Edição e curadoria: Alexandre Belém.
Local: Marcenaria Tiradentes – 2º Festival de Fotografia de Tiradentes, março de 2012.
Fotos: Maurício Lima
Libya Hurra
Pulsante, dinâmica, viva e objetiva. Desde a primeira vez que tive contato com o trabalho de Mauricio Lima, venho tentando adjetivar as qualidades da fotografia deste paulistano. E como é intrínseco à vida dos fotojornalistas, suas coberturas saltam de uma simples coletiva de imprensa a percursos mais arriscados, saindo da sua zona de conforto.
Esta exposição, Libya Hurra (Líbia Livre, do árabe para o português) é aquilo que Mauricio viu nas semanas que ficou em Sirte (uma das últimas cidades tomadas pelos rebeldes). Sirte representa muito: local onde nasceu e foi morto o ditador Muamar Kadafi. Mauricio acompanhou estes momentos finais. Através do seu ponto de vista, seguimos imagens paradoxais que no fundo possuem função relevante mas que, contudo, provocam em nós o desejo de que a guerra seja só uma referência passada, distante. Inexistente.
Num cenário de caos e conturbação social, suas fotografias parecem colocar o tempo em slow motion. A aproximação e vulnerabilidade de Mauricio naquele contexto faz com que não só o tempo mas o espaço nos comova e destrone uma guerra que – apesar de não pertencer a nós –, abre-nos um feixe de dor.
O impacto e o vigor da composição das imagens são dois eixos de força dramática incontornáveis. Libya Hurra traz o que há de mais autêntico e subjetivo na linguagem fotográfica: uma entrada de experiência e uma saída de emoção. Esta nem sempre branda, mas fundamental para entendermos as tensões do mundo.
Alexandre Belém.