Adelaide Ivánova

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[ QUEM ] Adelaide Ivánova.

[ ONDE ] São Paulo. É recifense e tem 25 anos.

[ PORQUE ] Adelaide é uma cronista. Cronista que não só usa palavras, também usa imagens. São histórias engraçadas, tristes, críticas, auto-referenciais. Ler suas crônicas no Pernambuco – Suplemento Cultural, espiar o Vodca Barata [seu blog] ou apreciar suas fotografias no Flickr, dão o mesmo prazer. Parece que é uma coisa só. E é. É o estilo Adelaide Ivánova de se “mostrar”. Mesmo fazendo fotos para sites e editoriais de moda, não podemos rotular Adelaide como fotógrafa do mundo fashion. Ela nos mostra mais. Agora, Adelaide está com a exposição Sexy back: Justin, brigada por tudo” (20 painéis de 70×90 cm) no Sesi de Belo Horizonte/MG.

Pedi para Adelaide um pequeno currículo para colocar nesta entrevista. Ela enviou um “curriculinho” [como ela mesmo batizou] que tem a sua cara. Resolvi colocar no original. Entre colchetes, atualizei e coloquei detalhes.

Já trabalhei no Jornal do Commercio como repórter, e no Incra e na Secretaria de Justiça de PE como fotógrafa. Desde janeiro de 2006 trabalho no Chic, que é o site de Glória Kalil. Já saíram umas fotos minhas na i-D, Trip, Vogue, Veja São Paulo, Caras e Folha de São Paulo. Mês que vem deve sair minha primeira colaboração na Vogue RG [já saiu]. Estudei três anos de jornalismo na Unicap e estudei fotografia com Gal Oppido, que basicamente me ensinou tudo. Atualmente faço o curso de foto da Escola Panamericana, que é bem técnico. Fiz umas exposições por aí, na Casa da Xiclet e no Parque Lage, no Rio. Tive aqueles trabalhos da Fashion Victim 3 [“Fashion victim 3: estourei meu Mastercard”] aceitos na Arco, em Madri [através de portfólio com pernambucanos, levado pelo Centro de Formação em Artes Visuais do Recife (CFAV) e pelo site Dois Pontos]. Em 2005 fui aceita num concurso de foto da Colors, uma revista editada pelo pessoal do Fabrica, da Benetton. Ah! E rolou uma exibição de slides, a Fashion Victim 3 foi aceita, é um treco que se chama Slideluck Potshow, que é um evento itinerante de exibição de slides que já rolou em várias capitais do mundo e em fevereiro desse ano teve uma edição em São Paulo.

Flickr: http://www.flickr.com/photos/adelaideivanova/

Blog: http://vodcabarata.blogspot.com

Site Chic: http://www.chic.com.br

Abaixo, algumas fotos e a entrevista.

Sem título, 2007 I Da série Fashion Victim 3 | Abaixo Abu Grhaib!

 Morte por um Herchcovitch falso #2, 2008 | Da série Fashion Victim 3 | Abaixo Abu Grhaib!

 Morte por um Herchcovitch falso #3, 2008 | Da série Fashion Victim 3 | Abaixo Abu Grhaib!

Bruna Sotilli no São PauloFashion Week | janeiro de 2008

Sua fotografia é subversão?

Subversão de quê? Da ordem da narrativa? Pode ser que sim, talvez por eu colocar um peso muito maior na situação fotografada do que na técnica em si. É como se a “Ivi” que posa fosse muito mais eloqüente do que a “Ivi” que fotografa (eu falando de mim na terceira pessoa, que nem Pelé, que ridícula!). Eu acho que não tem ninguém melhor do que eu para recriar as coisas que me vêm à cabeça. E tem o agravante de eu ser leonina, eu sou a mais convencida.

Dia desses li uma entrevista na revista do Fotosite, não lembro exatamente com quem, mas acho que era com um dos caras da família Cravo (olhe só meu grau de erudição “um dos ‘caras’ da família Cravo”) e ele descia o pau em Cindy Sherman. Falava que ela não era fotógrafa, estava mais para performer e ficava meio indignado com o fato de ela ser considerada uma puta fotógrafa. Auto-retrato é uma coisa meio patinho feio da fotografia, como se fosse uma vertente menor, ou menos intelectualizada. Mesmo um cara feito Mapplethorpe, que tinha uma técnica super clássica, nunca vai ter o respeito de um Weston. Sei lá, tô divagando, também gosto é gosto. Espero não soar recalque, porque não é, é só uma impressão.

Você sente mais prazer nas suas crônicas ou nos autos-retratos?

Eu sinto mais prazer é em cantar no chuveiro; fotografar e escrever não me dão prazer algum, é um masoquismo eterno, a idéia vem (ou vem ele, o briefing, ai que medo) e é um desespero, e eu fico com prisão de ventre até executar hahaha e depois fico olhando para foto (ou lendo o texto), e pensando: Afe, tava tão melhor na minha cabeça. Por mais que eu escreva e reescreva e fotografe mil vezes. Mas aí me sinto desafiada, sabe? Acho que o dia que eu olhar para uma foto e disser: “Amei, tá tal eu qual eu tinha imaginado”, é melhor ir atrás de fazer outra coisa. O melhor da festa é esperar por ela.

Tanto suas fotos quanto suas crônicas têm um tom confessional, de abre coração. É contar a vida pela foto?

É, eu tenho muito esse desejo de contar a vida pela foto. Quando comecei a fotografar eu era obcecada por Nan Goldin, e até hoje amo esse universo pessoal documentado, adoro fotologs e flickrs de “amadores”, já vi muita imagem maravilhosamente linda em flickr de gente que fotografa com qualquer camerita, dou muito valor a isso.

Até hoje essa é uma questão que me entristece. Quando comecei a fotografar, eu clicava meu cotidiano e ele era tão vivo, tão cheio de gente, de musos, e conseqüentemente eu tinha tanto assunto pra clicar e eu acho que as fotos que tirei oito anos atrás são muito mais lindas que as de hoje. Mas envelhecer você envelhece sozinho, e pode parecer drama mas estou com cada vez menos gente para fotografar, gente que faça parte da minha vida. Acho que foi por isso que fui fazer auto-retrato. Eu acho isso tão triste.

Você já pensou em produzir uma foto-novela com suas crônicas e fotografar as situações?

Menino nunca tinha pensado nisso e achei genial.

Por que Vodca barata?

Esse nome veio do blog, que depois também batizou o flickr. Eu sou uma leonina auto-centrada dos infernos, então como meu nome é russo, adoro Dostoiévski e meu drink favorito é bloody mary, que é feito de vodca, achei que era um nome apropriado. E na época eu não tinha dinheiro para consumir nada além de uma boa Orloff, então assim ficou. Se bem que hoje em dia eu tenho preferido uísque sem gelo. Qualquer dia desses eu mudo o nome do blog para algo tipo “Meu fraco é um cowboy”.

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