Rosely e Diógenes

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Fotos: Cia de Foto

Palestra com Diógenes Moura

Por Georgia Quintas.

A programação do deVERcidade conseguiu reunir três dos mais significativos curadores da fotografia brasileira: Eder Chiodetto, Diógenes Moura e Rosely Nakagawa. Foram três momentos que nos fizeram pensar sobre a fotografia que dialoga com o público e a importância de “intermediar” o trabalho fotográfico em abordagens expositivas que permitam a fruição poética que ocorre diante das imagens.

Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, trouxe uma sensação nova. Apresentou um monólogo intitulado Eu, quem? Um retrato em preto e branco. A sala fez-se silenciosa para entender a proposta refinada de Diógenes. Lendo suavemente, destrinchou suas percepções sobre retratos que acompanhavam a cadência de suas palavras. A ideia em alinhavar literatura e fotografia traduziu-se numa leitura performática, a partir da qual espelhava as camadas imaginárias que cobriam os retratos eleitos por ele. No entanto, Diógenes Moura, depois de seu monólogo, palestrou sobre sua experiência como curador há dez anos. Falou da conquista pelo espaço curatorial construído na Pinacoteca, que começou em 2000, na Galeria da Cafeteria. Além de explicar um pouco sobre o processo de realização de exposições, Moura ponderou que articulações devem ser cada vez mais firmes para que se vislumbre a possibilidade de circulação das exposições entre instituições museológicas e centros culturais no país.

Palestra com Rosely Nakagawa

A curadora Rosely Nakagawa nos presenteou com uma palestra emocionante e didática sobre Fotografia e Mercado. Sua fala emocionou-me, particularmente, por sentir o momento raro que ali acontecia. Rosely representa o início de várias histórias: da Galeria Fotoptica, de seu pioneirismo como curadora na fotografia brasileira (a partir da década de 1970), da organização de mecanismos de difusão da fotografia, do Nafoto e de eventos importantes para o debate sobre fotografia como o Mês Internacional da Fotografia. Ela foi e é representativa em várias questões importantes para a compreensão de nossa identidade fotográfica. Em sua explanação, análises precisas sobre o mercado permeavam sua extensa trajetória curatorial. Vimos imagens do começo de histórias de grandes fotógrafos como Mario Cravo Neto e Sebastião Salgado. Rimos ao vê-los, em fotos do acervo de Rosely, tão novos… Nos encantamos com as fotografias de sua coleção. Ou seja, uma palestra para ficar na memória por tudo que Rosely personifica para a fotografia. Quem participou de sua oficina de leitura de portfólio certamente me fará ainda mais coro.

Comentário 1

  1. Caros Georgia e Alexandre
    Obrigada pela publicação do resumo da palestra e da bela cobertura que vocês fizeram do evento.
    Custo a chamar o Encontro de evento pois ele deixa sedimentados muitos acontecimentos duradouros.
    Acrescento que minha fala tem como intenção mostrar que falar sobre o começo das coisas é mostrar mais do que o que foi vivido ou mostrar as memórias de um passado.
    É mostrar que todos começam um dia, errando, aprendendo, esperando que os fotógrafos comecem com uma experiência a mais.

    Aproveito o seu espaço para parabenizar os organizadores Bia e Tiago pela impecável grade de atividades e convidados. Coisa rara de ver.

    abraços

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