Olhavê no Party em Foco 2009

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Este post está atrasado, porém… está preciso. Domingão foi o dia do encerramento, jantar, balada. Segunda, volta para São Paulo, estrada, cansaço. Hoje, Toni Pires, o colaborador/correspondente do Olhavê no 5º Paraty em Foco, finaliza as sua impressões sobre o festival.

Foto: Alexandre Belém

Rubens Fernandes Júnior entrevista a Cia de Foto e Pandora

Na tarde ensolarada e quente do final de domingo em Paraty, dois grandes coletivos sobem ao palco da Casa da Cultura para a última mesa de entrevistas. Quem comanda a apresentação é o grande mestre Rubens Fernandes Júnior (sugiro a leitura do texto de apresentação lido por ele).

Os coletivos Cia de Foto e coletivo Pandora (Espanha) mostram seus belos trabalhos e começam a falar dos conceitos e das bases para a formação e manutenção de seus coletivos. Imagens belas e trabalhos muito consistentes dos dois coletivos.

Uma diferença básica na maneira como os grupos atuam no mercado. O Coletivo Pandora instiga seus integrantes a executarem trabalhos autorais, assinam suas fotos com os nomes dos autores. A Cia de Foto, como já é de conhecimento de todos, opta por assinar como Cia de Foto e não usa o nome dos autores.

Pois bem, isso deveria ser apenas um detalhe, as discussões e as perguntas do público, a meu ver, deveriam aproveitar tantos talentos reunidos, jovens munidos de uma garra profissional, detentores de grande conhecimento técnico. Porém, eles se viram pressionados a responder sobre conceitos, novamente a meu ver, anacrônicos, antigos, deveras fulgas.

A maioria das perguntas foi direcionada aos integrantes da Cia, nada contra, mas dividir o interesse e aproveitar a rara oportunidade, promovida pela organização do festival, em debater fotografia com “outras partes do mundo” acho que seria mais interessante, para não dizer que beirou a má educação, deixar de lado profissionais competentes que se dispuseram a atravessar o oceano para debate e dividir seus trabalhos.

Indo direto ao ponto!!!! Por que tantos se preocupam com que nome alguém ou um grupo assina uma foto? Que diferença faz se compramos uma foto do Huguinho, do Zezinho ou do Luizinho. O que devemos querer saber é a origem e a ética de quem assina. Pois bem… Ninguém duvida da credibilidade dos trabalhos da Cia. São profissionais sérios, competentes e comprometidos com a boa fotografia e o bom jornalismo.

Perdeu-se tempo questionando os rapazes sobre direito autoral moral e patrimonial, quem deveria ir responder na justiça caso houvesse um problema, o que seria do futuro do grupo.

Alguém algum dia foi perder tempo em entrevistar aos Titãs (banda de rock nacional) o que seria do futuro deles, porque eram oito… Se durariam para sempre… Alguém questiona uma música escrita por cinco nomes? Façam-me o favor. Vamos aproveitar melhor nosso tempo e aplaudir iniciativas profissionais, pautadas pela competência e sucesso. Poderíamos ter usado o tempo para entender melhor o processo de criação de um coletivo, como dividem funções, como se agrupam, em que “fonte bebem” para alimentar a criação.

De minha parte, parabéns ao Coletivo Pandora, pelo seu trabalho, parabéns ao coletivo Cia de Foto que além de galgar status no competitivo e estreito mercado fotográfico, juntou talentos, elegeu prioridades e desbrava novos caminhos.

O maior problema em qualquer aspecto da vida é o preconceito, e resistência ao novo.

 

Foto: Hellô Mello

Plateia assistindo as entrevistas do lado externo do auditório 

Na noite de domingo estava estampado nos rostos que circulavam pela linda noite de Paraty o prazer e felicidade de ter participado de um festival muito bem organizado, com a presença de grandes nomes da fotografia nacional e estrangeira.

Em um pequeno bar ao pé da igreja, uma tímida, porém animada, festa acontecia, com a presença de fotógrafos e organizadores do evento. As baterias já começam a descarregar, a festa acabou por volta das 2h30 da manhã. Mas uma certeza… Foi um ótimo festival. Problemas, claro que existiram, mas não merecem destaques, a qualidade e organização estavam acima de detalhes triviais. Parabéns a Iatã Cannabrava, Giancarlo Mecarelli e toda a equipe.

Marlene Bergamo, grande referência no fotojornalismo nacional (por sinal sugiro ver sua última reportagem visual publicada em grande jornal paulistano no último domingo) chegou somente no sábado em Paraty. Entre tantos interesses no festival, Marlene queria dar um abraço no amigo Francesco Zizola, ambos se conheceram quando o romano Zizola esteve no Brasil fotografando para seu projeto “Etats d’enfances”, passou um pequeno período no jornal Notícias Populares, onde Marlene já marcava território com seu olhar inovador e questionador. Bom fotojornalista, ele que é de fora, já sabia onde levar sua amiga para jantar, uma pequena cantina italiana, onde segundo ele, tinha uma deliciosa cozinha siciliana. Para completar a força da mesa, a crítica de fotografia, Simonetta Persichetti, também estava presente. Presente para os demais apreciadores da comida italiana, que vez ou outra puderam ouvir histórias de grandes nomes da fotografia. E não é que tem gente que sabe aproveitar a situação… Claro que a mesa foi ficando grande com mais amigos chegando, e quando se deram conta, estava batendo papo com um simpático casal de fotógrafos amadores, que foram se achegando devagar e logo se instalaram junto à mesa. Poderiam pensar em se profissionalizar.

E por falar em Zizola, o mestre italiano foi unanimidade entre seu grupo de “treinamento”. Eu estava sentado à mesa de um bar próximo a tenda da Matriz, quando um grupo de jovens fotógrafos de diversas partes do país chegou exausto, porém, extremamente felizes.

Angélica, uma jovem fotógrafa de Santa Maria, Rio Grande do Sul, estava muito feliz com tudo de aprendeu durante seu Workshop, no entanto reclamou: “12 horas direto em cima de fotografia não é fácil”. Ao meu lado, o veterano fotojornalista e amigo Lula Marques, não se conteve e deu mais uma pequena aula sobre fotojornalismo, contando histórias de pautas que levam os profissionais a exaustão. Mais uma lição já no final do dia.

Outro workshop muito bem comentado nas ruas da cidade foi o do coletivo Garapa. Claro… Pedro Martinelli também encantou seus “alunos” além da extrema competência, sua simpatia e sua sinceridade, cativou todos os participantes.

O negociante

Ao pé da ponte para pedestres, que interliga o centro histórico ao novo bairro onde muitas das pousadas estão localizadas. Encontrei um bom comerciante. Fornalha, foi o nome que ele me forneceu depois de muita insistência, inicialmente quando perguntei por sua graça, foi categórico e firme ao dizer: “me chamo tele cerveja”. Uma nova tentativa e nova na pergunta e repetição para a resposta.

Resumindo, não me contive e voltei no dia seguinte para saber um pouco mais do jovem senhor. Pouco quis revelar, achei melhor respeitar e retornar com poucas informações. Só soube que desempregado há muito tempo, vive de bicos e tenta se destacar pela performance que executa. Sustenta mulher e, como ele mesmo diz, “alguns filhos”.

Ah… Ia esquecendo… Ele é um bom comerciante e eu um péssimo cronista… rsrs Ele passa mais de 7 horas por noite, com dois aparelhos de telefone sobre seu isopor com gelo, em conversas imaginárias, sobre negociações de compra e venda de seus produtos. Água e cerveja… Se alguém estiver com sede, ligue para o Fornalha… Ele não entrega… Operadoras de telefone, além de atrasarem entregas em mensagem SMS, ainda não ligaram seus telefones…

Toni Pires de Paraty.

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