Pedro David

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Ao buscar por Pedro David no Olhavê, encontrei uma infinidade de posts. Pedro é um daqueles que sempre colaboraram com o blog de forma amiga e sempre atencioso. Pedro acaba de lançar o seu último projeto, 360 Metros Quadrados. Com certeza, é o mais recente lançado na rua… Não deve ser o mais atual. Pedro tem a característica de sempre está pensando e produzindo algo novo.

Se quer navegar pelo acervo do Olhavê e sacar mais da obra de Pedro David, segue uma rota:

Processo de criação sobre o ensaio Homem Pedra.

O arquivo RAW de Pedro.

A imaginação ampliada, texto de Georgia Quintas para catálogo da exposição Homem Pedra.

Manchas no espírito, texto de Georgia Quintas para o ensaio Aluga-se na exposição “O Espaço que Guardamos em Nós”, no MIS/SP.

Depoimento de Pedro sobre o porquê usar grande-formato.

* Para ilustrar a entrevista, fotos soltas.

pedro-david-web-05Autorretrato

Há limites para a fotografia?

Tenho dificuldades em pensar em limites para a fotografia, pois antes que consiga chegar a eles, sou freado por meus próprios limites.

Objetivamente sim, o limite físico da fotografia é o que pode ser visto. É a luz. Sem luz não há fotografia.

Mas para isto um autor sem limites pode sempre dar um jeito. Com técnica, e principalmente através da tradução intersemiótica e do uso criativo das figuras de linguagem. Acredito que estas ferramentas podem ajudar a diluir os limites que podem parecer intransponíveis. Uma vez transpostos nossos próprios limites, os da fotografia são apenas elementos a serem trabalhados.

A sua fotografia é uma fabulação da realidade ou a insistência do vigor em procurar respostas?

Esta palavrinha “realidade” me traz muita dificuldade em formular minha resposta. Para mim Realidade é aquela grande revista de reportagens que tínhamos nos anos 60. Suas reportagens profundas e livres me encantaram, mas acredito que com o fim da revista, este gênero começou a acabar. E simbolicamente, para mim, o sentido desta palavra também!

A minha fotografia é o resultado de minha tentativa de entender o mundo em que vivo, e dizer algo sobre ele.

Trabalho com a concepção de que o artista – no meu caso, até então, fotógrafo – é aquele que, não satisfeito com o mundo em que vive, cria o seu próprio mundo, e o leva a público.

Minha forma de criar este mundo tem sido fazer fotografias, a partir do mundo que vivencio, seja em viagens ao interior do país, pela cidade onde vivo, pelo meu bairro, e mais recentemente, pelo pequeno terreno onde moro na periferia de Belo Horizonte.

O lugar em si é o que menos importa para meu trabalho. O que está sempre em voga é o mundo contemporâneo, a relação do homem com seu meio ambiente, tudo pelo ponto de vista desta pessoa que voz escreve.

Chegamos a algum lugar através das imagens fotográficas?

Esta pergunta lembra-me uma piada, que na verdade é um caso, que ouvi certa vez, sobre uma viagem de um amigo a Portugal. De dentro de um carro em uma estrada, o amigo pergunta a um morador local: “Esta estrada vai para onde?”. Sem titubear, o nativo responde com segurança: “Para lugar nenhum, ela fica aqui mesmo!”

Imagens fotográficas não nos levam a lugar nenhum. Elas restam ad infinitum em suas caixas, hds ou sites a não ser que sejam consultadas. Nós é que, se quisermos relembrar alguém, pensar em algo passado, ter ideias sobre qualquer coisa ou pessoa, ou adentrar o mundo criado por algum outro insatisfeito ser humano, podemos recorrer à fotografia. Vejo-a como um instrumento poderoso de expressão pessoal. Uma fotografia traz impressa em si uma escolha, uma seleção muito pequena que seu autor fez para guardar, para mostrar. E isto pode dizer muito sobre sua situação, sobre seu mundo.

Por que precisamos da fotografia? Ou melhor, precisamos da fotografia nas nossas vidas?

Não posso responder isto em plural, cada um sabe (sabe?) suas necessidades.

Eu escolhi a fotografia como instrumento principal para a construção de meu mundo, e consequentemente para sua divulgação, e mais objetivamente, para meu ganha pão!

Como (e quando) a fotografia entrou na sua vida?

A fotografia está presente em minha vida desde o início.

Tenho slides, negativos e cópias fotográficas de toda a minha infância.

Mas quando tinha cerca de 5, 6 anos, meus pais entraram numas de aprender a revelar filmes e ampliar fotos em casa. Fotos que faziam de nossos passeios, viagens, e do cotidiano. Registros amadores. Tenho na lembrança algumas imagens deles contando tempos com o tanque de revelação na cozinha, do ampliador no quarto dos fundos, e de acordar cedo e ver no banheiro algumas cópias secando na parede, e outras já caídas na banheira. Mais tarde passaram a me explicar o funcionamento da camera, e a me ensinar a operá-la.

Quando fui escolher a profissão, já estava automático…

pedro-david-web-01Grão Mogol (MG), 2005

pedro-david-web-02Tiradentes (MG), 2009

pedro-david-web-03Caeté (MG), 2009

pedro-david-web-04Rasteira #1, da série Madeira de Lei, 2012

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