Abraços João!

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João Bittar (1951-2011)

Interrompendo o recesso do Olhavê para lembrar um pouco de João Bittar, falecido neste domingo.

De cara, gostaria de deixar registrado que as centenas de postagens no perfil de Bittar no Facebook são uma justa homenagem. Emocionante de verdade!

Eu não tinha proximidade com Bittar. Tenho apenas memórias, influências e referências.

Para um fotógrafo de jornal no Recife – no começo dos anos 90 – e fã dos grandes mestres, Bittar estava na minha lista de adoração. O cara fundou a Angular, tinha uma puta história, chefiava na Folha uma equipe absurda, etc e tal.

Em 1995, ainda “menino”, deixei um bom emprego no Jornal do Commercio e abri uma agência de fotografia com mais três colegas. Inevitável: a Angular e a F4 eram referências.

João Bittar comandava a Fotografia da Folha de S. Paulo e foi um dos que mais nos ajudou. Não digo diretamente e não sei se intencionalmente. Só sei que a Folha era um dos nossos melhores clientes e tínhamos muito (muito mesmo) espaço no jornal.

Era uma época em que do outro lado da linha tinha gente que sacava de fotografia e entendia o que fazíamos. O diálogo era muito bom e nos sentíamos valorizados.

Como não gostava das pentelhações e produções das revistas, ficava pegando mais as pautas de jornais. Durante oito anos, fiz muita viagem e reportagem com a sucursal da FSP no Recife, além de jornalistas de São Paulo que pintavam pelo nordeste para pautas-broncas.

Além disso, a Fotografia da Folha sempre pedia uma foto para dar um “molho” em alguma pauta ou assunto nacional. No final, rolava sempre uma capa do Recife. Nessa levada, a Lumiar e depois a Titular ganharam fama nacional. O trio de assistentes de Bittar na época era Toni Pires, Adi Leite e Eder Chiodetto.

Visitei a Folha em 1997 (acho) e nos conhecemos rapidamente. Ele num cantinho e o monitor cheio de fotos de agências, as pautas dos fotógrafos… O respeito só aumentou.

Uma das recordações mais legais é de uma viagem. Era 1998, estava no sertão pernambucano cobrindo a onda de saques do MST. Fiquei por lá mais de vinte dias. Uma correria louca: fotografando nas estradas da região, correndo até Petrolina para revelar, escanear e mandar para a Folha. Transmissão via ZModem, linha discada, uma merda.

No “melhor dia” de cobertura, umas dez horas de trabalho e tinha feito uns cinco filmes. O que mandava era publicado. Pela noite, estava jantando com o repórter – o grande Fábio Guibu – e o motorista. Em conversa por telefone com a redação, Bittar diz que na reunião de fechamento decidiram que a capa sairia com três fotos do saque e enfatizou que era raro um fotógrafo emplacar três fotos na primeira página (imagem acima).

Já contei esta história cem vezes e ainda vou contar para a minha filha e netos.

Em 2009, tentei uma entrevista com Bittar para o Olhavê. Trocamos uns e-mails mas não rolou por desencontros da vida. Hoje, achei no meu Gmail a resposta dele ao meu convite. Fiquei contente porque faz dois anos que não fotografo e este e-mail me lembrou que ainda sou fotógrafo.

Abraços João!

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Alexandre,

mil perdoes por demorar pra te responder. sou meio atrapalhado e andei muito apurado esses dias.
de q. forma, estou a sua disposicao para a entrevista e aguardo seu contato para combinarmos melhor os detalhes.
quanto as suas apresentacoes, eram quase dispensaveis pra mim que conheco seu otimo trabalho ha tanto tempo. imagino que outros editores de fotografia dos veiculos aqui em saopaulo, assim como eu, tambem reconhecem seu nome. Credetemi!!!

abraco,

joao

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Abaixo, uma aula.

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