Nati Canto

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Fotos: Nati Canto –Ensaio “Hanging Women” (2007-2010)

“Levei um tempo para querer me assumir fotógrafa, talvez porque no fundo eu sabia que não teria retorno”, pensava a já assumida fotógrafa Nati Canto. Na verdade, “foi há pouco tempo que enxerguei em mim, após quase dez anos de amadorismo que fotografar era a única coisa que eu conseguia fazer sem trocar por um novo e passageiro interesse”. E continua, tentando entender os elos afetivos em fotografar: “Acho que amor é isso. Amor pelo o que eu acredito que me preenche”.

Imersa em suas tomadas de consciência em ser fotógrafa, Nati Canto faz suas imagens discorrerem, seguirem ideias questionando processos e posturas diante da fotografia. Em seu trabalho “Metrô”, se presta a descumprir o modelo da câmara digital; a converte numa pinhole digital e tenta vislumbrar situações e sensações a um espaço urbano corriqueiro e banal. A tonalidade, a granulação e a baixa velocidade compõe dada estética que refuta a representação documental. Em vez disso, Nati Canto expressa formas e cores que transitam na ideia de prover dado território enquanto metáfora da passagem dos indivíduos na metrópole.

Em “Hanging Women”, working progress iniciado em 2007, a poética suscita vários tópicos da contemporaneidade e não somente dela. Nati Canto coloca em cena o corpo da mulher em simbiose com lugares. As personagens não encaram a câmera e assim, portanto, mulheres anônimas tornam-se cartografia de sentimentos pendurados em lugares intrigantes. Entrevemos questões muito próximas da produção nas artes visuais: o corpo como guia de encenação e pressuposto de encaminhamentos conceituais. Entretanto, “Hanging Women” flerta com a performance – tão caras às ações de rupturas no campo da arte nos anos 1960 e 1970 – e revela que a linguagem não se esgota no enunciado. As mulheres inventadas, que mais parecem sair de fábulas, nos levam com elas para dentro da imagem.

Georgia Quintas, abril de 2010.

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Ensaio “Metrô” (2010)

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BIOGRAFIA

São Paulo (SP), 1982.

Não é formada em fotografia e não sonhou desde cedo em tornar-se fotógrafa. Nati Canto já migrou do Jornalismo para a Literatura e desta para a Gastronomia, abandonando as opções citadas como também inúmeras outras que dependiam de suas variações de seu humor. Recebeu menção honrosa pelo Prêmio Sesc de Fotografia Marc Ferrez de 2007 e expôs na Mostra Livre de Artes (MOLA) no Rio de Janeiro no mesmo ano. No ano de 2009 publicou sua obra na revista ZUPI, no site da revista TRIP e expôs seu trabalho no Café Suplicy.

Em Janeiro de 2010 foi aceita no Curso Abril de Jornalismo da editora Abril , durante o qual participou de projetos na categoria fotografia por seis semanas. Publicou seu trabalho em revistas como Bravo!, VIP, Playboy, Nova Escola, Capricho e Vida Simples.

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