Pina Bausch

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Hoje, morreu a bailarina alemã Pina Bausch. Juan Esteves enviou para o Olha, vê um lindo relato sobre retratos e retratados.

Foto: Juan Esteves | Pina Bausch, 1990

Juan Esteves

Já estou começando a refletir sobre meus posts de homenagem. Eles estão aumentando… O que definitivamente não é um bom sinal! Também começo a notar que em meus livros as páginas com aqueles que já se foram estão começando a emendar umas com as outras. Por exemplo, Paulo Autran está ao lado de Walter Hugo Khouri e Johnie Johnson está ao lado de Tom Jobim!

Estes retratos de Pina Bausch, foram feitos em 1990 em São Paulo e vem numa sequência: Timothy Leary, Plinio Marcos e Haroldo de Campos, todos que, infelizmente, já se foram…

Pina Bausch morreu hoje, aos 68 anos, em Wuppertal, Alemanha. Desde 1973 era diretora artística do Teatro de Dança de Wuppertal, um dos mais importantes do mundo. Segundo o jornal Deutsch Welle ela estava com câncer, e foi uma morte repentina, rápida. Foi internada há cinco dias atrás, assim que a doença foi diagnosticada.

O cineasta Win Wenders acompanhou o trabalho dela nos últimos 30 anos e estava fazendo um documentário sobre sua trupe. Curiosamente ele declarou a imprensa, aqui mesmo em São Paulo, no ano passado, que “agora não tenho mais desculpas para não fazer o filme. Ela não está ficando mais jovem, portanto, é melhor fazer logo”. O que me leva a pensar a respeito, sobre aqueles projetos que sempre adiamos, ou aquelas pessoas que precisamos visitar e que sempre adiamos também! Pelo que sei, alguém me corrija se estiver errado, ele ainda não terminou o filme!

Conheci a obra de (Philippine) Pina Bausch, através das fotos de Helmut Newton (outro maravilhoso que se foi) e nas coreografias que assisti aqui mesmo em São Paulo, extraordinárias, como extraordinária seria ela mesma! Uma pessoa incrível, com uma boa vontade do tamanho do mundo! Doce como poucas pessoas podem ser! Fui retratá-la como o amigo e jornalista Antonio Gonçalves Filho. Ampliei as imagens na redação, e como muitas vezes acontecia, fiz uma cópia a mais para ele! (sim… era o tempo de cópias fotográficas) “Toninho” como o chamo, foi reencontrá-la um tempo depois, e levou uma cópia minha (e a dele) para ela autografar! Imagem que eu reproduzo agora, juntamente com aquela que está no meu primeiro livro, “55 Portraits”.

Em “Presença” – minha última publicação, com artistas plásticos – muitos dos retratados foram fotografados com mais de 70 anos. Alguns com mais de 80! Um deles, que já se foi, o querido gravador Odetto Guersoni, me alertou durante alguns anos, para “correr” e fotografá-los a tempo! “Deixe os mais novos para depois… Corra, porque muitos mais velhos não vão durar para sempre”, dizia ele brincando, mas com tom profético. E, não estão mesmo! E o que é pior, como a Pina Bausch, estas pessoas maravilhosas que povoaram minha vida profissional e pessoal, estão indo embora e deixando poucos, se não, nenhum herdeiro.

Autógrafos em livros tenho muitíssimos! Mas pouquíssimas vezes pedi um autógrafo a alguém numa fotografia, pois sempre me bastou ter a imagem comigo, as memórias daqueles momentos… Pina foi uma delas, e agora penso… Deveria ter feito isso com outros… Agora penso… Que esta imagem há muito deveria estar emoldurada, exposta junto com outros retratos tão queridos…

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  1. É meu caro Juan, também começo a sentir a falta de muita gente que continuo a amar mesmo depois da partida final.

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