Man Ray

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Man Ray, Auto-retrato (1930)

“(…) Cheguei a fazer fotografias sem pôr lentes na câmera. Uma vez tinha que fotografar a um pintor e cheguei com minha câmera de estúdio, meu tripé e o resto. Comecei a dispor a cena, porém havia esquecido a objetiva. Eu conhecia seu tamanho porque havia receitado meus próprios óculos e sabia muito de ótica. Sabia que minhas lentes tinham distância focal de 30cm, porém desde então compreendi que conseguiria uma imagem confusa. Tinha um rolo de fita adesiva, coloquei meus óculos na abertura da câmera e deixei cair o pano preto, no qual fiz um pequeno orifício como diafragma. Levantei o pano e o deixei cair, e assim obtive o retrato de Matisse, uma fotografia linda, com todos os detalhes visíveis”.

Man Ray, 1974

O fotógrafo Man Ray (1890–1976) norteou sua criação artística a partir de posturas de desconstrução, fosse a respeito da técnica fotográfica ou da plena consciência em acreditar na autonomia dos suportes. Para ele, dominar a fotografia era uma tarefa de encontro com o improvável (seja em sua narrativa ou estética). Dominava a técnica para extrair a liberdade de expressão que necessitava em seus trabalhos. De forma ambígua, declarava: “Eu faço fotografias de natureza, fotografo fantasia”. Para Man Ray, improvisar uma lente era um ato natural. A fotografia nunca o impediu de intuir, de se entregar a mundos poéticos e imbricá-los a uma negociação individual, na qual sua habilidade técnica causa surpresa até hoje.

Por Georgia Quintas.

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