Cassiano Elek Machado

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A edição brasileira da coleção Photo Poche será lançada pela editora Cosac Naify no próximo dia 18 na PARTE – Feira de Arte Contemporânea. Os cinco primeiros números são de Man Ray, Helmut Newton, Henri Cartier-Bresson, Sebastião Salgado e Elliott Erwitt.

O Olhavê bateu um papo rápido com Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Cosac.

OLHAVÊ – Como surgiu este projeto/ideia de ter uma edição brasileira da coleção Photo Poche?

CASSIANO ELEK MACHADO – A fotografia faz parte do DNA da Cosac Naify. Entre os primeiros livros lançados por Charles Cosac estavam, por exemplo, dois fotolivros marcantes: “Silent Book”, de Miguel Rio Branco, e “Antropologia da Face Gloriosa”, de Arthur Omar. Desde então, a Cosac Naify publicou algumas dezenas de livros de fotografia, mesclando trabalhos de artistas brasileiros mais contemporâneos, obras de referência e volumes de clássicos modernos, como Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau. A Photo Poche é uma coleção que encaixa muito bem em nosso catálogo. Seus livros são a um só tempo obras de referência, documentam o melhor da fotografia moderna e contemporânea e ajudam a ampliar o público desse gênero. Isso ficou muito claro para nós há alguns anos, e depois levamos um bom tempo negociando com a editora francesa que detém o direito da série. Felizmente tudo andou bem e agora a melhor coleção de livros introdutórios de fotografia do mundo chega ao Brasil.

OLHAVÊ – A escolha dos cinco primeiros autores foi feita pela Actes Sud ou foi em parceria com a Cosac?

CASSIANO ELEK MACHADO – A escolha foi da Cosac Naify.

OLHAVÊ – Os cinco são os clássicos dos “Clássicos”. Não houve interesse em algum autor mais contemporâneo?

CASSIANO ELEK MACHADO – O caráter central da coleção Photo Poche é documentar e difundir o que já foi feito de melhor na fotografia. Embora muitos fotógrafos mais contemporâneos hoje estejam integrados à coleção no exterior esta não é a principal marca da série nem na França, onde começou, nem nos sete países onde ela é hoje publicada, por algumas das melhores editoras de livros de arte do mundo, como Thames and Hudson (língua inglesa), Contrasto (Itália), Lunwerg (Espanha), Sogensha (Japão) e assim por diante.

Achamos que seria importante, para implementar a coleção no Brasil, iniciá-la com clássicos, ainda que alguns deles sejam bem recentes, caso de Helmut Newton, ou ainda em atividade, como Salgado e Erwitt. Mais adiante esperamos publicar também fotógrafos mais contemporâneos.

OLHAVÊ – O Delpire, em algum momento, participou deste projeto?

CASSIANO ELEK MACHADO – O Robert Delpire ainda é o diretor geral da coleção, e a entrada da Cosac Naify no grupo de editoras que publica o Photo Poche foi aprovada por ele. Mas ele não está mais na ponta de lança das negociações. O diretor-adjunto da coleção, Benoît Rivero, que trabalha com Delpire há mais de 20 anos, é quem negociou conosco.

OLHAVÊ – Recentemente, o fotógrafo Tiago Santana teve sua obra publicada na coleção. Teremos ele em breve? Qual a previsão de uma nova safra de livros?

CASSIANO ELEK MACHADO – Gostamos muito do trabalho do Tiago e naturalmente consideramos a possibilidade de publicar seu livro no Brasil. Mas o trabalho dele faz parte de uma segunda série do Photo Poche, que é a de livros temáticos (o livro dele se chama “Sertão”), e antes precisamos publicar mais alguns títulos da série monográfica, para estabelecer bem a coleção no país.

>> Confira a entrevista com Tiago Santana sobre o seu Photo Poche publicada em maio de 2011.

OLHAVÊ – A coleção Fotoportátil deixou um ar de “quero mais”, trazendo uma mescla de nomes interessantes como Antonio Saggese, Cris Bierrenbach, Eustáquio Neves e a obra extraordinária de Raul Garcez. Com o ânimo da Photo Poche, a Fotoportátil pode voltar um dia?

CASSIANO ELEK MACHADO – Gostamos muito da coleção Fotoportátil, e não é descartada a ideia de voltarmos a fazê-la. Teríamos de fazer alguns ajustes, mas eventualmente ela pode reaparecer.

OLHAVÊ – A Cosac vem se consolidando cada vez mais na publicação de obras de qualidade na área fotográfica e o catálogo de livros de fotógrafos nacionais é notável. Para a memória da fotografia nacional é fundamental. Por este caminho, a republicação de obras esgotadas seria extraordinária. Posso citar os livros de George Love e a obra-prima de Boris Kossoy, Viagem pelo Fantástico, que completa 40 anos da sua edição orginal. Pelo que tem feito, a Cosac não se atreveria a encarar estes projetos?

CASSIANO ELEK MACHADO – A editora tem alguns projetos na área de resgate da memória fotográfica no Brasil, na linha do que você sugere. Ainda neste ano teremos um lançamento importante. É um projeto internacional chamado “Fotolivros latino-americanos”, que trata dos livros de fotografia mais relevantes produzidos no continente nos últimos 80 anos. É fruto do trabalho de editores, curadores e fotógrafos do Brasil, Argentina, México, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra, e será lançado simultaneamente por editoras fortes em diferentes países, como Aperture (EUA), RM (Espanha e México), Images en Manoeuvres (França) e Cosac Naify no Brasil.

Tanto George Love quanto Boris Kossoy, com o incrível “Viagem pelo fantástico”, fazem parte do livro. Temos outros projetos na linha do que levantaste, mas que ainda não podem ser divulgados.

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