Foto: Iatã Cannabrava
Olá Peter,
No último sábado, estive na sua palestra em São Paulo para o lançamento da revista ZUM e fiquei, de certa forma, frustrado. Sei que o problema é meu e teve gente que saiu sem ar depois da sua palestra. Expectativas, muitas vezes, não são correspondidas.
Ali, no comecinho da sua fala, achei legal aqueles exemplos e conexões entre várias obras… Mas, esse negócio de digital e analógico já era. Pelo menos para mim. Os finalmente é o que importa. Neste caso, as suas poucas respostas no final foram mais esclarecedoras. Sobre a pergunta se fotografia tem ou traz um meaning, gostei do que o senhor respondeu. Realmente, uma fotografia não é um presente que se abre o pacote e ganha-se um “significado”. Tem muito mais coisa.
Voltando à sua palestra, me pareceu que o senhor ligou o Play e foi embora. Depois o Stop. Nada contra isso. O senhor me pareceu gente boa, da paz, foi simpático. Como disse, saí de casa com uma ansiedade danada para ouvir Peter Galassi, “o cara que ficou décadas no MoMA” e , como diz na minha terra, “morguei”.
Outra coisa que fiquei meio assim: sua resposta dizendo que não conhecia fotógrafos brasileiros. Só fiquei olhando para Maureen Bisilliat sentadinha na primeira fila. Não me diga que “ela é britânica” que não vale!
Aí, faria três considerações:
POP – O senhor não conhece os populares Vik Muniz, Sebastião Salgado e Miguel Rio Branco? Jura?
QUINTAL DE CASA – O senhor não conhece alguns brasileiros que (eu acho) estão no acervo do MoMA? Jura? Se não estou enganado, tem a Claudia Andujar, Vik Muniz e Nair Benedicto.
GENTILEZA – O senhor poderia ter vindo no voo estudando sobre alguns nomes só para saber onde estava pisando. Não acha? Só o IMS, instituição que lhe trouxe, guarda um acervo de um time maravilhos que representa muito bem nossa fotografia.
Senhor Galassi, na boa, estou abrindo o meu coração porque fiquei muito sorumbático. Sei que é uma opinião pessoal e de uma frustração baseada numa expectativa na imagem que tenho do senhor. Por sinal, o senhor não perdeu comigo nem 0,00001% da sua fama. Adoro o seu trabalho!
Porém, se ainda estiver por São Paulo, dê um pulinho na Pinacoteca e veja um bocado de fotógrafo brasileiro na exposição Percursos e Afetos. No próprio IMS de São Paulo, está em cartaz a exposição Extremos da Maison Européene de la Photographie. Tem uma galera boa lá também: Miguel Rio Branco, Rodrigo Braga, Claudia Jaguaribe, Alberto Ferreira, Rogério Reis, etc.
Aproveitando, vou puxar a sardinha para o meu lado. Aqui no Olhavê tem umas entrevistas legais, no Perspectiva tem um pessoal mais novo e no Sobre Imagens tem uns clássicos. É só colocar tudo no Google Translate e bye.
Saludos!
Alexandre Belém.
p.s.: esta carta está meio atrasado por causa da greve dos Correios.
Em um papo aqui com alguns amigos, dentro de um comentário que dizia exatamente este trecho onde ele nnao conhece fotógrafos brasileiros e que o bom da profissnao dele é isso: de que ele pode sempre estar aprendendo…meu comentário foi que:
ele e um comentarista de futebol – pelo menos nessa situação infeliz que ele se colocou – estavam ali…
Me reprimiram pela minha opinião, ao ter ficado de certa forma indignado com um cara que vem ao Brasil, bancado por uma instituição que no mínimo que ele deveria considerar e exatamente isso:
O cara não fez uma miserável pesquisa?
Obrigado Belém por expor sua carta!!!
Que bom termos alguém banca suas opiniões
Nossa eu estava lá e presenciei esta falta de cultura do Mr Galassi ficou muito feio na foto. Ainda bem que muitos como eu se sentiram ofendidos e espero que o IMS tenha revidado com uma cartinha malcriada.
Apesar de ser uma pergunta irrelevante ao assunto comentado na palestra (com relacao aos fotografos brasileiros), o minimo que o Peter poderia ter feito era jogar as palavras “Brazil” e “photography” no google um pouquinho antes do evento comecar …
Bem legal o texto Belem, tambem gostei da sinceridade.
Abracos
Meu bom Belém, em que pese a desinteressante pergunta, feita sempre em eventos desse tipo apenas para marcar a presença de quem perguntou…acho que seria uma saia justa do Galassi citar nomes e comentá-los. Impossível que ele não conheça Salgado ou Muniz! a impressão que tive…é que ele já queria ir mesmo embora… Seria leviano ele somente falar os nomes, como da mesma forma em comentar superficialmente tais trabalhos.
Compartilho com você a frustração, que acho foi da maioria, que esperava uma palestra um pouco mais interessante. Afinal, são tão poucos os “curadores”não? Que quando vemos um, queremos saber tudo… Melhor, então, ler o Galassi, pois tem coisa muito melhor que ele escreveu por ai!
abraço
Juan
Belém, não pude ir ver oPeter Galassi pq fui trabalhar, afinal, fotógrafo não tem dia de trabalho, certo ?
Li com extremo interesse este texto para saber o que havia rolado. Uau! Que triste ver que o cara vem pro Brasil e diz que não conhece fotógrafos brasileiros. Que triste ! Estou besta mesmo. Como você bem colocou, no mínimo seria uma gentileza dele citar os mais óbvios fazendo a lição de casa. Chega a ser cômico, patético.
Enfim, gostei da sua sinceridade, do seu texto. Compensa a decepção !
Abraços !