Foto: Robert Smithson – First Upside Down Tree. Alfred, NY (1969)
Por João Castilho.
Querer ter feito uma fotografia de outro artista ou fotógrafo é uma grande prova de admiração que se pode dar. Quis ter feito varias fotos, de muitos. Algumas eu até fiz, numa tentativa de imitar, com o objetivo de querer aprender, como diabos aquele sujeito fez aquilo.
Mas serei conjuntural. Escolhi uma fotografia de Robert Smithson porque é da obra dele que estive mais próximo nos últimos tempos. A primeira árvore invertida – minha preferida – foi plantada em Alfred, no estado de Nova York. A segunda foi plantada em Captiva Island, na Flórida, com a ajuda de Robert Rauschenberg e a terceira na península Yucatán, no México. A idéia inicial de Smithson era que uma linha traçada em um mapa pudesse religá-las. Mas o projeto não foi concluído. Possivelmente ele exporia as imagens junto com o mapa.
“Virar um objeto de cabeça para baixo é desprovê-lo de seu sentido”, escreveu Merleau-Ponty. É uma tentativa de revelar um mundo escondido, de mostrar o que até então estava oculto invertendo a equação. As inversões são características da obra de Smithson. No lugar do certo, ele prefere fazer emergir o incerto; no lugar do contínuo, o descontínuo; no lugar do linear, o fragmentado. No lugar do real, a ficção; no lugar do olho saudável, o olho míope; no lugar da visão, a antivisão; no lugar do natural, o sobrenatural.
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