Para esta pequena entrevista, o fotógrafo Gui Mohallem não ficou muito confortável com o tema fotografia e até sugeriu que eu reformulasse as perguntas. Como pretendo ter um panorama de vários autores sobre algumas questões pontuais, mantive as perguntas. Gui, uma das figuras mais gente-boa que conheço, respondeu. Confesso que até repensei se, neste abre, colocaria ele como fotógrafo. Na realidade, escrevi artista visual. Troquei depois…
Minha primeira lembrança de Gui Mohallem é do Paraty em Foco no ano de 2009. Tinha uma exposição dele em algum lugar e já tínhamos nos esbarrado pelas ruas. Nos encontramos no local e Gui falou do seu trabalho que tava na parede. Sempre admirei a fotografia dele. Bem realizada, sensível e com vigor.
Se não leu as entrevistas mais recentes, seguem os links: Luiz Braga, Bruno Vilela, Boris Kossoy, Gilvan Barreto e Pedro David.
Também, começamos uma série de perfis: Penna Prearo e Carlos Moreira.
Foto: Tainá Azeredo
Há limites para a fotografia?
Fico me perguntando se essa pergunta faz sentido, se faz sentido imaginar um limite para a pintura, para a música, para a arquitetura… Enfim, onde se quer chegar com ela? No lugar onde a coisa deixa de ser fotografia e vira outra coisa? É uma pergunta à serviço das categorizações?
Não é só que começos e finais não me importem, mas pensar a fotografia destacada do resto das artes ou das expressões me parece um desserviço num momento em que se busca justamente dissolver essas barreiras.
A sua fotografia é uma fabulação da realidade ou a insistência do vigor em procurar respostas?
Talvez eu fantasie para encontrar respostas, talvez essa busca só me leve às minhas fábulas.
Chegamos a algum lugar através das imagens fotográficas?
No melhor dos casos, quando o trabalho é bem sucedido, chegamos ao lugar do Outro.
Por que precisamos da fotografia? Ou melhor, precisamos da fotografia nas nossas vidas?
Talvez o lugar da fotografia hoje, assim como cada vez mais o do vídeo também, é o lugar do compartilhamento, o do “vem viver isso comigo”; em última instância, o lugar do “não me deixe só”.
Como (e quando) a fotografia entrou na sua vida?
A fotografia sempre me ajudou a construir memórias. Imagens podem me transportar pra dentro das narrativas. E isso acontece desde a infância, antes dos seis anos de idade. Lembro de sensações muitos vivas de momentos que não vivi. É como se eu estivesse lá – eu tenho a imagem muito clara – mas aconteceu antes de eu nascer.
Fotos: Gui Mohallem – Ensaio “Welcome home”.
Ensaio “Tcharafna”.