Man Ray

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Man Ray, Auto-retrato (1930)

“(…) Cheguei a fazer fotografias sem pôr lentes na câmera. Uma vez tinha que fotografar a um pintor e cheguei com minha câmera de estúdio, meu tripé e o resto. Comecei a dispor a cena, porém havia esquecido a objetiva. Eu conhecia seu tamanho porque havia receitado meus próprios óculos e sabia muito de ótica. Sabia que minhas lentes tinham distância focal de 30cm, porém desde então compreendi que conseguiria uma imagem confusa. Tinha um rolo de fita adesiva, coloquei meus óculos na abertura da câmera e deixei cair o pano preto, no qual fiz um pequeno orifício como diafragma. Levantei o pano e o deixei cair, e assim obtive o retrato de Matisse, uma fotografia linda, com todos os detalhes visíveis”.

Man Ray, 1974

O fotógrafo Man Ray (1890–1976) norteou sua criação artística a partir de posturas de desconstrução, fosse a respeito da técnica fotográfica ou da plena consciência em acreditar na autonomia dos suportes. Para ele, dominar a fotografia era uma tarefa de encontro com o improvável (seja em sua narrativa ou estética). Dominava a técnica para extrair a liberdade de expressão que necessitava em seus trabalhos. De forma ambígua, declarava: “Eu faço fotografias de natureza, fotografo fantasia”. Para Man Ray, improvisar uma lente era um ato natural. A fotografia nunca o impediu de intuir, de se entregar a mundos poéticos e imbricá-los a uma negociação individual, na qual sua habilidade técnica causa surpresa até hoje.

Por Georgia Quintas.

Comentários 3

  1. Semprecomento com meus alunos.Sem tecnica nao conseguiomos expressar a estetica. Precisamos de controle tecnico para transportar a imagem atraves do equipamento.

  2. Oi Georgia, essa seção(posso chamar assim?) é muito legal!

    Hoje acordei pensando no dia de trabalho pela frente, de fotografias aplicadas para nossas contas serem pagas. Dia de cansaço físico.

    Deu vontade de recorrer a algumas ajudas, entre elas e além de seu post, um textinho já lido, mais sempre revisto e essencial, do Professor Ronaldo Entler:

    ” UM LUGAR CHAMADO FOTOGRAFIA, UMA POSTURA CHAMADA CONTEMPORÂNEA”(1)

    ” Com contornos escorregadios, resta apreender que, mais do que um procedimento, uma técnica, uma tendência estilística, a fotografia contemporânea é uma postura.
    Algo que se desdobra em ações diversificadas, mas cujo ponto de partida é a tentativa de se colocar de modo mais cosciente e crítico diante do prórprio meio.”

    “A desconstrução dos rituais apoiados nas imagens técnicas, a profunda transformação tecnológica da fotografia e sua intensa penetração numa experiência artística que se assume híbrida, conceitual e, às, um tanto desmaterializada não deixou de estabelecer uma situação de crise: será que ainda há sentido em falar de fotografia?{..} Quando nos deparamos com a liberdade de procedimentos que vemos nesta exposição(2), o que, afinal, estamos chamando de fotografia? Por que ainda recorrer a essa palavra? ”

    “Pensar fotografia como um lugar conceitual nos permite olhar para a própria história de modo transgressor”

    ……..
    1. Esse texto é publicado no livro/catálogo da exposição A Invenção de um Mundo, que aconteceu no Instituto Iatu Cultural, com curadoria de Eder Chiodetto.

    Uma publicação do próprio Instituto Itau Cultural, na página 142.

    2. A exposição de que fala o texto é A Invenção de um Mundo, que aconteceu no Instituto Iatu Cultural, com curadoria de Eder Chiodetto. E tem Paolo Ventura, Joan Fontcuberta, Cris Bierrrenbach, Bernard Faucon, Vicente Mello e mais uma trupe.
    ………
    Outros textos de Ronaldo Entler são encontrados(e devem ser lidos!) no http://www.iconica.com.br e no http://www.entler.com.br
    ………..

    Até já, o carro tá passando, vamos ao dia!

    bjs

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