Fotos: Bruno Vilela – Série “Bibbdi Bobbdi Boo” (2008)
Há fotografias que nos abraçam. Longe de serem simples, na verdade, são mundos criados. Verossímeis e oníricas, essas imagens são propensas a nos encantar. Fazem isso através de uma poética muito sensível, mas, ao mesmo tempo, desequilibram o mundo firme e reto que cerca a nossa corriqueira vida.
Bruno Vilela, artista plástico, atinge esse mundo fantástico com suas fotografias. Vilela é surpreendentemente interessante em algumas outras linguagens, como o desenho e a pintura. Habilidoso e de olhar que conjuga todas as cenas, em seu ensaio “Bibbdi Bobbdi Boo” (2008), ele parece ter mesmo uma varinha de condão. Vilela fez absolutamente tudo: concepção, produção, direção de arte e clicou. A idéia era reverter o destino de personagens infantis de velhas fábulas. E, portanto, as imagens negam o tempo todo, em movimento cadenciado aflitivo, nos questionando a inércia de nosso imaginário.
Como falei, Vilela é habilidoso… Em seu trabalho “Fissuras do Escape”, observamos a relevância de cores e fugidios lapsos de luz no aço das paredes do elevador. Opostamente a todo o trabalho de Bibbdi…, neste vemos o nada, a desconstrução de qualquer narrativa linear. A beleza está em ser algo, em sentirmos o que quisermos ou de nos colocarmos sozinhos em um cubo que deva nos tirar da realidade por alguns segundos.
Fácil entender porque tem como referência Cindy Sherman e Rosângela Rennó, além de Daniela Edburg, Jeff Wall, entre outros. Compreensível se torna ainda mais o processo criativo e o uso da expressão fotográfica em seu trabalho quando diz: “Fotografar é essencialmente uma forma de misturar ‘aventura’ com arte, uma possibilidade de sair da solidão do ateliê e encontrar o mundo, as pessoas e a natureza e transformar esse encontro num trabalho artístico”.
Georgia Quintas, novembro de 2009.
Série “Fissuras do Escape” (2006)
BIOGRAFIA
Recife (PE), 1977
Artista plástico formado em Retrato com Anatomia e Figura Humana com o mestre japonês Sunishi Yamada. Realizou exposições individuais em Recife dentre as quais se destacam: “Bibbdi Bobbdi Boo” na FUNDAJ, “Réquiem sobre papel” no Museu Murilo La Greca e “O céu do céu” no Museu do Estado de Pernambuco. Participou de coletivas como o Prêmio Internacional de Pintura de Macau, Projeto Prima Obra em Brasília, Projeto Fora do Eixo – Galeria espaço Piloto em Brasília, Salão de arte contemporânea do Paraná, Investigações pictóricas no MAC Niterói e 1ª Bienal de desenho de João Pessoa.