Eder Chiodetto: Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira

Comentários 2

No próximo dia 16 de abril, o SESC Belenzinho (São Paulo) abrirá uma grande exposição de fotografia. Grande fisicamente e grande em abarcar um recorte histórico de uma década. É a exposição Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira com curadoria de Eder Chiodetto.

Serão cerca de 170 obras, de 52 artistas, realizadas entre 2001 e 2010. Segundo o release do SESC,  “a mostra reúne um grande e inédito mapeamento da fotografia contemporânea brasileira ligada às artes visuais e ao documentarismo”.

O Olhavê bateu um papo-rápido com Eder sobre tudo isso.

SERVIÇO:

Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira

Abertura na Virada Cultural: a partir das 16h do dia 16/4 até as 22h do dia 17/4

Exibição de 16/04 a 12/06/2011 – terça a sexta, das 9h às 22h; sábados, das 9h às 21h; domingos, das 9h às 20h

Galpão Multiuso e Área de Exposições

SESC BELENZINHO – Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP) – Telefone: (11) 2076-9700

Foto: Rodrigo Torres – Fotopografia/Pão de Açúcar, 2010

OLHAVÊ – O que é a Geração 00 da Fotografia Brasileira?

EDER CHIODETTO – “Geração 00” é uma espécie de mapeamento das linhas de força da fotografia brasileira experimental e documental que surgiram e/ou ganharam musculatura na primeira década deste século, entre 2001 e 2010. É a primeira geração que produz a partir de vários preceitos novos: da (r)evolução tecnológica ocorrida nos últimos anos, a massificação das câmeras digitais, a solidificação da internet banda larga que acelera a circulação das informações e sobretudo das imagens, a incorporação da fotografia no processo criativo de vários artistas não fotógrafos que finda por expandir o território das imagens técnicas, o impacto sem precedentes que a fotografia documental sofre em virtude do estreitamento agora mais claro entre realidade e ficção, entre outros aspectos.

OLHAVÊ – O que lhe estimulou a pensar e fazer esta grande exposição?

EDER CHIODETTO – O fato de perceber que de fato nesta última década temos novas plataformas para pensar a fotografia e sua função social, artística, utilitária, etc. Não se trata de uma efeméride apenas, mas de um contexto histórico diferenciado em relação as últimas décadas. Este período marca também a minha atuação como crítico de fotografia na Folha e o começo e consolidação da minha atuação como curador.

Por conta disso tive contato com muitos fotógrafos, pesquisei muito pelo Brasil, tive a oportunidade de ver e perceber um crescimento vertiginoso na qualidade da produção da nossa fotografia com ótimas respostas do mercado, circuito de arte, editoras, etc. Logo, este projeto é também uma devolução resumida de tudo que vi, dos trabalhos que me impactaram, de artistas que eu trabalhei em diversos projetos. É uma curadoria que tem um viés científico e outro afetivo.

OLHAVÊ – Como foi pensado os núcleos temáticos?

EDER CHIODETTO – Na verdade, desta vez eu imaginava fazer a mostra sem núcleos temáticos, que é algo que já virou uma marca das minhas curadorias, como em “Olhar e Fingir: Fotografias da Coleção M+M Auer” entre outras. Eu pensava em fazer um núcleo único, misturando fotografia experimental/artística com documental e novo fotojornalismo por entender, justamente, que um dos méritos dessa geração foi diminuir a distância entre esses canais, historicamente sempre tão estanques.

Por questões espaciais esses núcleos permaneceram separados, embora haja bastante porosidade entre ambos. Contribuiu para isso também a minha necessidade sempre presente de comunicar com o grande público, ser didático, o que no Sesc Belenzinho será uma experiência sem precedentes.

OLHAVÊ – Pela sua pesquisa para a Geração 00 o que veremos – ou, o que você espera – na Geração 01 da fotografia nacional?

EDER CHIODETTO – Espero ver na Geração 01 aquilo que eu não consigo imaginar hoje…  Só que espero estar vivo e atuante até lá para poder ver onde isso tudo que estamos vivendo hoje vai dar. Um dos meus maiores prazeres com Geração 00 é poder rever esses trabalhos daqui há 10, 20, 30 anos e perceber se de fato essa geração plantou um terreno fértil, como esses trabalhos poderão no futuro ser referência para pesquisas e novos desdobramentos, o que acontecerá com esses jovens artistas com a soma do tempo e uma maior maturidade.

Geração 00 é uma garrafa com poética e códigos próprios que estamos lançando no mar para que futuras gerações nos descubram e recodifiquem.

Foto: Wagner Oliveira – Cinza Avenida, 2010

Foto: Caio Reisewitz – Butantã, 2003 – Acervo Banco Itaú

Comentários 2

Deixe um comentário