Miguel Chikaoka

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Por Miguel Chikaoka.

Oi Alexandre,

Juro que, durante esse tempo que passou, lembrei-me de muitas fotos que aprecio, mas curiosamente não se deu o “insight”…

De repente, O Vento!

Portanto, se possível enquadrá-lo na seção, O Vento, do Manoel de Barros, é uma foto que eu queria ter feito.

O VENTO

Queria transformar o vento.

Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.

Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física

do vento: uma costela, o olho…

Mas a forma do vento me fugia que nem as formas

de uma voz.

Quando se disse que o vento empurrava a canoa do

índio para o barranco

Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a

canoa do índio para o barranco.

Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.

Estava quase a desistir quando me lembrei do menino

montado no cavalo do vento – que lera em

Shakespeare.

Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos

prados com o menino.

Fotografei aquele vento de crinas soltas.

Por Manoel de Barros, in Ensaios Fotográficos, Editora Record (2000)

Comentários 6

  1. Que foto hem Miguelito. Talvez uma foto do desejo de muitos. Mas ai está um pouco de você, livre ao vento, idealizador, elétrico e apaixonado. abçs

  2. Em meus testemunhos sobre quem admiro na fotografia, alguns de meus amigos estranham a não citação de nomes “famosos” e a primeira e unica citação e a de Chikaoka. Admiro o ser humano, que vai alem do profissional da fotografia, admiro a poesia que exala no bate papo informal…admiro sem mais..Miguel Chikaoka…parabens pela bela fotografia…sem fisica, sem quimica, sem toques…

  3. Miguel, “a foto saiu legal”, como nos diz o próprio Manoel de Barros em outro poema. Linda a sua escolha, a foto que vc queria ter feito é uma imagem livre na nossa imaginação. Obrigada por compartilhar suas impressões! Abs, Lívia

  4. O Miguel gosta de uma poesia, olha o que ele diz aqui no site do Elias Andreato – http://www.almanaquebrasil.com.br/meu-lugar-e-aqui/miguel-chikaoka/ – : “Inspiro-me em Fernando Pessoa, que tão bem traduziu essa coisa do sentimento, do amor, do olhar: “… o mundo não se fez para pensarmos nele (pensar é estar doente dos olhos) mas para olharmos para ele e estar de acordo… porque quem ama nunca sabe o que ama nem sabe por que ama, nem o que é amar…”

    Quando lhe perguntam “(…)Como um fotografo vê este espetaculo de cores e formas?”, Miguel responde, “(…)O desafio é como interagir com tudo isso sem destruí-lo ou aprisioná-lo.”.

    Quando fotografa faz poesia tambem… e captura o vento sem aprisioná-lo. É so sentir…

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