Manu Melo Franco

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Fotos: Manu Melo Franco –Ensaio “Des-água” (2009)

“Nunca ganhei prêmios, nunca expus minhas imagens, nunca participei de concursos. Fotografo pra me entender, pra reviver e reinventar minhas memórias, pra brincar com as gavetas do meu peito”. Esta é Manu Melo Franco. Direta, assertiva e sensível ao seu espírito e ao que a fotografia pode retirar de suas “gavetas”. Quando vemos seu ensaio p&b, “Des-água”, particularmente a fotografia do menino emergindo da água, impossível não lembrarmos de Claudia Andujar. O clima feérico, a imagem-sonho que lateja é encantadora. Tanta beleza numa só fotografia que entorpece. Depois, o ensaio deságua translúcido, na dinâmica plástica do claro-escuro que ajuda a reverter o tema em tônica sutil do onírico.

Manu, a fotógrafa, sabe bem que “casar-se” com a câmera tem suas crises. Após encontrá-la e vivê-la intensamente, vieram os questionamentos e uma espécie de esgotamento do olhar. E descobriu que só pensando muito e pesquisando se vive mais tranquilamente com ela. Daí, pensamos que, paradoxalmente, o ato de fotografar parece fácil para Manu porque suas imagens possuem estilo. E assim, o discurso acontece através do emaranhado de sensações que a relação simbólica da água abarca. Outro caminho percorre o ensaio “Em dia de chuva eu me seco assim”. Brincadeira, invenção, exercício de propor a graça formatada por um objeto (a geladeira) e seus adereços surreais. Manu faz deste ensaio uma construção de signos que, de tão plástico, torna-se curioso entender o significado de tais imagens. Cada um vai encontrar uma saída para este ensaio de Manu, não importa os sentidos. Importa a ação do criar que ela nos sugere. Que a criatividade desta jovem fotógrafa sempre aporte, sobretudo, ideias.

Georgia Quintas, março de 2010.

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Série “Em dia de chuva eu me seco assim” (2008)

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BIOGRAFIA

Belo Horizonte (MG), 1980.

Me formei em Jornalismo, na tentativa de tentar aprender a lidar com as palavras, numa busca iludida e quase desesperada de aprender a me expressar. Tive aulas de fotografia durante um semestre, passei com média 6 porque não fazia os exercícios técnicos. Minhas imagens eram sem foco e os planos tão fechados que quase não se entendia o que eram.

Finalmente estava cuspindo as coisas de dentro de mim, troquei o texto pelas imagens.

Mudei pra Londres, comprei uma Nikon F55, caixas e caixas de filme, galerias e exposições, fotos, fotos e fotos. Agora a busca era outra, tentar driblar as falhas da memória e fotografar tudo freneticamente pra não esquecer de nada.

Cheguei em São Paulo de olhos cansados, de câmera largada, casamento desfeito. Achei que era hora de uma terapia de grupo pra gente e ingressei numa pós-graduação, no Senac/SP. Ficamos felizes com os resultados, em parte. Voltamos a nos relacionar bem, uma vez que entendia melhor o que estávamos fazendo. Por outro lado, descobri uma predileção enorme pelo pensar, pela crítica, pela pesquisa, pela curadoria. Saí com mais perguntas do que respostas e atrás delas eu sigo até hoje.

Nunca ganhei prêmios, nunca expus minhas imagens, nunca participei de concursos. Fotografo pra me entender, pra reviver e reinventar minhas memórias, pra brincar com as gavetas do meu peito.

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