Hetherington e Hondros morrem na Líbia

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Fotos: EFE e AP – Tim Hetherington e Chris Hondros

Como todos devem ter acompanhado pela imprensa, perdemos dois grandes fotógrafos na Líbia, nesta última quarta-feira.

Documentarista de primeira linha, Tim Hetherington, 41 anos, ficou famoso depois de ganhar a Foto do Ano pelo World Press Photo 2007 e ser finalista do Oscar com o documentário Restrepo.

Chris Hondros, 41 anos, era menos famoso para o público em geral. Porém, era um dos mais premiados e respeitados fotojornalitas da atualidade. Fotógrafo da Getty Images, Hondros tem em sua trajetória muitos conflitos e imagens impactantes.

O que me atrai no tabalho de Hondros era a sua qualidade técnica e estética em situações de hard-news. Quem é da área sabe que cada profissional tem uma pegada. Acompanhei desde o início do ano as fotos de Hondros pelos conflitos no mundo árabe e ele mantinha a agência suprida de material diário com uma qualidade de fotógrafo de revista ou de um documentarista com tempo e um trato refinado em cada clique.

Uma pena!

Foto: Reuters – Tim Hetherington no final de março na cidade de Benghazi, Líbia

Abaixo, um vídeo-diário de Hetherington.

Diary (2010) from Tim Hetherington on Vimeo.

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  1. Desde que eu comecei a ler sobre as notícias que eu tenho pensado muito nesse envolvimento que acaba por “explodir sua existência”. Eu fico me perguntando se temos como escapar disso. Quando eu vejo as fotos de Goran Tomasevic postadas aqui no blog, eu sinto um misto de fascínio, desejo e medo, porque sempre fico pensando se na semana seguinte teremos mais fotos deles ou a notícia de que ele foi morto em campo. É sempre uma inquietação. A morte de Hetherington e Hondros trazem mais elementos, eu fico pensando se, de fato, elas ocorrem de forma realmente acidental ou se em uma situação como a da Libia, lidando com um governo como o de Gaddafi, que usa famílias como escudos humanos, matar fotógrafos e documentaristas não acaba sendo “parte do processo”. Fotografar temas intensos também é lidar com o plano dos outros e isso sempre me faz pensar muito.

  2. É muito emocionante esse diário. Deixa a gente pensando em um fotógrafo que experimentava sua história numa deriva radical.

    Um valor especial que tem quem se joga na realidade por uma entrada extrema, é que suas histórias resultam de um tipo de subordinação involuntária ao tema. O cara lida com uma espécie de assunto indomável que chega ao ponto de explodir sua existência.

    “Não é a presença do fotógrafo na fotografia que se vai encontrar a aura[…] em vez disso, é a presença do tema, daquilo que é fotografado, o “belo lampejo de sorte do aqui e agora com que a realidade, por assim dizer, sela o caráter da foto”. Para Benjamim, portanto, a atividade do conhecedor de fotografia não significa procurar a mão do artista, mas a descontrolada e incontrolável intromissão da realidade, o caráter absolutamente único e mesmo mágico que seu tema, e não ele, artista, tem”. – Douglas Crimp

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