Mostre o seu Raw

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Aqui, com este post, encerro a série Mostre o seu Raw. Esta segunda parte foi para o leitor do blog participar (leia aqui) e a parceria com a Cia de Foto surgiu naturalmente durante algumas conversas sobre Raw e Web 2.0. Enfatizo que não é concurso nem vitrine de melhor imagem ou tratamento. Agradeço aos fotógrafos que enviaram o material e confiaram os seus arquivos para mim e os meninos da Cia. Obrigado!

Agradeço, especialmente, a Carol e Pio que viabilizaram tudo isso.

No final das contas, foram 4 escolhidos. A Cia fez um pequeno comentário para cada caso e faz uma pequena apresentação abaixo.

Obrigado,

Alexandre Belém.

Oi Belém,

Super legal a oportunidade de receber trabalhos e sugerir impressões.

Adoramos, principalmente porque, em nosso ambiente, isso é uma pesquisa contínua. Temos duas pessoas dedicadas exclusivamente a esse campo de interpretação, Carol e Vinícius, que é seu assistente. Além dos dois, os três fotógrafos gastam bons tempos debruçados e percebendo até onde vai esse campo.

Ou seja, nenhuma função aqui na Cia, passa por cinco pessoas exceto esse processo que normalmente chamamos de pós-produção. Na verdade, consideramos esse termos “pós” mau colocado, já que também é parte da processo assim como o clique e a edição. Esse campo de interpretação de um arquivo fotográfico vai muito longe. É uma especialização maravilhosa e promissora do ponto de vista conceitual e financeiro.

O mundo ainda está aprendendo a lidar com isso. Na fotografia e até hoje, laboratorista sempre foi uma peça subordinada ao trabalho do fotógrafo. Uma função sempre vista como técnica, apenas. Porém, depois que se conhece Millard Schisler, por um exemplo, é de se desconfiar dessa pretensão que os fotógrafos têm com essa parte do processo. A gente acha que sabe até conhecer quem sabe mais. E quem sabe mais geralmente se coloca mais humilde que a gente, pois saber mais significa também um estágio de aprendizado.

No mercado publicitário temos vários nomes bem remunerados financeiramente. Fujoka além de ser uma cara super gente boa, dá empregos e vive trabalhando. O mercado pára para fotógrafo, mas não para Fujoka, e nem para a turma do Boreal.

Há também o campo acadêmico. A velha e conturbada relação foto e pintura, entre mil outros temas.

O mais interessante de sua coluna Belém, é estimular a abertura desse processo. Esse é um campo para se compartilhar, se incentivar, convidar gerações a se especializarem. Trata-se de um braço a mais nesse corpão que tem nossa querida fotografia.

Cia de Foto.

Emiliano Dantas, Recife

Raw

Jpeg – versão do fotógrafo

Jpeg – versão da Cia de Foto

Análise da Cia de Foto:

Essa foto nos deixou felizes pois acompanhamos Emiliano desde a Semana de Fotografia do Recife. Isso faz menos de um ano. E é legal perceber o quanto ele está correndo atrás.

Muita coisa boa de ver em seu blog. Como o caso de ensaio do Mercado de São José. Além do exercício que ele faz de capitulação, de entrar em temas definidos e propor uma história com poucas fotos. E aí no blog dele tem vários exemplos de histórias assim: uma oficina, uma velhinha, uma história com comidas, etc.

O que podemos acrescentar, que fica aqui como uma sugestão, é que a mão ainda tá um tanto pesada. Tem um excesso aí, uma sobra, uma gordura redundante de ferramentas e possibilidades que temos em tratamento de foto.

Essa imagem enviada por ele, por exemplo, o clique é bom, um belo momento: O cidadão está onde deveria, no cheiro de um cangote; e a moça, na beleza assumida das estrias que lhe escapa.

Já vale a foto. Reveríamos o peso da mão. As pinceladas demais que foram dadas para construir essa história.

No mais, parabéns pela pesquisa.

Fred Casagrande, Monguagá (SP)

Raw

Jpeg – versão do fotógrafo

Jpeg – versão da Cia de Foto

Análise da Cia de Foto:

Aqui na Cia, somos da escola dos que respeitam o quadro do equipamento. Geralmente usamos uma lente 35 mm em um formato dado pelas câmeras Canon 5D.

O corte em uma imagem é uma coisa que evitamos e desgostamos. Assim como o formato vertical. É super difícil para gente fotografar em vertical.

Porém isso não deve ser entendido como uma regra. Essas coisas, essas manias que temos são mais coeficientes para se fechar uma idéia do que uma doutrina. É como se fosse mais fácil conceber respeitando esses limites que o equipamento nos dá. Como esse limite é bem mais amplo do que precisamos, costuma ser confortável respeitá-lo. É como um chão, um parâmetro real nesse campo onde tudo pode.

Mas já que Fred Casagrande cortou, por que não pensarmos nessa foto com corte? É legal pensarmos no exercício de percepção de uma imagem, no que e como se viaja por ela. Uma coisa boa é perceber que quando cortou a foto, Fred sai do papel de quem clicou e passa a ter um papel de editor. Isso é bacana para ilustrar o processo criativo de uma foto. Para gente pensar nessa distância, nesse intervalo entre o clique e a edição. Essa imensidão que há entre esses dois momentos.

Adelaide Ivánova, São Paulo

Raw

Jpeg – versão da fotógrafa

Jpeg – versão da Cia de Foto

Análise da Cia de Foto:

Essa foi difícil para gente mexer.

Aqui na Cia adoramos o trabalho de Ivi, do jeito que ele se apresenta ao mundo. Mas já que pediu uma sugestão… E que fique bem claro que não é uma melhoria definitiva, mas apenas um exercício de gostar de uma foto. E pensar no que ela diz.

Achamos que aparece aqui um flash violento, opressor, é uma luz que esmaga. E sendo assim, o rosa pode ser desnecessário. Um filtro que tira o peso do flash. A foto é linda por ser assim, branco no branco. É para gente ter certeza. Essa luz artificial é que faz esse pedaço de lugar existir. Talvez seja sua casa, talvez qualquer parede de um apartamento aqui da Zona Oeste de São Paulo. Mas o certo é que esse lugar é um cenário construído. E esse flash ajuda na percepção. O cenário é a dimensão passiva de uma foto. Algo que se expande dependendo da percepção que se joga ali. Um espaço, um cenário, cresce ou se omite pela conveniência de quem está vendo.

Então ficamos sem esse rosa. Talvez…

Weimer Carvalho, Goiânia (GO)

Raw

Jpeg – versão do fotógrafo

Jpeg – versão da Cia de Foto

Análise da Cia de Foto:

Essa foto tem um histograma super legal. Uma foto boa e bem exposta. Respeitar a captação de um arquivo é uma questão de inteligência. Normalmente, quase como um cacoete, valorizamos o lado intuitivo da fotografia. Parece que toda técnica tem um peso de resistência. Isso é até fácil de explicar porque acontece, mas o mais importante é aproveitar o espaço para dizer que o domínio técnico libera a intuição.

Cada capricho, cada nota que se pode dar, é um espaço a mais de criação. É um repertório.

De um modo geral, deu para sentir que algumas fotos aqui tiveram um compromisso com a exposição. Alguns, valorizaram o histograma e completaram um RAW com informação.

A fotografia nunca precisou ser vista rapidamente, logo após um clique. Quando tínhamos um filme, o processo de revelá-lo, nos colocava um tempo (de devaneio e respeito) aquela matriz que estava sendo criada. Não se fotometrava um cromo errado, nem se revelava sem cuidado, se a intenção era uma boa foto. Isso continua. Esse tempo é legal que exista. O que se ver em um pre-view, é um esboço, uma linha geral de informação. Quando a gente vibra e se satisfaz com o que está ali, saibamos que estamos sendo limitados.

Histograma é uma das criações belas da história da fotografia. O ideal é entendê-lo.

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