Imagens do passado

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Foto: Eduardo Seidel

Por Georgia Quintas, do Recife (via transmissão online)

Ontem, o Seminário “Coleções Públicas e privadas: um olhar autoral no tempos” exemplificou os porquês sobre a relevância vital de salvaguardar documentos iconográficos. Os representantes das instituições convidadas, Marcos Vinícius Neves (Fundação Garibaldi/Acre) e Albertina Malta (Fundação Joaquim Nabuco/PE) nos deram a dimensão, as dificuldades, as urgências e particularidades dos acervos em questão.

Marcos Vinícius aproximou-nos da História do Brasil a partir e através de imagens.  Fez conexões em sua narração a respeito de realidades históricas, políticas e econômicas e, segundo o próprio, esforçou-se em mostrar a trajetória fotográfica no Acre.  O historiador destacou o cuidado, a consciência e, sobretudo, as políticas públicas que se devem ter perante caixas de sapato adormecidas em municípios, grupos sociais, etc. Certamente, uma triste constatação sabermos de extravios, situações pitorescas e inglórias de saques sistemáticos destas caixas de sapato.

Assim como Marcos Vinícius, Albertina Malta, da Fundaj, falou sobre os mecanismos de aquisição, preservação, indexação, digitalização, entre outros aspectos de um dos mais importantes acervos iconográficos do país. Apresentou detalhes da sistematização de informações das fotografias e da disponibilidade do acervo pelo site da Fundaj. Também introduziu particularidades do acervo fotográfico de Joaquim Nabuco, assim como da Coleção Francisco Rodrigues (esta de grande valor para a memória da cultura e sociedade açucareira do nordeste brasileiro).

São mesas como essa que revelam a necessidade de difundirmos o quão significante é o legado fotográfico para a sociedade e sua memória. Bem disse Carlos Carvalho quando considerou com firmeza sobre a importância da preservação de coleções fotográficas enquanto cidadania.

Minha relação com a Coleção Francisco Rodrigues é muito especial. Convivi e a “escavei” tão longamente como tema do meu doutorado que, hoje em dia, ela tornou-se simbolicamente espécie de caixa de sapato: familiar, próxima e afetiva. Pesquisei as entrelinhas dos retratos de família de meados do século 19 e início do 20.

No período dedicado às pesquisas, minha sorte foram os contatos realizados na década de 1980, pelas ações fomentadas pelo Instituto Nacional da Fotografia da Funarte. Joaquim Marçal chegou a falar desse capítulo significativo da nossa história fotográfica.

A digitalização preserva o desgaste do contato manual, difunde mais facilmente e vai além auxiliando inclusive a busca através da imagem e suas informações indexadas.  Hoje, o tempo dedicado talvez fosse menor. Não importa. Quem trabalha com acervos sabe da experiência única em “apreender” cada cena, cenário, personagens e casas fotográficas. Em 2007, a tese foi defendida. A partir de então, diria que a alma da memória está em guardar fotografias.

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Mais uma colaboração de Georgia que está no Recife. Aproveito (o gancho da tarde aqui no FestFotoPoa) e faço uma propaganda deste trabalho que fez parte da nossa família, como é comum numa tese de doutorado. A tese de Georgia foi fruto do doutorado em antropologa visual defendido na Universidade de Salamanca (Espanha), em 2007. Foram vários anos de dedicação e pesquisa num arquivo com mais de 17 mil imagens. “Imagens do Passado” desvelou a sociedade da aristocracia canavieira pernambucana pelas fotos de fotógrafos do final do século 19 e começo do 20.

Um trabalho revelador. No dia 21 de dezembro de 2007, noticiei a banca. Veja, aqui. Para saber mais e ler algo da tese, clique aqui.

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