Adelaide Ivánova nas Oropa, finish

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Foto: Adelaide Ivánova

Helmut Newton: Sumo e Three boys from Pasadena

Berlim era a cidade que eu mais queria conhecer na Europa. Mas o destino, esse moço pimpão, rearranjou as coisas e meu foco mudou – de uma cidade, foi prum bofe.

De modo que fui para Berlim quando deu e só deu para ficar três noites. E Berlim em si – as ruas, as calçadas, as pessoas, as paredes, os muros (hehe, piada sarcástica) – é uma vivência, um museu da história recente a céu aberto. Então quis não entrar em canto nenhum, em museu nenhum – queria ficar na rua olhando a cidade existir. Mentira, eu entrei num bar. Mas foi só um!

Só teve um museu ao qual não resisti: a Fundação Helmut Newton, que funciona dentro do Museum für Photographie. Pois bem. Deixei para ir lá no fim do dia do meu último dia em Berlim, crente que ia fechar com chave de ouro. Mas deixa estar que, mais uma vez, o destino-pimpão me pregou uma peça. A começar, pelo preço da entrada: oito euros, que é mais do que se paga para, por exemplo, entrar no FUDEROSO Museo del Prado, em Madrid. Chega tomei um susto, e uma pequena lágrima de desgosto caiu da minha carteira.

No térreo está a exposição permanente Private property, só com os cacarecos pessoais de Helmut: do carro ao escritório, lá remontado; dos livros ao acervo de câmeras. É sempre ótimo ver objetos pessoais dos artistas que a gente gosta, ajuda a aumentar (ou complicar mais ainda!) a compreensão do processo criativo deles.

Os vídeos, que rolam non-stop nessa sala, mostram inclusive que o segredo de Helmut era muito mais a pré-produção do que o equipamento que ele usava. E tome luz natural!

Depois, no andar de cima, as salas de mostras temporárias. Em uma delas está a tal da Helmut Newton: Sumo – que é uma réplica, na vertical, de todas as 394 fotos do livro homônimo, lançado pela Taschen em 1999. Quando eu li o folder, achei maravilhoso! Pensei que era a oportunidade de ver, live, imagens de um livro especial (Sumo teve apenas 10 mil cópias lançadas, todas assinadas por Helmut, pesava 30 kg e custava 15 mil dólares).

Mas as imagens da “exposição” são em papel couché! Perdoem se estou sendo maneirista, mas pagar 24 reais para ver foto arrancada de um livro e pendurada na parede é um pouco demais! E fica pior: as fotos cobrem as paredes do rodapé até o teto, de modo que não dá para ver direito as fotos que estão lá em cima! E o vidro das molduras não é anti-reflexo. Falei.

A sala ao lado, um pouco menor, guarda o real tesouro desta temporária: 100 retratos tirados de Sumo, copiados do negativo, ampliados em tamanho pequeno num papel decente, que não estão penduradas perto da Mesosfera. Se eu soubesse, teria começado por essa sala e sido feliz. Mas quando cheguei nela, depois de duas horas vendo foto falsiê, já estava com a vista cansada e com abuso de tamanho embuste. E já tinha visto as mesmas fotos que tinham lá, na sala maior… Em papel couché. Bela merda.

Mas nem tudo é um desastre: nessa sala também está Three boys from Pasadena, com fotos de três ex-assistentes de Helmut. Mark Arbeit e George Holz clicam beeem no estilo Helmut. Já Just  Loomis é um excelente retratista, que fugiu da “síndrome do assistente” e conseguiu criar uma linguagem que, senão própria, ao menos não é chupada do ex-chefe! Sinceramente, foram as fotos dele (mais a Private Property) que valeram meus oito euros.

Felizmente, Helmut Newton: Sumo é uma mostra temporária (fica em cartaz até 31 de janeiro do ano que vem). Para saber mais sobre ela, clica aqui. Three boys from Pasadena também fica em cartaz até o fim de janeiro.

A Fundação Helmut Newton fica na Jebenstraße, 2 – Berlim.

por Adelaide Ivánova.

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