualmente. Isso vem se intensificando. Acho que a produção de qualidade não esta mais em São Paulo, talvez nunca esteve, mas, o escoamento está. Ainda dependemos das publicações, dos espaços e dos curadores paulistas e isso não deve mudar num curto prazo.

O projeto Paisagem Submersa foi feito com mais dois fotógrafos: Pedro David e Pedro Motta. Qual a sua opinião sobre coletivos fotográficos? O crédito, a concepção estética. A sua experiência foi somente com este projeto?

No nosso caso, trabalhar coletivamente foi essencial em todos os aspectos. A produção, a edição, a finalização, as exposições, as palestras tudo ficou mais fácil. E um esquema que soma forças. Começamos o Paisagem em 2002 e não tínhamos muita prática. Trabalhando em três, um incentiva o outro pra não deixar a bola cair. Mas esse foi o nosso único trabalho juntos e não temos planos para outros. Acho muito importante a colaboração, é uma prática que enriquece. Tenho projetos com outros fotógrafos e artistas. Mas acredito também no trabalho solitário, é bom para a autoconfiança saber se virar sozinho, assumir os riscos sozinho.

A questão do crédito de cada foto depende muito do trabalho. No Context3, Miguel e eu não assinamos as fotos, no Paisagem cada um assina a sua. Mas na hora de realizar uma exposição ou um livro a concepção e a execução é extremamente coletiva. E, não raro, agregamos músicos, videoartistas, cenógrafos no bojo do caldo.

O ensaio Série Cega utiliza texto, auto-retrato. O que lhe atrai além da fotografia?

Série Cega (2007) é o meu quarto trabalho com texto. Fiz antes A Letra e o Grão (2003), que aliava fotografia e notas de viagem pelos vales do rio Araguaia e Jequitinhonha, depois realizei junto com o artista mexicano Miguel Rodriguez Sepúlveda o livro Context3 (2005) que misturava, juntos às imagens, relatórios de detetives que eram editados e recontextualizados. No ano passado fiz o vídeo Entre Rios (2007) também com textos e fotos e acabo de fazer um trabalho intitulado Objetos Essenciais (2008), que também envolve texto. O texto pode estabelecer um tipo de relação com as imagens que amplifica, desvia, dobra seu significado. Me interessa às vezes retrabalhar essa parte de imagem que existe na palavra e a parte de palavra que existe na imagem.

Muitas de suas imagens têm uma cromaticidade parecida. A cor azul, o tom forte, o contraste alto. Muitas pessoas não têm rosto, estão subexpostas, quase pretas ou em movimento. Fale um pouco desse processo estético.

Gosto de fotografar no final da tarde justamente quando as cores estão mais saturadas e a luz mais contrastada. Nessa hora o azul predomina. Não é uma escolha puramente estética, este e um momento de transição muito intenso onde quer que você esteja. Não importa se na Amazônia ou em Nova Iorque a passagem do dia para a noite e sempre um acontecimento eufórico, de êxtase e especialmente rápido. Sou afetado por isso e isso se reflete nas imagens.

Como você observa (e participa) a fotografia neste mercado de arte: acervo, galeria, venda?

Aqui em Belo Horizonte tem uma galeria, a Celma Albuquerque Galeria de Arte, que vende os meus trabalhos. Tenho uma relação muito boa com eles, vejo a galeria como parceira, aliada. É onde tenho conseguido trabalhar. A relação com a galeria e muito mais saudável para a criação do que com agências de publicidade, ou editorias de revistas e jornais.

Atualmente, o que lhe chama atenção na fotografia? Quais fotógrafos você destacaria?

Muito pouca coisa. Não tenho visto nada de instigante ultimamente. Desde o choque que foi conhecer a obra do Miguel Rio Branco, muitos anos atrás, nada ou pouca coisa me chamou a atenção no Brasil. Me parece que a fotografia brasileira ficou muito viciada em certos temas e tratamentos de temas e não conseguiu achar uma saída. Dos estrangeiros, gosto demais do Roger Ballen. Quando vi o Shadow Chamber, ultimo livro dele, foi um sopro de vida, vi que a fotografia pode encontrar um caminho por ali. O trabalho que ele faz de montagem da cena junto com os personagens, o uso do flash, do quadrado e do p&b… Acho aquilo humano e contemporâneo. No entanto, creio que a renovação na fotografia esta vindo das artes visuais, são os artistas que estão sabendo lidar melhor com outras possibilidades da linguagem fotográfica.

Para fechar, aquela curiosidade de fotógrafo: Qual o equipamento que você utiliza?

Nos últimos dois anos uso sempre uma Nikon D200 com uma lente 20 mm.

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