Jan Adamsky. Jovem fotógrafo, estrangeiro em processo e firme. Jovem pelos seus 23 anos; estrangeiro porque nascido na Polônia, passou a fazer parte também da Costa Rica e firme porque já encontrou seu “propósito vital”: a fotografia. Apesar de ter encontrado sua certeza, suas fotografias são paradoxalmente indefinições. A postura de Adamsky conserva o teor documental que, no entanto, recoloca a severidade da instância do signo – ou seja, a imagem e o objeto se equivalem – na berlinda.
As cenas fotográficas de Jan Adamsky promovem uma reflexão complexa sobre o registro cotidiano e a vulnerabilidade do imaginário. O olhar organiza os distintos contextos temáticos ao transcender a materialidade dos fatos. De certa forma, parece ser uma inclinação atual na fotografia de apropriar-se e aproximar-se (quase etnograficamente) da sua história fotografada e interiorizá-la. É relativamente isso que transparece no trabalho de Admsky.
Em certa medida, vemos desfoques, velocidade baixa, artifícios visuais que ajudam a colocar pessoas em espaços flácidos em contraponto ao rigor das fotografias em preto e branco. Mesmo nessas, embora em algumas se tenha o olhar pungente do retratado para câmera, o fotógrafo segue sua indefinição. Numa hipotética câmera íntima, os fatos tomados se esvaem no imaginário de quem entra e sai da imagem com a desenvoltura de um espectro.
Esse precioso material imagético nos coloca questões vívidas a respeito da compreensão sobre o outro. Jan Adamsky considera que a intenção de sua obra é capturar a essência interior do que fotografa, além das aparências.
Pretensão? Absolutamente. Pretensão, de fato, é apreendermos as voltas que os signos fazem ao se transformarem em metafísica para o olhar.
Por Georgia Quintas
* Texto originalmente publicado em 2010 no Fórum Virtual, blog do Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo.