Boris Kossoy

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Fazer um abre de post sobre Boris Kossoy é meio difícil. Poderia resumir e dizer que li tudo dele, acho seminal o livro Viagem pelo fantástico (1971), etc e tal. Para Georgia, nem se fala. Sem as pesquisas do professor Boris – concentradas nos livros Fotografia & História (1989), Realidades e Ficções na Trama Fotográfica (1999), Os Tempos da Fotografia (2007) e Dicionário Histórico-Fotográfico Brasieliro (2002) – o doutorado dela em Antropologia sobre álbuns de família teria sido quase impossível.

Nesta semana Boris receberá o Prêmio Brasil Fotografia Especial. Mais do que merecido.

Aqui, Boris Kossoy no Sobre Imagens.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAFoto: Malu Tucci

Há limites para a fotografia?

Não há limites, não há fronteiras; são ilimitadas suas possibilidades expressivas. A criação fotográfica só encontra limites na imaginação do fotógrafo.

A sua fotografia é uma fabulação da realidade ou a insistência do vigor em procurar respostas?

Minha fotografia nunca se afastou da realidade; minhas “ficções” fluem a partir e no interior do dado real. Acontece que tudo aquilo que escapa de um conhecimento adquirido e cristalizado ou de uma compreensão imediata é comodamente “encaixado” e rotulado na gaveta da “fantasia”.

Quando se trata da literatura ou do cinema ou da pintura o metafórico ou o psicológico é recebido normalmente. No caso da fotografia sempre provoca estranheza, isso pela sua imediata, tradicional e automática associação com a realidade concreta, visível… Ao fim e ao cabo esta é a expectativa mais comum da fotografia.

Só que é em outro terreno que eu transito: no das ficções da realidade, a partir do fato, tentando melhor compreender a realidade interior: esfera das ideias, seduções e intenções, que existem por detrás das aparências. Trabalho, sim, com a realidade, mas por outra via, buscando respostas e conexões entre o visível e o invisível, o efêmero e o perpétuo.

Chegamos a algum lugar através das imagens fotográficas?

Em se tratando de fotografia em algum lugar chegamos, mesmo não saindo do lugar. Porque o lugar da fotografia é em todos os lugares. Inclusive em nossa imaginação, em nossos sonhos. Uma constatação é recorrente: fotografia e memória se confundem num único conceito e sentimento. As fotografias de anônimos que pesquisamos, ou que nos chegaram de nossos antepassados ou mesmo as nossas próprias imagens que guardamos de outras épocas, são vínculos de pertencimentos e ausências que povoam nosso imaginário; recordações e emoções nos voltam numa fração de segundo por meio das viagens da mente. As imagens nos afetam a todos, sejamos fotógrafos ou não.

Por que precisamos da fotografia? Ou melhor, precisamos da fotografia nas nossas vidas?

Precisamos da fotografia pelo que ela representa na construção de uma identidade e também da memória coletiva e individual. Além disso, como meios de conhecimento, referências insubstituíveis das ciências e do cotidiano e, naturalmente, estímulos contínuos da nossa imaginação.

Como (e quando) a fotografia entrou na sua vida?

A fotografia entrou em minha vida desde que era adolescente, sempre fascinado pelas histórias em quadrinhos, cinema, romances policiais, ilustrações das revistas e livros, especialmente as xilogravuras dos livros me encantavam. Comecei a desenhar muito cedo e gostava de experimentar também com o nanquim à bico de pena e, logo, as primeiras fotos, isto em 1954-55. E, na sequência, a arquitetura, caminho que foi natural para mim, e fundamental na minha formação e carreira como fotógrafo. Em 1965 já atuava profissionalmente com fotografia de estúdio, laboratório, documentação e retrato. Nesta época já me identificava com o realismo fantástico, como forma de ver e compreender o mundo.

Boris Kossoy. Sem ti?tulo.Praga,2012Fotos: Boris Kossoy – Sem título, Praga, 2012

Boris Kossoy. Sem ti?tulo. Nova York, 2011Sem título, Nova York, 2011

Boris Kossoy. Sem ti?tulo. Viena,2012Sem título, Viena, 2012

Boris Kossoy. Sem ti?tulo. Washington DC, 2011

Sem título, Washington DC, 2011

Boris Kossoy.Sem ti?tulo (da se?rie Memo?rias do Mirante da Serra), Itapecerica da Serra, SP_1993Sem título (da série Memórias do Mirante da Serra), Itapecerica da Serra, SP, 1993

Boris Kossoy.Sem ti?tulo. Viena, 2012Sem título, Viena, 2012

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  1. Caro Boris, que bom te reencontrar aqui.Lembro-me da visita que fizemos ao Mirante da Serra. Suas fotos são magnéticas convidando-nos a entrar nesse mundo que você oferece.Parabéns!

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