Ainda o WPP

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Foto: Anthony Suau /Time

O fotógrafo Masao Goto Filho me enviou um e-mail que acho super pertinente ser postado. É sobre a premiação do World Press Photo e questões mais profundas.

Para quem está pegando o bonde andando:

Premiação do World Press Photo 2009, aqui.

WPP no Olha, vê, aqui.

Entrevista de Anthony Suau na PDN, aqui. Leiam os comentários.

Alguns bons comentários no PicturaPixel, aqui.

Com a palavra, Masao Goto Filho:

Alexandre,

queria muito postar a nota sobre Anthony Suau no dia de sua premiação. Na entrevista que deu à PDN ele fala de assuntos que achei serem atuais. Principalmente sobre o mercado de trabalho. Como você viu, houve logo uma série de contestações sobre essa entrevista. Hoje o editor da revista, Daryl Lang, esclerece, com a ajuda de Gilberto Tadday, um dos pontos polêmicos: algumas imagens foram publicadas na Times, mas não o trabalho integral produzido por Suau.

Resta outro ponto, que envolve a reclamação de Suau sobre a falta de trabalho. Na verdade, uma questão mais ampla que envolve as mudanças do mercado de trabalho de fotografia no mundo.

Embora concorde que a foto não diz muita coisa (bem, a do ano passado tão pouco era extraordinária) fiquei impressionado mesmo com a violenta repercussão do blog. E não estou falando dos posts da PDN, porque é normal em blogs nos EUA o clima esquentar, ainda mais nos de fotografia.
Como sugeri o link, queria entrar de novo na discussão.

Numa curta troca de e-mails com Daryl Lang, o autor do artigo esclareceu:
“Every year PDN tries to interview the winner of the World Press Photo of the Year award and report their reaction to winning the award. Friday I interviewed Anthony Suau and wrote a story based on what he said. It’s a totally normal story” e esclarece que a única dúvida foi causada pela publicação ou não da matéria, o que o fez adicionar um comentário em seu artigo.

“At PDN, we take our journalistic reputation very seriously and correct errors when we make them”, e completou depois: “we’re not in the business of making stuff up or sensationalizing”.

Sobre os rudes comentários, Daryl respondeu: “We often get negative comments on stories, and I think them come from the same three or four people who have a grudge, or are trying to throw us off balance. Sometimes we delete them, but not usually. I suppose if all I got were happy comments, I would be doing something wrong”.

A confusão fez com que o próprio Anthony Suau escrevesse um post na PDN e justificasse seus comentários da entrevista: “In winning the World Press I felt strongly compelled to address this situation (sobre trabalho em fotografia). There are many issues today, in this country and around the world that need the attention of important photographers who are unable to find the funding to bring those voices to the forefront”.

Essa discussão durou um final de semana, no jardim do vizinho, que costuma sempre ser mais florido, numa realidade que sempre nos pareceu um paraíso. Agora vemos um renomado fotógrafo aproveitando uma oportunidade para levantar uma questão importante: a crise na indústria fotográfica já começou há tempos.

No nosso jardim isso é impossível porque sequer existe alguém que questione o sistema, e acho que nem um mercado para ser discutido.
Podemos realmente esperar o desenrolar dessa história e ressaltar o belo trabalho de três brasileiros batalhadores (André Vieira é espetacular). Mas, observando a cena atual já não vejo muito a imprensa que doura a pílula, mas críticos que prejulgaram o editor da PDN e Anthony Suau com gosto de sangue entre os dentes.

Deveríamos aproveitar essa energia e sermos mais ativos no nosso mercado; esse, realmente, um jardim sem jardineiros.
Um grande abraço.

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