Depoimento sobre Penna Prearo que o curador Agnaldo Farias deu para Moracy Oliveira. Aqui, o perfil de Penna que publicamos ontem.
Fotos: Penna Prearo – Série “GRANDE AQUÁRIO para pequenos tubarões”, 2004-2013
Não se trata apenas de um olhar apurado sobre aspectos ambíguos ou absurdos da vida na cidade e no campo, como as árvores cujas raízes foram aprisionadas ou amputadas, as fissuras nas calçadas que, registradas com lente olho de peixe, parecem pequenos planetas, a constatação de que ao lado das cruzes erguidas nas beiras das rodovias e estradas, o cemitério disperso dos mortos anônimos, existe sempre um cupim… Trata-se sobretudo da capacidade de localizar ou mesmo de produzir o insólito, o elemento estranho em meio ao cotidiano.
Exemplos? Diversos. Que tal a percepção de que, vistos de baixo, os aviões que rumam enfileirados para Congonhas são cardumes de tubarões, ou as diáfanas “bailarinas” feitas de tule que dançam ao vento dos sítios urbanos mais áridos e adensados, os grupos de pessoas que o artista convida a “vestir” sacos de papel, ou máscaras de Cristo?
A qualidade da fotografia de Penna Prearo reside no fato dele ser um exímio diretor de cena, iluminador e colorista. Todas essas qualidades, pode-se dizer, serviriam para colocá-lo além da fotografia. Mas ele é um fotógrafo que contribui para levar a fotografia para além dela mesma.
Agnaldo Farias.
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