Fotos: Rogério Reis
Fotógrafos: Pedro David, Rogério Reis, Alexandre Sequeira e homenagem ao fotógrafo Luiz Carlos Felizardo.
Curadoria: Georgia Quintas.
Local: Museu de Arte Contemporânea – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza entre 26/10/2012 ~ 09/12/2012.
Ecos híbridos
Por Georgia Quintas
O gesto de encontrar-se com o olhar de quem cria mundos poéticos através da fotografia significa também percebermos como a potencialidade da imagem fotográfica é transmutada indocilmente. As inclinações conceituais e estéticas do fotógrafo representam o adensamento e a condução errática do exercício de pensar e propor símbolos através do “espírito” fotográfico. A exposição coletiva Ecos híbridos traz o trabalho de cinco fotógrafos brasileiros que contam suas histórias por distintas percepções, discursos e particularidades visuais.
Os ensaios presentes nesta exposição propõem investigações que se dilatam no sentido de construir a imagem pelo mergulho provocado – não apenas pelo fazer – mas sobretudo pela postura de vivenciar intensamente a experiência fotográfica. Por este caminhar de proposições fotográficas, encontramos os protagonistas do ensaio poético-antropológico Nazaré de Mocajuba, do fotógrafo paraense Alexandre Sequeira. A leveza do trabalho de Sequeira perpassa a atmosfera suave dos tecidos que nos envolvem. A ruptura do suporte presta-se com intensidade à imersão afetiva – fruto da relação social que a fotografia pode promover.
Já os mineiros Eustáquio Neves e Pedro David problematizam a imersão fotográfica através do retrato e da paisagem. Nos ensaios Objetização do corpo e Boa aparência, Eustáquio Neves intervém na experimentação técnica sobrepondo camadas em corpos que se reinventam e invadem o imaginário descontruindo nossa zona de conforto.
Enquanto isso, Pedro David, com os ensaios Homem Pedra e Impureza, apreende a paisagem pelo espectro do viajante silencioso que, em vez de domesticar o sertão, joga-se pela indefinição imperativa do que é representar em estar ou ser a partir de uma paisagem.
O fotógrafo carioca Rogério Reis também colabora com sua perspectiva sensual e irônica sobre identidade em Ninguém é de ninguém. Suas imagens não se colocam claramente pela personificação. Ao elaborá-las como “não correspondidas”, o debate tem como ponto de partida o direito de imagem. Ecos híbridos ainda apresenta uma homenagem ao fotógrafo Luiz Carlos Felizardo por toda a sua extensa e importante contribuição à fotografia brasileira.
Conhecer o conjunto destes autores é vislumbrar a compreensão da diversidade pelo que os une sutilmente. No entanto, observar o interior de cada forma imersiva destas poéticas visuais nos faz entender o quão precioso é entrar nesta rede de processos alegóricos e sensíveis da criação fotográfica.
Fotos: Pedro David
Foto: Eustáquio Neves