Daniel Kfouri

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O Olhavê bateu um papo-rápido com o fotógrafo Daniel Kfouri, que ganhou o terceiro lugar no World Press Photo.

Uma visita legal é ao site de Daniel, aqui. Muita coisa boa!

Daniel Kfouri por Antônio Gaudério

OLHAVÊ Passados alguns dias da notícia, o que fica de positivo?

DANIEL KFOURI O interesse das pessoas em conhecer o meu trabalho. Estou recebendo muitos e-mails.

OLHAVÊ Qual a importância para a carreira de um fotógrafo desta premiação?

DANIEL KFOURI Fora o fato em si, ir para Amsterdam e mostrar as minhas fotos para os editores e fotógrafos que estarão lá… Espero ter mais oportunidades de trabalho.

OLHAVÊ Você inscreveu outros trabalhos? Quais?

DANIEL KFOURI Fora o trabalho da Megarampa, um ensaio sobre futebol de várzea e uma foto do jogador Ronaldo jogando pelo Corinthians [fotos abaixo].

OLHAVÊ Você vislumbrava que levaria algum prêmio com aquela foto específica [primeira foto abaixo]?

DANIEL KFOURI Eu sonhava. Acho que sonhar é uma das melhores coisas da vida. A foto do skate não foi publicada em nenhum lugar, eu não fiz para nenhum veículo, ou seja, minhas chances eram poucas.

OLHAVÊ No dia do resultado, aqui no Olhavê, você falou (veja aqui) que gostaria de “publicar o meu trabalho de maneira íntegra, o que infelizmente é raro de acontecer no mercado editorial brasileiro”. O que seria o ideal?

DANIEL KFOURI Um mercado editorial sério.

OLHAVÊ Sobre “As pessoas precisam refletir quando vêem uma imagem do mesmo modo que refletem quando lêem um texto”. O que falta para o melhor entendimento da imagem fotográfica?

DANIEL KFOURI Parar de tratar o leitor como burro. Hoje em dia os fotógrafos são pagos para não pensarem, para fazer o óbvio. São pagos para fazer registros fotográficos e não uma fotografia onde ele expressa a sua opinião. Em muitos lugares, é o repórter quem faz as fotos com uma câmera vagabunda. Neste caso, eles já assumiram que não precisam de fotografia, precisam de registros. O mais honesto seria demitir todos os fotógrafos, botar umas câmeras vagabundas nas mãos dos repórteres e pronto, a reportagem esta feita. É preciso respeitar a inteligência do leitor, caso contrário, não sairemos da pobreza visual que domina os veículos de comunicação no Brasil.

Fotos: Daniel Kfouri | Foto ganhadora

Comentários 4

  1. Daniel, parabéns pelo prêmio! Certa vez, conversando com o André Spínola e Castro, mostrei meu portfolio e ele me falou de você, que seria um cara legal pra conhecer. Comentou que não trabalhava para um veículo, mas que tinha uma linguagem muito bacana. Ele tem razão. Quando quiser e puder, venha a Ribeirão Preto para batermos um papo, blza? Abraço!

  2. “Hoje em dia os fotógrafos são pagos para não pensarem”. Vou além, hoje em dia os fotógrafos, designers, publicitários, ilustradores, arquitetos e atividades similares (com apelo artístico) são pagos para não pensar, e quando são solicitados a pensar, não são devidamente pagos para tanto.
    Parabéns pela mensagem, pela premiação e pelo trabalho.
    Abs

  3. O trabalho do Daniel, como um todo, é consistente. Tem um olhar crítico, senso de composição apurado, linguagem própria. Lamento que talentos como ele só tenham maior visibilidade com uma premiação.
    Parabéns ao Daniel e ao Alexandre pela entrevista.

  4. Que massa Daniel, ” Hoje em dia os fotógrafos são pagos para não pensarem, para fazer o óbvio. São pagos para fazer registros fotográficos e não uma fotografia onde ele expressa a sua opinião”.

    Comodismo? Creio que sim. Quando abro os jornais vejo muitas imagens obvias, pautas fracas onde o fotógrafo acaba fazendo uma foto fraca. Pô, se tem que fotografar um buraco na rua, que seja “a foto”.

    Se tá cansado, se aposenta. Se não tá deita no chão, sobe em arvore, improvisa uma grua e clica o buraco.

    Nós fotografos temos algo que infinitamente nos faz não sermos óbvios: A criatividade

    Grande abraço

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