QUEM | Eder Chiodetto.
ONDE | São Paulo.
PORQUE | Lembro de Eder como editor adjunto da Folha de S. Paulo, se não estou enganado, lá pelos anos de 1996 e 1997. Depois, ele virou editor. Agora, crítico de fotografia e curador, Eder fez de 2009 um ano maravilhoso para quem gosta de fotografia. A exposição “Olhar e Fingir – Fotografias da Coleção Auer”, “Henri Cartier-Bresson, Fotógrafo” e “A Invenção de um Mundo – Acervo da Maison Europeénne de la Photographie” é algo para aplaudir e torcer para que ele continue neste ritmo. Por sinal, Eder nos mostra em primeira mão uma parte do texto de apresentação da exposição de HCB que abre agora em setembro e fotos exclusivas das duas exposições.
Foto: Alcir Silva
Currículo fornecido pelo fotógrafo:
Eder Chiodetto, é mestre em Comunicação e Artes pela Universidade de São Paulo, jornalista, fotógrafo, curador independente e crítico de fotografia do jornal Folha de S.Paulo, veículo no qual atuou como repórter fotográfico (1991 a 1995) e como editor de fotografia (1995 e 2004).
É autor do livro O Lugar do Escritor (Cosac Naify), um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2004. Coordenador editorial da coleção de livros de fotografia brasileira FotoPortátil na editora Cosac Naify. Ministra aulas nas cadeiras de Fotojornalismo e Fotografia Documental no Bacharelado de Fotografia do SENAC-SP.
Responde atualmente pela curadoria do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP. Nos últimos anos realizou diversas curadorias de fotografia e vídeo para instituições como MAM-SP, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Museu da Casa Brasileira e SESC, entre outros.
Em 2009 está à frente de três curadorias realizadas em parceria com instituições francesas para o Ano da França no Brasil: Olhar e Fingir – Fotografias da Coleção Auer (MAM-SP); Henri Cartier-Bresson, Fotógrafo (Sesc Pinheiros) e A Invenção de um Mundo – Acervo da Maison Europeénne de la Photographie (Itaú Cultural).
Foto: Bernard Fauco | Maison Européenne de la Photographie
Foto: Jan Saudek | Maison Européenne de la Photographie
OLHA, VÊ Como você começou na fotografia?
EDER CHIODETTO Foi com um pé-na-bunda!!! Estava apaixonado. A primeira grande paixão da vida. Aquela do tipo bem doente, que a gente acha que vai ser definitiva, que ocupa todos os espaços. E de repente, tchau, sai daqui, xô, não te quero mais… Fui trocado por outro. Doeu muito. Pensei em suicídio. Chorava ouvindo Caetano, Bob Dylan e até Roberto, veja só… Me imaginava atropelando os dois apaixonados numa esquina qualquer. Muitos planos de vingança.
Tava nessa lama quando vi no jornal que haveria uma exposição de fotografia. Araquém Alcântara e alunos que ele estava formando. Precisava preencher a cabeça com alguma coisa. Fui lá. E nunca mais voltei.
Perceber a possibilidade de ver o mundo daquele jeito foi uma descoberta que me descarrilhou pra sempre.
Daí fiz o curso do Araquém, virei assistente dele. Comecei a realizar ensaios pessoais, entrei na faculdade de jornalismo. Daí para a Folha como repórter-fotográfico free lancer, contratado e editor. E quando tudo começou a ficar meio repetitivo, comecei a escrever as críticas na Ilustrada. Treze anos de Folha. Em 2004 saí, fui fazer meu mestrado com o prof. Boris Kossoy na ECA/USP.
OLHA, VÊ Durante anos você editou a fotografia da Folha de S. Paulo. Essa experiência foi importante para a sua função atual de curador?
EDER CHIODETTO Dia desses comentei que vejo a função de curador diretamente ligada a de editor. Seria, talvez, uma sofisticação do papel de editor. Mas o treino do olho ágil de edição, a percepção em juntar conteúdos simbólicos, reunir imagens, descartar a gordura, chegar na síntese, construir “frases” com imagens, tudo isso o universo da editoria de fotografia da Folha me deu a régua e o compasso, sem dúvida nenhuma. Quando vou ler portfólio às vezes fico constrangido em perceber muito rápido o que o fotógrafo intenciona, o que ele consegue e onde ele está fragilizado. Isso tudo me vem numa velocidade espantosa para mim mesmo. Gosto muito de editar, de experimentar formatações, de construir um universo paralelo com o conteúdo cifrado das imagens. Daí vem o prazer da escrita também, mas sempre nesta levada mais sensorial.
OLHA, VÊ Qual a maior dificuldade: editar centenas de fotos no jornal ou selecionar um material para uma mostra?
EDER CHIODETTO Os caminhos possíveis são sempre muitos. É como me disse a Susan Meiselas uma vez no Equador, “a edição é como a busca de caminhos no mar, não há caminhos certos, mas é preciso navegar sempre!”
No jornal os critérios são mais claros e objetivos, o que facilita o processo. Você precisa ser bem informado para saber cruzar o poder informativo das imagens com a estética mais adequada e impactante. O problema é que com o advento das digitais, internet, etc, o volume de imagens possíveis para se editar um jornal diário hoje em dia tende ao infinito. Quando você acha que fechou o jornal de forma espetacular qualquer motorista de táxi pode aparecer com uma foto melhor do que a que você colocou na primeira página…
Numa curadoria você trabalha ancorado em alguma perspectiva histórica, mas com um grande aporte de subjetividade que lhe permite uma margem de manobra poética grande. Mas como sou muito ligado ao verbo também, para mim uma curadoria só funciona se eu conseguir resolvê-la no texto também. O texto é como uma checagem da ordem poética das coisas. Já tirei muita foto boa de exposição porque percebia que elas escapavam a uma certa harmonia dentro do grupo. E isso muitas vezes é o texto que me faz entender. Enfim, aqui quem comanda são estruturas além do racional. E esse navegar incerto traz insegurança, é certo, mas é o único lugar onde, de fato, encontro prazer estético.
OLHA, VÊ Em um texto de 2007, você criticou o fotojornalismo feito nos últimos anos. Qual a sua atual opinião?
EDER CHIODETTO Até hoje recebo emails comentando esse texto. Até pessoas que na época reclamaram e depois concordaram. Eu estava no meio do meu mestrado, revendo meus anos no fotojornalismo, com o discurso afiado. Minha opinião atual não mudou nada. O que mudou, como eu havia previsto foi a função do repórter-fotográfico nas redações. Cada vez mais burocrática, mais sem espaço para publicar reportagens fotográficas, menos viagens, mais retratos de celebridades e menos fotografia que revela os bastidores do país, mais fotos de assessorias, cada vez menos jornal e mais publicidade. Tem alguém aí para negar tudo isso?
E eu sou bicho fotógrafo. Adoro reportagem, adoro jornal. E por gostar é que sou obrigado a ver como as coisas estão se encaminhando e criticar. Mas também acho que toda crise é positiva. Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Esse velho modelo morreu. Os espaços são outros, os fotógrafos serão outros. Há vida inteligente nos blogs cada vez mais e nas redações cada vez menos. Vai sobreviver o fotógrafo que tiver autonomia cultural, idéias, histórias para contar. Até porque as fotos de grande impacto, dos acidentes, das enchentes, das catástrofes e de tudo que acontece sem estar agendado, é privilégio do taxista, do motoboy, da dona de casa, do açougueiro, de quem estiver com o celular mais perto da cena. Fotógrafo de jornal só faz agenda, pauta fria.
Que sentido tem então ficar dentro de uma redação esperando alguém para dizer qual é a história que você tem que fotografar? Enfim, só vai sobreviver neste mercado quem conseguir se diferenciar da massa. E fotógrafos profissionais não devem mais pensar como fotojornalistas, mas sim como fotodocumentaristas. Reflexão, profundidade, conhecimento, please!!!!!! Foto bonita, foto espetacular, foto de furo no dia a dia, creiam, todos os amadores estão fazendo o tempo todo. Essa nova leva de fotógrafos mais bem formados que começa a cavar novos espaços com determinação e talento, logo constituirão grupos, coletivos, serão patrocinados e será através deles que a fotografia vai voltar a ser, na mídia, a linguagem que dá as cartas, que pauta, que emociona, informa, humaniza. Não tenho dúvida.
Foto: Joel Peter Witkin| Maison Européenne de la Photographie
Foto: Paolo Ventura| Maison Européenne de la Photographie
Foto: Pierre Molinier| Maison Européenne de la Photographie
OLHA, VÊ Quando e como foi que ocorreu a transição do fotógrafo/editor virar crítico/curador?
EDER CHIODETTO Sempre fui muito questionador, curioso. Acho que tá nisso a semente dessas metamorfoses. Um dia, em 1996, fui ver a exposição da Roberta Dabdab na galeria Fotóptica, em Pinheiros. Achei linda, mexeu comigo. Falei para o editor da Ilustrada e ele sugeriu que eu escrevesse. Levei um susto. Escrevi. Gostaram e continuo a fazer isso há 13 anos… Mas na verdade não vejo as atividades que exerço separadas uma das outras. Ao contrário, o fotógrafo estimula o escritor, que excita o crítico, que dá idéias ao curador que logo pensa em ver tudo numa edição em formato de livro, áudio-visual, enfim… é um ciclo que não se fecha. Não penso em nada separadamente.
OLHA, VÊ Qual a sua opinião sobre a crítica fotográfica feita no Brasil?
EDER CHIODETTO Ela existe? Me apresenta? Não conheço.
OLHA, VÊ Aqui no blog, sempre falo que ver foto é uma das coisas mais importantes da formação de um fotógrafo. Seja em revista, internet ou exposição. Qual a função e o papel de uma boa exposição de fotografia na cadeia (produtiva, acadêmica, profissional, etc) da Fotografia Brasileira?
EDER CHIODETTO A exposição, assim como um livro, é o momento máximo de realização de um trabalho. É, muitas vezes, o fechamento de um ciclo, de um pensamento. É quando o artista (ou o curador, ou ambos) tentam encontrar a fórmula, o acabamento fino para tantas questões que tangenciam a criação artística e intelectual. Uma boa exposição ou um bom livro são como santuários que podem nos levar a estados de contemplação do qual nunca retornamos iguais. Mas claro, para isso funcionar, é preciso afinar todos os instrumentos. É um trabalho insano. E quando dá certo, não há nada mais prazeroso.
OLHA, VÊ Exposições do MAM (“Olhar e Fingir”), Henri Cartier-Bresson e Itaú Cultural com grandes nomes. Como foi trazer tanta coisa importante para o público brasileiro?
EDER CHIODETTO De fato está sendo um ano incrível e de muito, muito trabalho e novos aprendizados. Mas o ritmo nem chega a ser tão estressante quanto o do trabalho em uma redação e é imensamente mais prazeroso. Todas essas três grandes mostras aconteceram em virtude do Ano da França no Brasil. As três instituições que receberam as mostras – MAM-SP, SESC São Paulo e Itaú Cultural – me chamaram para essas curadorias, para que eu pensasse o projeto todo, fizesse a curadoria e os eventos paralelos. Uma responsabilidade imensa, mas que de alguma forma eu já me sentia preparado para isso, pela trajetória que já havia percorrido até aqui. Foi um processo natural.
E o mais prazeroso foi poder debater com colecionadores, curadores, conservadores de grandes coleções e perceber que nosso discurso e nossa visão sobre a história da fotografia e da forma como a linguagem tem sido trabalhada no mundo contemporâneo se configura para eles de uma forma original e que amplia as possibilidades de abordagem.
Com o casal Auer, com quem fiz a mostra “Olhar e Fingir” no MAM-SP, foi um processo muito rico de diálogo. Eles inicialmente ficaram muito espantados com nossa preposição de abordar a fotografia pela questão do imaginário e da transgressão. Disseram que curadores europeus são muito mais pragmáticos elegem temas dentro da coleção deles como “crianças”, “fotógrafos suíços” etc. Aí de repente cai um brasileiro no meio da história com a proposta de fazer um recorte conceitual. Eles estranharam, ficaram na defensiva no início e depois quando tudo aconteceu se mostraram extremamente felizes e surpreendidos. Disseram que finalmente conseguiram perceber essa tal de liberdade de pensamento que se fala por aí em relação aos latinos. Achei bem curioso.
O mesmo tem acontecido com a mostra “A Invenção de um Mundo”, com as fotos que virão da Maison Européenne de la Photographie, sediada no Marrais, em Paris. Fiz a seleção dos trabalhos com o Jean-Luc Monterosso, que além de diretor da MEP é o cara que idealizou a existência dessa instituição que hoje é talvez a referência máxima em fotografia contemporânea no mundo. O processo de seleção foi muito tranqüilo, o Monterosso tem uma visão do contemporâneo muito libertária. Pensamos bem parecido em diversos pontos. Essa mostra será como um grande segundo capítulo da mostra do MAM. E teremos Joan Fontcuberta dando a palestra inaugural e o Joel-Peter Witkin também falando para o público, além dos workshops que eles darão também.
A mostra do Henri Cartier-Bresson se soma a esse caldo dando uma perspectiva bastante interessante, como se ele de alguma forma fosse o elo perdido entre o documental e o experimental. Isso começa a ficar muito claro para mim. De fato acho que ele coloca a fotografia num debate, já na década de 50, que aos poucos vai ficando cada vez mais oportuno. Mas além das fotos dele e dos fotógrafos brasileiros influenciados por ele que estou fazendo numa sala a parte, o grande lance será os debates no qual será desconstruído o mito do Momento Decisivo. Essa questão, que terá por função desfazer uma certa banalização da forma como a obra de HCB é entendida, será talvez a melhor contribuição do evento.
Enfim, to muito estimulado com tudo isso e espero que as pessoas usufruam.
Foto: Flávio Damm | Bressonianas
Foto: Cristiano Mascaro | Bressonianas
OLHA, VÊ Qual a importância de um clássico como HCB neste cenário cada vez mais de Flickr, auto-retrato, Photoshop, etc?
EDER CHIODETTO Transcrevo aqui, em primeira mão, o último parágrafo de um dos textos de parede que escrevi, para te responder:
“Bresson morreu em 2004, quando a fotografia já havia sido impactada por profundas transformações em virtude das novas tecnologias. Calcada na sensibilidade, na argúcia e no rigor estético, a visão de mundo de Cartier-Bresson e seus pares pode, ao primeiro olhar, parecer desconectada desses novos tempos. Mera ilusão. Ainda que a era da informação e da velocidade se iluda com a crença de que o instante decisivo ocorre o tempo todo, on line, Cartier-Bresson e sua obra permanecem como o fio da meada para o resgate de uma sensibilidade em aparente extinção.”
OLHA, VÊ E os novos projetos? O que em 2010 Eder irá nos trazer?
EDER CHIODETTO O que está certo é que irei retomar o workshop de Ensaio Fotográfico. Darei aulas no MAM-SP e particular também. Gosto muito de trabalhar junto a fotógrafos ajudando-os a desenvolver seus ensaios, provocando-os, procurando caminhos juntos. Com isso devo deixar de dar aula em universidades por enquanto. Sinto falta de um grupo de estudo mais focado.
Darei continuidade nas exposições que tenho realizado na Micasa, em São Paulo,que é um projeto que me estimula bastante, por conseguir fazer a ponte entre novos colecionadores e fotógrafos que possuem uma produção experimental de qualidade sem ter para onde escoar nesse mercado ainda pequeno.
Quanto às grandes curadorias, há uma negociação em curso para levar uma mostra do acervo de fotografias do MAM-SP para Montpellier, na França, além de uma itinerância da mostra paralela do Cartier-Bresson, que dei o título de “Bressonianas” para algumas unidades do SESC no interior de São Paulo.
Foto: Orlando Azevedo | Bressonianas
Foto: Juan Esteves | Bressonianas
Pessoal,
Na noite da quinta-feira, perdi todo o banco de dados do blog e o backup só tinha até a segunda-feira. Consegui recuperar quase tudo, posts e comentários, com ajuda do Cache do Google. Os comentários desse post foram perdidos e estou recuperando.
Peço desculpas pelo transtorno.
…esqueci de colocar meu email…olhoaguia@gmail.com
Olá, Eder!!
Resolvi enfiar as suas perquntas pelo blog do Belém,o.k!
Depois envio as perquntas do Alexandre Belém.
Desde já agradeço a colaboração.
1) Você é a favor ou contra a criação dos coletivos fotográficos? Você socializaria seu próximo ensaio pessoal com um coletivo fotográfico?
2) O que você acha da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) continuar distribuindo de graça fotos do dia-a-dia a empressas de comunicaçâo? O que poderia ser feito?
3) A fotografia brasileira tem o reconhecimento que merece nos museus de arte contemporânea?
4) Fazemos parte agora da REDE (Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil). Como você vê este avanço? Qual a prioridade devemos seguir?
5) A história se repetindo em pleno século 21, O fotojornalista português João Silva ficou gravemente ferido depois de pisar em uma mina terrestre no Afeganistão, a imprensa estrangeira está dando todo apoio, Já, no Brasil, os próprios fotojornalistas não se solidarizam com a categoria, O finado Olivio Lamas queimou seu acervo fotográfico em plena praça pública e ninquem questiona nada. Temos o Antonio Gaudério que teve acidente de trabalho e o Vidal Cavalcante que tambem está com problemas de saúde. Qual sua opinião sobre esse cenário?
Olá,Comandante Eder!!
voltaremos a falar sobre o editor de Fotografia nos grandes jornais,vc sabe que rola reunião de pautas, enfim, recabitulando!! falei que o editor(Dep:Fotografico) pode sim propor varias pautas e que estas pautas pode render bons frutos depende das pautas,o.k,
Não falei que no meu mundo imaginario que criei que “os fotógrafos têm autonomia de fazer as pautas” Imagina!!!
Acho,tambem que vc não deveria substimar as revistas de fotografias brasileira,tem rolado grandes materias fotograficas!!
O Belém disse que eu disse(rsrsr) Qual a sua opinião sobre a crítica fotográfica feita no Brasil?. eu disse que os nomes citados são grandes criticos de fotografias…tambem!!!
Não querendo estender a conversa, gostaria muito de enviar 5 perquntas para que vcs 2 respondesse sobre fotografia, pode ser?…5 perquntas para cada um…colocarei no meu blogs…http://www.jornalolhodeaguia.blogspot.com
Belém, o livro que vc fala e este “Do lado de fora da minha janela, do lado de dentro da minha porta”, …Luis Humberto…ainda não.
Abs,
Bom dia Alexandre,
Por puro egoísmo, busca de fruição, gostaria de ter a mesma opinião que você,mas… Acho que a pouca crítica existente é “pouco corajosa e oportunista”.Mesmo sabendo da universalidade do pensamento fotográfico, é o “estrangeiro” que “domina a cena”.Eles existem por aqui, poucos, mas existem, e são raridades aqueles que expressam uma reflexão profunda,original,autêntica, razão pela qual a “aldeia ainda não é global”, não temos pensadores brasileiros na esfera internacional, bem diferente do que acontece com a produção fotográfica.
Caro Ivaldo, creio que vivemos em países diferentes. Qualquer dia quero visitar esse no qual você vive e ler críticas escritas por Thomaz Farkas e Pedro Martinelli, assinar revistas de fotografia que publicam BEM (!!!) nossos pensadores, conhecer redações onde os fotógrafos têm autonomia de fazer as pautas que querem, conhecer trabalhos em fotojornalismo com grau de complexidade, pesquisa e coesão de um bom ensaio/ fotodocumentário. Aqui onde vivo isso não existe não. Mas eu e muitos outros estamos trabalhando no sentido de tornar isso uma realidade.
Uma das magias da fotografia é que ela nos dá a incrível possibilidade de criarmos um mundo próprio onde podemos nos refugiar. Você criou o seu. Cabe a cada um criar o que lhe é mais conveniente.
Boa sorte,
Eder
Salve, Eder!!
Mais ou menos…minha intenção foi de mostrar que temos algumas revistas de fotografia no pais que volta e meia dar espaço para pensadores,historiadores e fotojornalistas a fazer criticas sobre fotografia e mandam muito BEM…quanto a atuação deles não escreverem recularmente e porque não tem espaço na midia?não acha?…
Quanto as editorias de fotografia,vc foi editor da Folha de S.Paulo
é em um dos trechos da entrevista vc cita “Fotógrafo de jornal só faz agenda, pauta fria.”
Trabalhei muito tempo em jornal diario, hj trabalho em um semanal aqui em bsb.
Enfim, sei que o editor de fotografia quando escolhido pelo editor geral do jornal tem muitas afinidades,de tomarem um bom malte…um bom vinho… entrar e sair da sala com liberdade, o que eu quero lhe dizer e o sequinte, se o editor de fotografia sugere boas pautas para o editor, com certeza estas pautas frias vai caindo, não acha?…Outra coisa que fico intrigado e quando vc fala “E fotógrafos profissionais não devem mais pensar como fotojornalistas, mas sim como fotodocumentaristas.” Na boa!!! Não vejo diferença nenhuma entre ensaista,documentarista,fotojornalista,videofotojornalista,etc!! Acho, que vc ta mais pra pagode do que pra RocknRoll!!!
Abraços Fraternos,
Olá Ivaldo, não entendi o que vc intencionou com essa mensagem. Todas essas pessoas que você cita, são quase todos grandes amigos pessoais meus e todos, sem excessão, profissionais que eu admiro pela trajetória que têm na fotografia brasileira. Mas o que talvez seja questionável seja o conceito que vc tem de “crítico”. Vc listou profissionais que atuam como pesquisadores, historiadores, produtores e fotógrafos. Nenhum deles, com excessão do Juan, escrevem regularmente na mídia, não atuam no exercício da crítica na mídia escrevendo sobre o que está acontecendo no universo da fotografia, seja nas artes, seja em outros canais de expressão. Cinema, literatura, artes plásticas, dança e outras linguagens possuem críticos específicos nos principais jornais e revistas. Foi essa diferença que busquei salientar. Esclarecido? Grato. Eder
OLHA, VÊ Qual a sua opinião sobre a crítica fotográfica feita no Brasil?
EDER CHIODETTO Ela existe? Me apresenta? Não conheço.
Comandante,Éder!! vc conhece este pessoal?… Pedro Karp Vasquez,Rubens Fernandes Junior,Milton Guran,Boris Kossoy, Ricardo Mendes,Joâo Bittar,Pedro Martinelli, Thomas Farkas,Luís Humberto,Juan Esteves? ETC!!! ETC!! ETC!!! O que eles representam no Universo da Fotografia Brasileira pra vc?…
Se temos poucos “pensadores de fotografia”,imagine críticos…(?)
Eder, j’aimerai vous envoyer une adresse électronique,(sans assistance publique). Est-ce possible ?
Si oui, pouvez-vous me le confirmer sur mon email :
fatima@rochaperini.com ?
Merci Beaucoup !
Fico muito feliz em ver um fotógrafo que também merece ser lido. Essa entrevista é uma verdadeira avalanche de significados. Como sempre falo aos meus alunos, vamos controlar “a incontinência dedal” e mantermos o foco (ou não!) no conceito que gostaríamos de ver representado. O fotógrafo precisa ter mais segurança e apostar nas boas narrativas. Quando vejo uma fotografia e percebo uma história por dentro daquela imagem, de fato, aquilo me emociona. Obrigada Eder, pela clareza, lucidez e generosidade em dividir o seu conteúdo.
Quando você fizer o workshop (ensaio fotográfico) no MAM, por favor, me chame.
Grande abraço,
Rose May
rosemaybsb@gmail.com
É isso caríssimo Éder. Crise, como dizem os budistas(e eu acredito) significa “risco e possibilidade”. Que venha então a reinvenção.
No mais, concordo com o pessoal da Cia de foto: bem que vc podia escrever um pouco mais ….
abraços,
paula sampaio
Bela entrevista. Não podia esperar nada diferente deste espaço pilotado pelo Belém.
Legal de viajar na palavras de Éder é lembrar o tempo que trabalhamos juntos. E recebi vários puxões dele durante seu período na Folha e elogios, quando merecia, desse caro amigo. Falar em estar devendo: Éder está devendo uma visita aos amigos de Brasília e prometo não sair voando com o carro dessa vez.
Ei Alex, esse seu depoimento é corajoso e valioso. Valeu! E como eu já disse crise é bom, é sempre ela que nos impulsiona a sair do marasmo! Avante galera!
Vejo o texto que o Eder escreveu com muita verdade.
Esse sentimento de queda no fotojornalismo é corroborado pelo mundo “vivido”, engolidos estamos pela velocidade dos processos. As tecnicidades, sim, melhoram. Mas as ideologias e sentimentos poéticos, deterioram. Perdem para a pressa e a demanda imagética publicitária do mundo. É fato. E digo poesia não como foto única, mas como modo de trabalho (com verba suficiente… espaço suficiente…). Basta pensarmos em Bresson na Índia documentando Ghandy… Hoje no Brasil você pensa em Amazônia (perto? longe?) …ultima floresta do mundo… povos escondidos… mais de 200 linguas diferentes… e o que você vê em jornal ou Revista é uma pobre caricatura. Com raras exceções (a última foi uma bela Revista do Estadão). Isso pra ficar num só aspecto da realidade, sem falar na ausência da investigação social em outras áreas…
A sobrevivência da boa documentação fotográfica da realidade do nosso país impressa nesses meios que fazem a grafia da história, passa diretamente pela paixão de gente como o Eder, ou por editores da hora. É quase uma política de resistência, me arriscaria dizer… Para fazerem o contraponto as necessidades burocráticas e de mediação de fechamentos/necessidades de jornal/Revista.
É pra se pensar sua sacada de nos pensarmos menos fotojornalistas e mais fotodocumentaristas.
Enfim… iria longe nas idéias…
Parabenizo Éder pela lucidez (e acidez). Precisamos disso para chegar a compreensão exata dos desafios e demandas da nossa profissão.
Ao Belém também, pela inteligência de suscitar o que precisa ser dito.
Muuuito legal essa entrevista!
realmente uma combinação que deu nisso, um espetáculo de bate-papo.
A clareza de Éder deixa a entrevista muito mais empolgante e as suas críticas são sem dúvida, muito construtivas.
Parabéns, Belém! O Olha, Vê é um prato cheio de informações valiosas da fotografia, com direito a sobremesa com o novo quadro Mostre o seu Raw!
Muito legal ver que você não relaxa com o blog e que sempre está preocupado em fazer uma atualização cada vez melhor que a outra, o que é a tarefa mais difícil de manter um blog.
Continue sempre! O Olha,Vê já é um marco muito importante na fotografia brasileira.
Belém e Éder
parabéns por nos trazer um pouco de profundidade e reflexão nesses tempos de fotografias e histórias “sem conteúdo”.
Está cada vez melhor isso aqui 🙂
Isso, Eder e Alexandre! Precisamos de conteúdos que gerem reflexões… precisamos nos reinventar! Parabéns.
Exagerado….como sempre….rsrsrsrs eu pago o vinho sim, mas o peixe já é história de “crítico de fotografia”….rsrsrsrsrsr.
Parabéns pela entrevista Eder, e principalmente pelo trabalho que vc vem desenvolvendo.
Toni Pires??? Gente, tomem cuidado com ele. Agora denuncio em público, esse cara me deve um vinho e um peixe há uns cinco anos!!!!
Belém, voce realmente consegue se superar. Bela entrevista. Eder, como sempre, muito transparente, muita personalidade. Um presente para todos nós apaixonados por fotografia, ter mentes como de Chiodetto e Belém, discutindo e debatendo fotografia.
Olha…..esse Olha, vê…..ta fazendo história. ……..”bota reparo”….ta fazendo mesmo……abraços aos amigos.
Bacana, bacana, bacana! Leio o E.C. há anos e é legal, tbém, ler ele sobre ele (?!). Uma consonância: em POA, em 2004, fizemos como uma atividade paralela à mostra “Os Europeus” (Santander Cultural, 2004) um workshop q resultou em uma exposição chamada “Bressonianas – os portoalegrenses”. Não tinha o Mascaro enm o Damm, tá certo, mas também era bem legal! 🙂
Esse Blog tá ficando muito bom! Quando a gente pensa que já está, ele aparece melhor. Tivemos essa sensação na entrevista de Bob Wolferson.
Voltamos a tê-la agora.
Éder vem fazendo um excelente trabalho com muita pesquisa e didática. Aqui na Cia, somos seguidores.
E ele mesmo diz que não há crítica na fotografia brasileira, né?
Pois é, as vezes vemos coisas pertinentes escritas por ele, e queremos tratá-las com uma crítica. Mas concordamos com essa inexistência. Se bem que temos algumas presas nos portais intransponíveis de nossas Universidades. É, não sabemos…”Ela existe? Me apresenta? Não conheço.”
Aliás, Éder, seria muito melhor para a gente que vc escrevesse mais e publicamente. Não somente para Ilustrada, mas para o público de fotografia!
Que bela entrevista, trazendo temas importantíssimos para a fotografia e mostrando sem terrorismo, os novos horizontes que devem ser perseguidos.