Ansel Adams

Durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente entre 1942 e 1945, mais de 120.000 americanos de origem japonesa, conhecidos como nikkeis, foram levados para campos de concentração ou campos de internamento. O mais célebre deles é o de Manzanar, na Califórnia, a 370 quilômetros de Los Angeles. Atualmente, o local é um Parque Nacional chamado Sítio Histórico Nacional Manzanar.
 
Vários foram os fotógrafos que registraram o deslocamento de famílias nikkeis para os os campos de internamento – como por exemplo a lendária Dorothea Lange. Alguns conseguiram fazer reportagens sobre a rotina no interior dos campos, apesar das rígidas regras de acesso a eles.
 
Um dos mais ricos registros de Manzanar foi feito em 1943 pelo fotógrafo americano Ansel Adams (1902-1984), mestre da fotografia mundial, com inestimavél contribuição em todos os campos da atividade, do ensino à estética.
 
Adams foi um gênio da fotografia de paisagens em preto e branco. Suas imagens do Parque Yosemite imortalizaram a paisagem do oeste americano. Adams sempre trabalhou com câmeras e filmes de grandes formatos e esteve ligado ao desenvolvimento de técnicas que revolucionaram a fotografia, como a criação do filme isntântaneo Polaroid, em 1947. Possui dezenas de livros e três, sobre técnica fotográfica, há décadas se mantêm fundamentais e adotados nas escolas de comunicação e fotografia mundo afora: O Negativo, A Câmera e A Cópia (Editora Senac).
 
O ensaio sobre Manzanar compõe um conjunto de 209 fotografias impressas e 242 negativos. Foi doado à Biblioteca do Congresso Americano em 1965 pelo próprio Adams e pela primeira vez foi digitalizado. Junto com as fotos ele escreveu um bilhete: “O objetivo do meu trabalho foi mostrar como essas pessoas, sofrendo uma grande injustiça, depois de perderem seus bens, seus negócios e carreiras, superaram o sentimento de derrota e o desespero ao construir para si próprias uma comunidade viva, num ambiente árido, mas magnífico. Penso, em suma, que esta coleção de Manzanar é um documento histórico importante e espero que lhe possa ser dado um bom uso.”
 
As fotos desse post são digitalizações de cópias ampliadas por Adams e algumas tem a sua assinatura (Foto 1, 6 e 7). A Biblioteca digitalizou, também, todos os negativos. Assim, é possível conferir a técnica de Adams e a qualidade que ele obtinha ao ampliar suas imagens.

Alexandre Belém
 

{1} Garotas fazendo ginástica, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{2} Senhora Naguchi e duas filhas, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{3} Aula de costura, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)
{3} Aula de costura, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{4} Partida de beisebol, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{5} Catherine Natsuko Yamaguchi, instrutora da Cruz Vermelha, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)
{5} Catherine Natsuko Yamaguchi, instrutora da Cruz Vermelha, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{6} Policial Sam Bozono, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{7} Margaret Fukuoka, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{8} Agricultor Richard Kobayashi, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{9} Eletricista Yonehisa Yamagami, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{10} Joyce Yuki Nakamura, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)
{10} Joyce Yuki Nakamura, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{11} Tom Kobayashi, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{11} Digitalização do negativo - Tom Kobayashi, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

 

{12} Garota com bola de vôlei, Manzanar Relocation Center, Califórnia – 1943. (Ansel Adams)

0 thoughts on “Ansel Adams

  • Sou estudante de jornalismo e estava justamente procurando algo sobre esse gênio da fotografia para apresentar um seminário. E achei o que procurava. Essas lindas imagens vão somar e muito na minha apresentação.

  • Achei bastante interessante poder confrontar as imagens do Japão com os isolados na Califórnia, durante a II gerra mundial.

  • preciso de fotos da segunda guerra mundial com a historia que a foto conta.
    vamos fazer um eslaide para apresentar em um seminário. obrigada!

  • Me parece que a qualidade da fotografia transcende o domínio de técnicas. Vale a pena obsrvar a tentativa, em minha opinião, frustrada de digitalizar uma das imagens de Ansel Adams. Hoje temso volume, muita tecnologia, mas às vezes falta o olhar. Vale a pena ver essas fotos.

  • É impressionante o que fotos pode nos trazer .Nos leva a um tempo muito remoto e as imagens são magnificas .
    Parabéns a todos !
    Um grande Abarço.

  • Todas as iniciativas de divulgar as obras que fizeram a história da fotografia são válidas e maravilhosas para aumentar nosso repertório visual e fazermo-nos ter mais bagagem para o “momento decisivo”

  • toda e qualquer historia tem os dois lados, nao ha vencedores nem vencidos, apenas seres humanos, que sao o legado mais importante de toda historia

  • Alguém já disse que a diferença entre o opressor e o oprimido é a oportunidade.
    Me pareceram ser uma campanha publicitária para vender o inferno como céu!

  • Muito bacana, eu acompanho o Olhavê a algum tempo e só tenho a agradecer a generosidade de sempre estar compartilhando informações de qualidade.
    abs

  • Eu não sabia dessa veia jornalística do cara!! Mas perceba como é uma visÃO QUASE publicitária da coisa…
    Grande mestre, imagens eternas.
    Parabens Alexandre Belem pelo post e pela VEJA de criar um canto na web tão edificante sobre a fotografia.
    😀

  • Nikkei é todo japonês ou descendente de japonês que mora fora do Japão, e não somente os americanos de origem nipônica, como dá a entender o texto.

  • As fotos são magníficas. Não vou entrar no mérito do assunto da guerra, se Hitler foi muito ou extremamente terrível ou se o campo de concentração americano era ou não “uma injustiça”.
    O que ficou gravado na minha retina são os rostos, as expressões. Ali se vê o drama humano estampado nas faces, não em manchetes de jornal ou em artigos de revista.

  • Como não sou ligado à fotografia, não tenho palavras para apreciar o trabalho fotográfico de Ansel. Mas sou ligadíssimo à História. E aí digo que o Ansel deixou uma prova inabalável de como, numa democracia autêntica, até as medidas mais extremas, quando impostas pela necessidade de garantir os interesses nacionais, preservam aquele grau de humanismo irrenunciável. Manzanar correspondeu ao que, nos domínios alemães, soviéticos e japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial, era denominado “campo de concentração”. Mas a correspondência limitou-se a essa linha conceitual, pois a abissal diferença no tratamento conferido aos confinados é fácil de perceber pela qualidade dos alojamentos, ventimentas e vida social que o governo norte-americano permitia aos seus, dentro dos limites físicos da exclusão. Cultivavam jardins e hortas, praticacam esportes e dispunha de salas de cinema. A alimentação nutritiva e os cuidados sanitários eles expressavam nos rostos lisos e bem preservados. Nos campos de confinamento alemães, soviéticos e japoneses, os confinados viviam aos farrapos, esquálidos, empilhados em alojamentos imundos, infestados de piolhos e sob ataques de epidemias terríveis, que os faziam sucumbir às levas. E, assim mesmo, o Ansel tratou os confinamentos norte-americanos como “grande injustiça”! Compreendo. Sua fala foi inspirada no espírito humanista e democrático cultivado naquela democracia exemplar, que revelava, sim, o terrível paradoxo da segregação dos negros. Mas isso não o isenta de haver desconsiderado que o confinamento de japoneses e descendentes foi imposição de um estado de beligerância gerado pelo próprio Império Japonês. E, mais do que beligerância, uma beligerância fanática, capaz de projetar insegurança para norte-americanos e japoneses lá estabelecidos. Mas o seu belo trabalho deixou historicamente documentado o grau de isenção ideológica com que o governo norte-americano administrou a complicadíssima questão humanitária. Naquela época, ser japonês confinado nos Estados Unidos era infinitamente melhor que ser norte-americano confinado nos domínios japoneses do Sudeste Asiático!

  • Desde criança-bem pequena,mesmo!-me interessava muito pelas notícias que vi-
    nham da Alemanha:com fotos INACREDITÁVEIS DO QUE ACONTECIA POR LÁ,e nas quais
    ninguém acreditava,mesmo.Após 1943 as fotos que alguns fugitivos conseguiam passar,eram de un TERROR que me faziam chorar!Hoje,também,vivemos vários ti-
    pos de TERROR mas,para mim,NADA SUPERA O QUE OS NAZISTAS FIZERAM:foram extre-
    mamente desumanos,cruéis,animalescos contra outros SERES HUMANOS INDEFESOS!!!
    Assim,considero que o povo alemão foi OMISSO O TEMPO TODO,já que sabia muito
    bem-no mínimo,pelo cheiro nauseabundo do ar!-do MASSACRE QUE OCORRIA POR CON-
    TA DE SEU QUERIDO,ADMIRADO E SUPREMO CHEFE!!!
    A “VEJA” está de parabéns,como sempre,por divulgar estas fotos que são,real-
    mente,emocionantes:mas isso porque era um “CAMPO” americano.O mundo nÃO PODE
    ESQUECER,JAMAIS,O TERRIVEL MASSACRE DA ALEMANHA DE “HITLER”!!!
    ZULEIKA AMARAL

  • Tem um filme (não muito divulgado) que narra bem esta história: “Bem-vindos ao paraíso, 1990” com Dennis Quaid. Vale a pena assistir.

  • O que mais me espanta é ver o trato que Ansel Adams teve ao fotografar pessoas, coisa rara em suas obras.
    Já ouví histórias de que ele tinha problemas em tratar o assunto, não sei em que sentido e nem o motivo, mas estas imagens mostram a mesma maestria de suas paisagens.
    abraço.
    Fred.

Deixe um comentário