Olhavê no Paraty em Foco #3

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A cidade começa a respirar mais e mais fotografia, fotógrafos e amantes da fotografia chegam à cidade. Depois de uma breve caminhada, algumas guloseimas e cafés, resolvo tropeçar em mais algumas pedras e volto à Casa da Cultura, onde acontece mais uma mesa de discussão.

Presente dos bons, Ignácio Aronovich e Louise Chin aparecem para falar sobre produção independente, estilo de vida e boa fotografia. Conheço Inácio desde o início dos anos 90. Sempre o admirei, rapaz de uma criatividade impar e de caráter exemplar.

Sua companheira, Louise, claro não fica atrás, dona de um olhar singular, de um bom gosto contagioso. Ambos se soltaram na vida e utilizam a fotografia para contar histórias.

Hoje todo mundo fala dos “coletivos”… moda, tendência, marketing, ou de verdade uma forma de expressão mais ampla, menos egoísta?!

A discussão no momento não é essa, pra mim a dupla entendeu e “inaugurou” o processo de criação coletiva, sabem muito bem o momento de usar as assinaturas pessoais, e o momento de colocar a soma dos olhares e dos pensamentos com a assinatura, Lost Art.

O presente do dia quente e nublado da aconchegante Paraty, tem sido a delicadeza, elegância e simplicidade com que grandes nomes da fotografia brasileira falam dos seus trabalhos. Ignácio e Louise transportam o dia-a-dia conturbado de trabalho em “causos” simples e agradáveis de se ouvir. Lembram a todo instante, que a rotina não é feita apenas de grandes viagens, bons patrocínios. Segundo Ignácio, ser fotografo profissional hoje é ser um sobrevivente.

No entanto, falou uma coisa muito interessante e lúcida. Contou que recusam trabalhos, para terem tempo livres, e tocarem seus projetos pessoais. Que a elasticidade nos seus orçamentos jamais ultrapassa a ética, e que o trabalho tem que recompensar de alguma maneira, seja ela econômica ou pessoal.

Em muitos momentos eles falaram em trocas de olhares, pois para quem não sabe, eles são um casal, não apenas parceiros profissionais, mas de tudo, o mais gostoso é poder ver no trabalho deles não apenas a troca de olhares, mas a atenção no olhar para a vida.

Segundo Ignácio, ouviu de um amigo, que os dois tem “o dobro da alegria e metade da tristeza”.

Diria com tranquilidade que ambos tem a arte de não se fazerem notar, misturado ao cuidado sutil em se deixarem distinguir.

Depois deste bate-papo, vou tropeçar em mais algumas pedras e começar a visitar algumas exposições.

Toni Pires de Paraty.

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