Rodrigo Braga

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[ QUEM ] Rodrigo Braga.

[ ONDE ] Nascido em Manaus em 1976, vive e trabalha em Recife (PE).

[ PORQUE ] Um dos mais respeitados artistas contemporâneos da atualidade. Jovem, se destacou e consolidou-se como fotógrafo de “si próprio“. Auto-retrato, auto-representação? Apenas fotografia. Arte. Em 2004 ganhou a bolsa do 45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco e realizou a série Fantasia de compensação. Rodrigo se transformou em um Rottweiler. O Rottweiler “virou” Rodrigo. A sua fotografia é assim: dual.

Foto: Alexandre Belém

Abaixo, o currículo de Rodrigo Braga, algumas imagens e a entrevista.

Vive e trabalha em Recife, onde se graduou em Artes Plásticas pela UFPE em 2002. Em 1999 recebe prêmio aquisição no Salão Pernambuco de Artes Plásticas/Novos Talentos (MAC, Olinda) e em 2004 foi contemplado com o prêmio/bolsa do 45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, realizando a série Fantasia de compensação. Entre 2005 e 2007 foi Gerente de Artes Visuais da Prefeitura do Recife, onde coordenou o SPA das Artes Recife. Atualmente vem ministrando workshop sobre fotografia no Brasil e no exterior.

Das exposições individuais destacam-se: Casa da Ribeira (Natal, 2008), Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj (Recife, 2007); Museu da UFPA (Belém, 2007); Itaú Cultural (São Paulo, 2006); Galeria Marcantonio Vilaça, Instituto Cultural Banco Real (Recife, 2006); Galeria Clairefontaine (Luxemburgo, 2005); Galeria Susini (França, 2005). Principais coletivas: Rumos Itaú Cultural de Artes Visuais (São Paulo, Rio de Janeiro e Belém, 2006); Vizinhos: networked art in Brazil (Áustria, 2006); O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, Itaú Cultural (São Paulo, 2005); Photomeetings Luxemburg (Luxemburgo, 2005); Projéteis de Arte Contemporânea, Funarte (Rio de Janeiro, 2005); Projeto Prima Obra, Galeria Fayga Ostrower – Funarte (Brasília, 2004); Arte Pará (Belém, 2002 e 2006). Participou de feiras internacionais de arte, como: ARCO’06 e ARCO’08, (Espanha, 2006, 2008); Paris Photo, (França, 2005); Art Cologne (Alemanha, 2005); D-Foto (Espanha, 2005).

Site: http://www.rodrigobraga.com.br/

fantasia_de_compensacao

 Fantasia de Compensação | Manipulação em imagem digital | 2004

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Comunhão | Fotografia | 2006

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Da Alegoria Perecível VIII | Fotografia | 2005

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Hiato | Fotografia | 2007

No começo você utilizou materiais como crayon, aço e madeira. A fotografia veio como amadurecimento ou mais uma ferramenta? Como artista você pensa em utilizar outras técnicas?

Certamente mais uma ferramenta que posso lançar mão. Contudo, hoje, essa linguagem ocupa o maior espaço em meus interesses expressivos. Nunca havia pensado em “migrar” quase que exclusivamente para uma pesquisa em fotografia como vem acontecendo nos últimos cinco anos. Acontece que, o quanto mais me aprofundo nessa linguagem, mais percebo o quanto ela se adequa à minha poética artística hoje. A sedução e potência da imagem fotográfica me permite ir além da representação. Por mais que minha prática envolva ressignificações de elementos simbólicos para a criação de imagens deslocadas do universo cotidiano palpável, o que evidencio no “produto final” (a fotografia) é a “coisa em si”, ou seja: a luz refletidas dos objetos que atravessou a lente e se perpetuou através do dispositivo fotográfico.

Apesar de, para mim, não restar dúvida de que o que venho fazendo é fotografia, a minha forma de trabalhar tem referências mais ampliadas dentro do campo das artes. Às vezes mesclo fotografia com performance, outras busco composições como um pintor; também posso manipular digitalmente o índice fotográfico, como faria um ilusionista, ou ainda apresentar fotos em longas seqüências, como quem edita um vídeo, ou ainda associá-las a objetos, como um escultor. Dessa maneira confesso que trabalhar com fotografia é um prazer – dadas às enormes possibilidades criativas – sem ter que me prender a uma única técnica ou procedimento formal.

Muitas pessoas já utilizaram os adjetivos “radical” e “chocante” para analisarem a sua obra. O que você espera que as pessoas sintam com suas imagens?

Não espero mais nada! Já esperei muito. (risos)

O que quero dizer é que, definitivamente, não objetivo o público. Não balizo o que faço por quem vê, tampouco me impressiono ou supervalorizo o público, sejam leigos ou especialistas. Adoro o contato com as pessoas e discutir obras de arte é uma das minhas mais prazerosas práticas. Mas o processo criativo é outra coisa. Procuro manter distanciamento de opiniões externas, até porque meu processo é muito pessoal, voltado para questões que quase sempre são psicológicas e sensoriais relativas ao estar no mundo. Outro motivo é que meu trabalho desperta reações estremas em sentidos opostos, do tipo “amor OU ódio”. Assim não suportaria dar muito crédito ao que ouço, isso poderia desviar o foco dos meus interesses mais sutis.

Contudo não sou ingênuo e sei do potencial que minhas fotografias têm de gerar “polêmicas”. Mas nem vou insistir em algo simplesmente para gerar mídia, como também não vou me intimidar por estar sendo duramente criticado. Tento satisfazer primeiramente a mim mesmo.

Primeiro “imagem” ou “idéia”?

No meu processo, posso afirmar que elas vêm conjugadas, embora a imagem tenha maior relevância no início do percurso criativo. Normalmente o que acontece é que, por estar todo o tempo em certo estado de “vigília criativa” (onde a qualquer momento algo pode virar um trabalho), a emoção se confunde com a decisão. Geralmente primeiro executo seguindo motivações mais intuitivas, depois vou “lendo” aquela imagem e percebendo as conexões já existentes nela, assim se constrói o discurso dentro de uma linha poética natural e fluida.

Sua poética vem através do estranhamento?

O mundo já é demasiadamente estranho, é só pôr a lente no que está diante dos nossos olhos. Onde tudo é possível o que mais parece estar fora do lugar? Será que só a arte que se faz hoje é estranha…?

Rottweiler ou bode? 

Prefiro gente!

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