Möbius, de Luis Gonzáles Palma
Emoções que não se acalmam
Por Georgia Quintas
Luis González Palma investiga a imagem como território de construção de significados. Demonstra em seu universo de criação a busca pela encenação, por narrativas próximas a conotações oníricas e metafóricas, pois acredita que a imagem fotográfica nos leva para outros tempos e memórias.
Sua fotografia é resultado de uma longa percepção sobre as pessoas, os objetos, as coisas, a família e a imaginação. Jerarquías de Intimadad (El duelo, 2005 e La separación, 2008) e Möbius (2013-2014) são pesquisas que suscitam a inclinação por esta passagem de resignificação de tempos vividos e de códigos estabelecidos.
A concepção de redenção no discurso poético e estético em sua obra desoculta inquietações da alma, tenta sanar feridas, numa espécie de acalmamento das emoções, por meio de um tempo narrativo ambíguo, repleto de diálogos internos sobre seus pensamentos contaminados de história cultural e pessoal. Narrativas poéticas potencializadas pela noção de ficcionalização do signo visual.
A fotografia de González Palma atravessa nosso olhar por mundos oníricos, aparentemente sublimados pela reflexão de códigos visuais desconcertantes, cujo teor surreal é o avesso literal do real. Cenas, cenários, atmosferas e personagens que ecoam sentidos múltiplos em nós. Imagens desassossegadas que se tornam fotografias pelo silêncio das palavras que guardam consigo.
* Texto de apresentação da exposição “Möbius” de Luis Gonzáles Palma na Galeria de Babel, São Paulo, entre 8 de abril a 30 de maio de 2015.
Outros textos de Georgia sobre o trabalho de Palma:
Ara solis (aqui estoy frente a mi)
Um olhar para além da realidade: quando fotografamos para sonhar