Fotos: Marlene Bérgamo
A exposição Bom Retiro e Luz: Um Roteiro, 1976 – 2011, no Centro da Cultura Judaica (São Paulo), está um espetáculo. Vale uma visita apurada.
Sentida em todos os aspectos, a curadoria de Diógenes Moura é uma aula e congrega quatro artistas de uma forma brilhante. Com exclusividade, publiquei o texto da exposição aqui.
As fotos de Cristiano Mascaro – que pertencem ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo – são apresentadas num móvel iluminado por caixas de luz fria. As fotos pontuam o que será visto, ou já foi visto, nas paredes, bem ali do lado. Solução simples e que impregna certo ar respeitoso para um ensaio lindo de Mascaro. Este ensaio foi o ponta pé para todo o projeto.
O vídeo da Cia de Foto é bárbaro e a abordagem que eles tiveram nas fotos antigas de famílias judias está muito bem resolvida. Aqui, vale ressaltar o trabalho de Carol Lopes. Ela, sempre responsável pela pós-produção da Cia, foi “para a rua”, pesquisou, escolheu e fotografou as fotos antigas com seu iPhone. Fez o pré e a pós. Está genial.
A série de Bob Wolfenson é espetacular e é um dos trabalhos que mais gosto dele. É contemplação logo na entrada da exposição.
Queria mesmo chegar era na parte de Marlene Bérgamo. Uma aula de boa fotografia. As fotos de Marlene estão demais e ela se superou, mostrando toda a sua vitalidade de fotodocumentarista. Nada de novidade para quem conhece a trajetória desta fotojornalista.
Marlene Bérgamo faz parte de uma estirpe de fotógrafas que se mantém no fotojornalismo diário sem perder a graça do dia a dia.
Começou no início da década de 1990 no jornal Notícias Populares fazendo ronda noturna. Deu um show e as suas imagens são referências até hoje. Ela era peça importante numa equipe que fez história criando uma estética própria num ambiente extremamente ríspido. Ângulos e composições inusitadas com luz ambiente misturada com outras fontes de luz. Difícil dizer isso (para fotos de corpos e violência) mas, as fotos de polícia do NP daquela época eram muito bonitas. Lembro de uma exposição, aqui em São Paulo, na qual tudo isso foi mostrado numa sala escura…
Aqui, uma matéria do Fotosite de 2001 sobre essa galera e o fim do NP.
Depois, Marlene entrou na Folha de S. Paulo e redimensionou uma área que todo fotógrafo corre: a coluna social. Ela brilhou na página 2 da Ilustrada onde tinha a coluna de Joyce Pascovitch. Mas uma vez, aliou domínio técnico com talento. Sairam as fotos posadas e entraram os retratos dinâmicos, cenas borradas e roubadas, grande-angular, flash lateral. Nada mais foi como antes. Vale enfatizar que isso foi lá atrás. É Escola!
Na exposição Bom Retiro e Luz: Um Roteiro, 1976 – 2011, Marlene coloca essa [sua] força nas fotos, que estão no limite da luz e o “escuro” se mostra bem claro. Belas ampliações que pontuam, ainda mais, o talento desta legítima fotógrafa.
Sou fã da Marlene, faz da tragédia uma poesia! Essas fotos postadas aqui estão lindissimas!
O que há de mais autêntico no fotojornalismo Brasileiro. Escola total.
A trajetória da Marlene é maravilhosa porque ela fotografa com o coração, com coragem, com inquietação e com muita vontade. Viva a Marlene!!
Marlene é foda! ops…foi mal, mas ela é.