Frans Krajcberg. Escultor e ativista ambiental. Grandioso e comprometido em tudo o que fez e faz através de sua arte. O trabalho de Krajcberg é visceral, engajado, profundo, de uma vida pela vida.
Tenho questionado sobre rupturas no fazer fotográfico, as dinâmicas contempôraneas, o relativismo no caráter da identidade de quem aperta o botão da câmera. Mas também sobre o antes, o depois, o entorno, as associações, os desmembramentos temáticos, a imagem-signo que não é mais absolutamente real e sim propósito, a partilha do ato fotográfico…
O passado (histórico mesmo) e imerso no tempo do surgimento da linguagem fotográfica, a modernidade, a pós-modernidade, a contemporaneidade desvelaram maneiras inquietantes de criarmos através da fotografia. O próprio tempo nos ensina muita coisa e por isso restaurar a memória, o nosso repertório, é um fator de alfabetização de como ampliar o olhar. Vermos o já visto, retomarmos fotógrafos e suas imagens é encontrar as conexões, literalmente, o fio da meada.
E volto ao Krajcberg. Nada mais revigorante do que ouvir palavras contundentes da boca de um homem que vale a nossa atenção. Em novembro de 2008, Frans Krajcberg (em entrevista a Folha de São Paulo, 30 de novembro), ponderou sobre o século 21:
“A arte não entrou ainda neste século. Não abriu a porta. A única arte que entrou no novo século foi a fotografia”.
E disse mais: “Estou impressionado com a forma como a França acordou, como a Europa está acordando, enquanto a gente dorme bem confortavelmente e não acompanha nada. A arte no Brasil ainda não começou a mudar”.
Assim pensa Frans Krajcberg. Essas são suas palavras que podem nos servir para uma grande reflexão.