Foto: Alexandre Belém | Recife, 1992
Nessa história, já batida, do fim do Kodachrome, lembrei dos meus slides. Já vou dizendo que nunca usei o Kodachrome.
Como comecei a fotografar por volta de 1990, só usava cromo ou p&b (aqui no Recife). No comecinho mesmo, era só p&b, pois, era mais barato e todos os frilas eram resolvidos com o velho e bom Tri-X. De vez em quando, um Plus-X, T-Max 3200, etc.
Lembro claramente quando usei o meu primeiro filme positivo. Comprei um Kodak (sei lá qual) e fui numa favela no bairro da Torre, nas margens do rio Capibaribe, chamada Formigueiro (foto acima, o garoto correu em casa e pegou uma camereta). Era um trabalho para uma pesquisadora social da Fundaj e a favela nem existe mais.
Fiquei fascinado em ter um positivo numa moldura branca. Me achei “profissional”.
Depois, quando entrei no Jornal do Commercio, por volta de 1993, comecei a usar slide de verdade. Saíamos com p&b e cromo. A primeira página e capa de cadernos eram coloridas e tínhamos que ter o bom senso e o faro para saber o que renderia e trocar o p&b pelo cromo. Tudo isso numa Nikon F3. Era o seguinte: tirar o flash (que ficava em cima da alavanca do filme!), rebobinar o filme e colocar o outro. Não podia esquecer de trocar a ASA. De 400 para 100 e de 100 para 400. A bolsa ficava cheia de filmes com a contagem marcada de caneta na pontinha do filme… Era para recolocar e aproveitar o restante: velocidade alta, mão na lente e avançar o filme.
Nessa época, eram uns slides da Kodak bem bufentos. Depois, foram os Fuji Provia e depois o Fuji Velvia que chegaram por aqui. Era uma loucura fazer Velvia com o céu azul do Recife e meter um polarizador. Fantástico! Teve uns meses que só tinha este cromo de 50 ASA (não recordo bem por que, mas o jornal não comprou o Provia de 100 ASA). Tudo era com ele, até foto interna.
O Jornal do Commercio, nessa época, estava meio atrasado em relação aos outros jornais. Quando sai, no começo de 1996 (tô de volta!), ainda era cromo, p&b e transmisssão com uma máquina-dinossauro da UPI, enquanto já se usava C-41 (negativo cor) pelo país, scaner, etc.
[O post era só está parte aqui. Me animei e escrevi demais…] Durante oito anos, os meus negativos e slides ficaram em agências da qual fui sócio. Como agora, uma parte deste material está comigo, há uns três anos, resolvi que iria digitalizar todos os meus filmes. Comprei uma Nikon SuperCoolscan 5000, troquei várias molduras e troquei todas as pastas. Animado, não me programei bem a dinâmica. Faltou só uma coisa: tempo para digitalizar.
O mesmo tempo que levou o Kodachrome.
Foto: Alexandre Belém | Petrolina, 1994
Foto: Alexandre Belém | Igarassu, 1993
Cara, gostei bastante das fotos… mais ainda do texto. Obrigado por compartilhar !!!
Muito bom entrar no seu blog, ver “fotos boas”, notícias e discussões de uma fotografia pensante… adoro o crominho, tenho saudades de quando minhas fotos eram filhas únicas, e eu esperava um bocado pra elas acontecerem. Às vezes penso que fotografo pouco, quando ouço as máquinas parecerem metralhadoras… Mas é muito triste vê-los mofando nos meus bagunçados arquivos. Preciso seguir esse caminho e digitalizá-los. Mas faz assim, vai digitalizando sem pressa e mostrando pra a gente. Vai nos dar um presente. Abraço
Passa a era analógica… chega o digital… agora a mudança se resume a configurações e lentes rsrsrs… ótima história
Linda essa última foto!
Abs,
Ana
Grande Alexandre,
Simplesmente linda estas fotos. O resultado obtido com o cromo é maravilhoso. Sou apaixonado por esta saturação que o cromo traz, tanto que procuro sempre este tipo de efeito em minhas fotos, mesmo utilizando equipamento digital.
Grande abraço
Devia se animar sempre e escrever sobre essas coisas! Eu não tive a oportunidade de fazer jornalismo diário (trabalho em A Tribuna, no Espírito Santo) com filme, mas durante a faculdade tive essa chance e valeu muito! Adorei as fotos! Abraço!