Amanhã, será lançado o livro “Fotografia de Natureza Brasileira – Guia Prático por Fabio Colombini” da Editora Photos. O evento será na Livraria Fnac, da Avenida Paulista, São Paulo. A publicação é extremamente rica em detalhes e vem suprir uma necessidade em guias baseados no relato de experiência de grandes fotógrafos.
Abaixo, uma resenha do livro feita pelo crítico e fotógrafo Juan Esteves para o Olhavê.
Por Juan Esteves.
Há quem diga que fotografia não se ensina, que a pessoa nasce com o dom ou não nasce. Mas, com ou sem o chamado talento, é absolutamente necessário que a pessoa aprenda técnicas e determinados procedimentos antes de pegar uma câmera e ir apertando o botão, ou melhor, o “disparador”. Não conheço ninguém que fez isso e deu certo. Por mais autodidata que o sujeito seja, ele tem que ler um livro, o manual da câmera, entrar num site, pesquisar. Nesse sentido os manuais de fotografia são ótimos. Não que eles possam tornar alguém fotógrafo, mas que ajudam, isso sim.
Quando a questão é localizada, muito específica, como a fotografia de natureza, um guia prático adquire maior importância. Lembrem-se que fotografar natureza não é entrar pelo mato, ou por trilhas e praias somente com a mochila e um boné. Há um sentido, uma lógica que pode poupar dissabores futuros. Fabio Colombini, experiente fotógrafo com 22 anos de carreira, montou um excelente guia de ajuda para aquele que deseja se tornar um profissional da natureza, ou apenas para aquele que deseja conhecer um pouco mais desta categoria.
As quase 250 páginas fartamente ilustradas já garantem um belo livro de fotografias, e os sete capítulos dão conta do que precisamos para encarar a fauna e flora brasileira com outros olhos. Primeiro, Colombini apresenta seu “conceito” de fotografia da natureza. Não se assuste! Todo grande fotógrafo tem um conceito que permeia sua obra, e, é isso que dá o tom na sua carreira. Para ele “o fotógrafo é como um profeta, alguém que revela ao mundo às pessoas, que sabe ler a linguagem da natureza e transmiti-la ao mundo”. Não se preocupe, todos os fotógrafos de natureza, com raras exceções, tem esse tom messiânico, mas o que importa é que ele seja didático, que não esconda o jogo.
Além de localizar o perfil do fotógrafo, um conjunto de características práticas que formatam o “fotógrafo de natureza”, há também um conjunto de destinos e aplicações que constituem as funções das tais imagens. É claro, que se você não se enquadrar no perfil ou não concordar com as opções do autor, não precisa desistir. Mais adiante está um conjunto de dicas que ajudará o leitor, independentemente de seu norte ideológico. A começar pelo equipamento adequado, as informações necessárias para o trabalho em campo, o que fazer se seu equipamento der um problema, e, também um ítem, a meu ver fundamental, relativo aos riscos. Para o autor “É importante ter uma visão realista dos riscos e problemas que podem surgir.
O capítulo dos riscos é muito bacana, pois está articulado através de tópicos; aves e mamíferos: Não chegue perto de um tamanduá. Encurralado o bicho pode ser agressivo. Com os répteis: cuidados para não pisar num jacaré! Com relação aos anfíbios, aqueles mais bonitinhos e coloridos normalmente têm veneno potente! Com os insetos então, é preciso muito cuidado, e as aranhas, bem, estas acho que todo mundo tem suas reservas. No entanto, os detalhes de como se proteger e como solucionar os problemas do contato com eles, está bem escrito no livro.
Uma vez que os fotógrafos estejam aptos para “entrar no mato” uma série de temas, de paisagens a foto subaquática; da flora aos répteis e anfíbios; das texturas a macrofotografia, bem como caminhos que esquadrinham os ecossistemas, da Floresta amazônica, Mata Atlântica às praias e ilhas oceânicas, passando pelo Pantanal, pelo cerrado, pela caatinga, manguezais e todos os possíveis recantos onde se pode chegar com o equipamento fotográfico no Brasil. No final, um completo guia do amador ao profissional que trata até mesmo de orçamentos e seus direitos autorais.
Colombini, cujos cálculos estimam cerca de 2600 livros onde suas imagens já foram publicadas, é sem dúvida um dos grandes profissionais desta especialidade. Como ele diz, publicar o primeiro guia brasileiro de fotografia da natureza, não traz a pretensão de ser um livro completo. Até porque, fotografar, segundo o mesmo “não é um ato mecânico, pois envolve muitas sutilezas e desafios”. Mas, como diz no prefácio Haroldo Palo Jr. – outro grande da imagem de natureza – depois da revolução da fotografia digital, faltava um guia desse tipo feito por brasileiros.
Fotos: Fabio Colombini
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