Foto: Toni Pires/AnDaLuZ
Exposição Borders os África de Bartolomé Ros no Museu de Arte Contemporânea de Madri
Atravessando Fronteiras
Toni Pires – Madri
Ontem estava folheando o catálogo oficial do PHE09 e me veio a mente um dos primeiro ensinamentos que tive ao tomar contato com a fotografia. Meu mestre Luiz Teixeira, que na época era muito bem intencionado, recém saído de uma redação, mas pouco conhecedor da história da fotografia, me dizia que tínhamos nas mãos o melhor passaporte para atravessar fronteiras. Hoje Luiz que já é doutor em artes e fotografia, por ironia do destino, “mestrou-se e doutorou-se” em universidades aqui da Espanha, ainda vive a entoar esta frase aos amigos e alunos.
Pois acordei com a fronteira em mente, e aproveitando que o calor voltou forte na cidade, me joguei de metro em metro até o Museu de Arte Contemporânea de Madri para ver Bartolomé Ros e a primorosa exposição “Frontera de África” ou no original, “Borders os África”.
Ufa, cheguei perto do meio dia “madrileño”, todos já queria parar para o merecido descanso, afinal já trabalhavam há quase 4 horas… rsrsrs (eles é quem estão certos… rs). Me joguei de cabeça e comecei a namorar o legado de Batolomé, que recorre a um período histórico que começa nos preparativos da guerra dos Marrocos e o começo da ditadura de Primo de Rivera. Sua câmera registrou com maestria e singularidade os encontros entre fFanco e o fundador da Legião, Millan Astray.
Sua crônica visual não se limita ao registro narrativo dos chefes de Estado, com respeito e intimidade nos mostra o dia-a-dia dos soldados anônimos, os cenários que se não fossem a guerra seriam com certeza cenário de filmes.
Depois de conversar um bocado, mostrar credencial e quase fazer um pequeno escândalo com a responsável pela exposição que alem de querer fechar não queria que eu fotografasse. Tudo se acalmou, ela ficou feliz em saber que eu era brasileiro e me perguntou por que um brasileiro atravessaria o oceano para ver fotografias, entendi porque da pressa em querer ir almoçar. Expliquei que fotografia era minha paixão, que eu estava justamente atravessando fronteiras para ver e fazer imagens. Ela sorriu fechou a porta e me deixou ficar por mais 40 minutos dentro da sala, e juntos vimos as mais belas imagens do dia.
Para terminar, Ros nos presenteia com retratos dos mais saborosos, de amigos e familiares, mas o melhor deles sua irmã, ainda pequena, com um leve sorriso angelical. Ele sem Duvida transitava e rompia fronteiras todos os momentos.