Pedro Martinelli

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Foto: Pedro Martinelli

“Quando eu digo que o ponto de vista humano é sempre o ponto de vista de referência quero dizer que todo animal, toda espécie, todo sujeito que estiver ocupando o ponto de vista de referência se verá a si mesmo como humano – inclusive nós”.

Eduardo Viveiros de Castro, 1999.

“Minha questão é: qual é o ponto de vista dos índios sobre o ponto de vista? Não se trata de perguntar qual é o ponto de vista dos índios sobre o mundo, porque essa pergunta já contém sua própria resposta. Ela supõe que o ponto de vista é uma coisa, o mundo outra, que é exterior ao ponto de vista”.

Eduardo Viveiros de Castro, 2004.

A alteridade que pressupõe o olhar antropológico encontra no registro fotográfico da imagem indígena a sua mais ampla relação entre sujeito e sujeito. O objeto, frequentemente relacionado ao procedimento da captura da imagem, distancia-se do olhar que se compartilha.

Em 1973, no Rio Peixoto de Azevedo (afluente do Xingu), com apenas 20 anos, o fotógrafo Pedro Martinelli realizou uma das mais significativas e belas fotografias de nossos documentos imagéticos. Trata-se da primeira aparição de um índio Kranhacãrore, após três anos em busca desse encontro. Martinelli acompanhou o trabalho-missão dos irmãos indigenistas Cláudio e Orlando Vilas Bôas. O que se buscava – e esta, era a questão que movia aquela operação – era o que se falava (ou projetava-se no ar) da existência de “índios gigantes”.

Um dos mais importantes antropólogos brasileiros, Eduardo Viveiros de Castro, nos ajuda na compreensão do fio invisível de consentimento humano que existe entre os dois olhares intermediados pela câmera. Assim, como fez Manrtinelli e o índio Kranhacãrore.

Por Georgia Quintas.

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