Fotos: Alexandre Severo – Série “À Flor da Pele” (2009)
O fotojornalismo é mesmo uma escola em vários sentidos. Não há como sair ileso dela. O ileso surge no sentido de vantagem. Pois, o fotojornalista tem a seu favor a problemática perene de “resolver” várias situações, contextos e fatos recorrentemente em pouquíssimo tempo de execução. Todo esse preâmbulo para inserir o trabalho de Alexandre Severo: categoricamente, um fotojornalista.
Severo, tanto em seu ensaio “Os Sertões”, realizado para um caderno especial de jornal, como em “À Flor da Pele”, para uma pauta diária do mesmo jornal, revela-se à vontade em dar forma para cenas que facilmente se tornariam clichês, mesmice, maneirismo vão. Em ambos os ensaios, contempla-se a aproximação humana de quem divide a história apresentada. Nos retratos feitos pelo sertão, Severo aprofunda a questão de identidade e representação. Caminhando pela metalinguagem, traz-nos a pose que se institui, negocia e se encena. Vemos os artifícios deste processo com seu fundo infinito e seu entorno “desordenado”.
No ensaio com as crianças albinas, as fotografias tecem o cotidiano de um problema familiar que nos emociona. São imagens belas, doces, duras e difíceis. Enfim, fotojornalismo que vale ser visto e admirado. “O racional/técnico sempre foi uma característica do meu ato fotográfico, mas percebo um processo de amadurecimento que me aproxima a uma abordagem mais espontânea, mais intuitiva. Esse caminho do meio me leva a considerar os extremos e caminhar ao encontro de um equilíbrio necessário”, considera Alexandre Severo.
Georgia Quintas, novembro de 2009.
Série “Os Sertões” (2009)
BIOGRAFIA
Recife (PE), 1978
Começou a fotografar em 2002. Em 2003, trabalhou nos jornais Folha de Pernambuco e Diario de Pernambuco. Em 2004, foi chamado para integrar a equipe da JC Imagem, no Jornal do Commercio, onde está até hoje.
Seu foco são as pessoas. Nos retratos, tenta registrar a história, o contexto e a personalidade de seus retratados. No cotidiano, tem em mente que cada foto se trata não apenas de uma notícia ou de um fato, mas de pequenas partes de uma história maior.
Recebeu o Prêmio Infância sem Violência – Save The Children America Latina (2005), o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo (2006). Em 2009, recebeu o Prêmio SESC/Marc Ferrez e a Menção Honrosa no 31º Prêmio Vladimir Herzog. Tem obras no Museu da Abolição – Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira, Recife.