Há poucos dias, chegou em minhas mãos um livro raro de fotografia. Daquelas pérolas que passa do avô para o pai e para a neta. No momento, lembrei do Prof. Rubens Fernandes Junior. Tinha certa lembrança do título e da importância desta publicação para a história da fotografia brasileira num de seus posts para o Icônica: 170 anos de fotografia no Brasil. Viva a Fotografia Brasileira! Trata-se da edição de 1953 de “A Fotografia no Brasil e um de seus mais dedicados servidores: Marc Ferrez (1843-1923)”. Esse livro – na realidade, uma separata – de Gilberto Ferrez (1908-2000), historiador e neto do pioneiro da fotografia brasileira Marc Ferrez, para minha surpresa fora dedicado ao meu avô pelo autor (datado de 1954). Não temos a mais vaga ideia desta aproximação entre os dois. Talvez, por serem historiadores…
Não falarei sobre o livro, pois o Prof. Rubens já apresentou a relevância desta publicação. No entanto, destaco um trecho presente logo na primeira página da obra que ratifica a importância de preservarmos a memória iconográfica:
“O autor aproveita o ensejo para dirigir um apêlo a todos aquêles que, por feliz acaso, possuam fotografias de cidades, prédios, fazendas, engenhos, paisagens, etc., do Brasil, colhidas no século passado, solicitando-lhes que se comuniquem com êle ou com os museus, bibliotecas, arquivos públicos e especialmente a Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a fim de que se possa empreender o levantamento de quanto ainda existe”.
Ao ler esse apelo, torna-se mais do que claro que sem o arquivamento, a sistematização das particularidades materiais da fotografia não encontraremos os eixos históricos, as referências estéticas e técnicas. Ou seja: os tracejos socias e econômicos que dão contorno e sentido à fotografia. O próprio Porf. Rubens é um exemplo de dedicação em garimpar e guardar “coisas sensíveis” do universo fotográfico.
Fica aqui também outro apelo – que creio ser determinante – para que esses ciclos simbólicos diante dos livros perdurem: é preciso que se fomente e que se viabilize de qual maneira for publicações de e sobre fotografia. O campo editorial é uma forma de normatizarmos a produção fotográfica, o pensamento e a história que vivemos. Que os livros sejam sempre bem guardados para que cheguem às nossas mãos. Lindo sentir isso.
Por Georgia Quintas.
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