Cristiano Mascaro

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Foto: René Burri/Magnum – Rio de Janeiro (1960)

Tenho de confessar: nesta questão, sou um invejoso de marca maior. E se ela existe, é uma inveja “do bem”, algo que deve ser confundido com a mais positiva das admirações. Vira e mexe, me vejo diante de trabalhos belíssimos que eu gostaria muito de ter feito e fico pensando “Nossa! Mas como é que eu não tive também esta ideia?”.

Um bom exemplo é o livro “Belvedere” que acabo de ganhar do Bob Wolfenson com fotografias incríveis de interiores de velhos hotéis. Outro, é o trabalho do Cássio Vasconcelos, “Noturnos”, também publicado em livro e assim por diante. Tenho uma lista interminável de muitas “invejas”.

Mas a primeira vez, e por esta razão, inesquecível, que me vi diante de um trabalho que me despertou a tal inveja/admiração, aconteceu quando deecobri uma foto do suíço René Burri feita entre os pilotis do prédio do antigo M.E.C., hoje Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.

Tenho por este edifício uma atração irresistível e podemos dizer, sem nenhum exagero, que é um dos marcos fundamentais da arquitetura modernista em todo o mundo. Suspenso sobre enormes pilares, oferece um espaço mágico para que os pedestres possam caminhar por ali e até pararem para conversar e observar a beleza das moças ao redor.

E foi isto que René Burri fez ao flagrar o comportamento daquelas pessoas entre as sombras dos pilotis e os reflexos de luz projetados sobre o chão. Resultado de sua aguda percepção do que está prestes a acontecer, o que vem a ser um dos princípios fundamentais da fotografia. Cofesso que morri de inveja.

Cristiano Mascaro.

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