Valter Vinagre

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Foto: Valter Vinagre/Kameraphoto

Cinthia Beranek, acrobata

Valter Vinagre é fotógrafo do coletivo português Kameraphoto e passou uma semana “infiltrado” na Folha de S. Paulo. Ele estava fazendo parte de um projeto bem bacana, veja detalhes aqui.

Abaixo, Valter responde umas perguntas do Olha, vê.

Como surgiu esta ideia do coletivo Kameraphoto de se “espalhar” pelo mundo em redações de vários jornais?

A ideia partiu do Guillaume, da Sandra e da Pauliana, todos fotógrafos do colectivo e a foi resposta a um repto lançado pelo responsavel pela Kgaleria para a realização, durante o ano de 2009, de um grande projecto que envolvesse todos os membros do Colectivo.

A ideia motor foi “vamos uma semana para um jornal diário do mundo, confrontar o que sabemos deles pelo internacional”, podendo assim experienciar as preocupações de quem vive numa cidade e de quem cobre os acontecimentos locais/nacionais: os jornais diários.

A divisão fotógrafo/país foi feita seguindo algum critério?

Sim. Partimos da premissa de que o fotógrafo poderia já ter estado no país escolhido mas nunca na cidade onde o jornal estivesse sediado. Deveria, igualmente, dominar uma língua para facilitar a comunicação no país seleccionado. Houve, desde o inícios cidades que nunca estiveram fora do leque pela sua relevância actual: São Paulo, Nova Dehli, Moscovo e Macau (neste caso por ser território chinês).

Foi definida algum tipo de pauta ou preferências que seriam seguidas nos países?

Não. Cada um e perante a realidade que encontrasse escolheria a ou as pautas que mais interesse lhe despertassem.

Como foi sua semana na Folha de S. Paulo?

A minha experiência nas redacções foi feita à mais de 15 anos, talvez por isso achei a semana um pouco monótona em termos de trabalho, mas muito gratificante na relação pessoal e profissional com todos os fotógrafos com quem realizei pautas, com a Carla Romero (editora de fotografia) e com Cassiana der Haroutiounian e Clauber Larre Araújo (assistentes de edição). Obrigada a todos eles.

Quais são as suas impressões?

A minha impressão é de que o jornalismo tal como se pratica hoje é mais ou menos igual em todo o mundo. É um produto padronizado, domesticado, obediente aos vários poderes instalados, reflectindo uma visão parcial e distorcida da sociedade.

Alguma pauta que você destacaria?

Pela positiva, a pauta que realizei acompanhando o fotógrafo João Wainer e que consistiu no acompanhamento de um grupo de jovens que participam da oficina do CEDECA na cidade Dutra ( zona Sul de S.Paulo) e que fazem trabalho fotografando e colando lambe-lambes nas ruas deste bairro e de Grajaú e Parque  Residencial Cocaia. Estes jovens não realizarão nenhuma pixagem sem uma abordagem aos moradores em que explicam o seu projecto a fim de obterem autorização. É um bom exemplo de civilidade.

Pela negativa, a pauta nocturna em que acompanhei o fotógrafo Apu Gomes. Durante este trabalho tive que fotografar o local onde, Ednalda Oliveira, com trinta anos, morreu vitima das tristemente célebres “balas perdidas” disparadas por policiais. Esta mãe seguia a pé com o seu filho ao colo e foi vitimada pelos disparos que policiais fizeram a uns motoqueiros que não teriam obedecido a um sinal de paragem.

Agora, qual o próximo passo que o projeto seguirá?

Neste momento o projecto está disponível na net em http://www.picturetank.com/___/slideshow/da4f38efc25d5d223950cefe88c95eb9/A_State_of_Affairs.html

O livro estará pronto até ao final de Agosto deste ano e até ao final do ano será apresentada, em Lisboa, a Exposição que depois seguirá para outros locais e países.

Existe a possibilidade desta exposição vim para o Brasil?

Sim, estamos a trabalhar em conjunto com o Luis Porchat (Escritório de Fotografias), de São Paulo para tornar possível a sua ida a esta e outras cidades do Brasil.

Foto: Valter Vinagre/Kameraphoto

“Obranco” Rodrigues, oficina do CEDECA

Foto: Valter Vinagre/Kameraphoto

Local onde Ednalda Oliveira morreu vitima de “balas perdidas”

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