Fotos: Jean Schwarz – Série “Matadores de peixe”(2009)
“Na verdade, a fotografia sempre me fascinou. Lembro que na minha infância o brinquedo que eu mais gostava era papel ofício, tesoura, cola e uma revista Manchete. Gostava de montar a minha própria fotografia… Recortava, recortava e recortava… Como eu adorava passar meu tempo fazendo isso!!! Através desta brincadeira inocente, mais tarde acabei me interessando em “recortar” a vida e o tempo com uma câmera, ao invés da tesoura”. Com esta afirmação lúdica e coerente, Jean Schwarz nos coloca o sentido da fotografia em sua vida.
Como as palavras se entrelaçam com as fotografias… Já dizia Roland Barthes, em 1977, em plena aula inaugural no Colégio de França, que “as palavras (…) são lançadas como projeções, explosões, vibrações, maquinarias, sabores: a escritura faz do saber uma festa”. Troquemos as “palavras” desta proposição por imagens. De tal maneira, chegamos aos trabalhos de Jean, através de imagens que são lançadas (permita-me Barthes) como explosões em força narrativa e sabores com seu estilo autoral que mergulha nos temas.
No ensaio “Matadores de Peixe”, o vento sopra em alto-mar em nossos rostos. O trabalho exaustivo dos pescadores também nos entorpece. No outro ensaio “Em Busca da Terra Sem Mal”, mais uma vez, ele “recorta” e “monta” sua própria apreensão da dura história de índios no Rio Grande do Sul que vivem em margens de estradas. A situação limítrofe dessas pessoas ressente-se na clareza poética de causar impacto de uma visão de mundo que melhor seria se não existisse. O trabalho de Jean mergulha em assuntos e se aproxima. Novamente, essas minhas palavras – fruto do meu olhar – irão se entrelaçar com as palavras de Jean. Porque o que a imagem ressoa para mim dialoga com as palavras dele quando diz: “A fotografia para mim é algo visceral e vital. É como um coração que pulsa e leva o sangue a todas as artérias do corpo”.
Georgia Quintas, fevereiro de 2010.
Série “Em Busca da Terra Sem Mal” (2008)
BIOGRAFIA
Porto Alegre (RS), 1976
Autodidata, começou a fotografar no final de 1996, influenciado por amigos. Em 1997, publicou sua primeira foto e desde então contribui regularmente para revistas. Atualmente fotografa retratos, esportes e desde 2008 dedica-se a projetos documentais.
Em 2009 foi convidado a expor o ensaio “Em Busca da Terra Sem Mal”, na Argentina e teve trabalhos selecionados em festivais, como FestFotoPoa, com o coletivo Retratismo o ensaio “A Dor de Cada Um” e na IV Mostra Recife de Fotografia com o ensaio “O coro come”.