Foto: Adelaide Ivánova
Gabrielle e Helmut Nothhelfer – Momente und Jahre
Veja as coisas como são: Gabrielle e Helmut nasceram em 1945. Ela em Berlim, ele em Bonn. Se cruzaram na cidade dela em 1969, na Escola Lette, onde estudaram fotografia. Seguiram juntos para Essen, no oeste da Alemanha, para estudar mais fotografia. Se casaram em 1973. E desde então são que nem Lennon/McCartney: assinam suas obras em conjunto, com a diferença de que nunca (ao menos em público) quebraram o pau por isso. São dois dos mais importantes fotógrafos alemães da atualidade
O primeiro contato que tive com o trabalho desses dois foi na excelente, maravilhosa, boa pra caralho Los Años 70. Fotografia y vida cotidiana, no PhotoEspaña.
As fotos deles me chamaram a atenção porque (vou copiar o que escrevi no meu diário quando saí da expo!) “(…) nessa vida tem tanto fotógrafo que quer “analisar”, “fazer paralelo”, “traçar panorama”, “acender uma faísca”, “promover um debate”, “fazer uma crítica”, “questionar o conceito”, “analisar a identidade”… O trabalho G e H é honesto, simples, bonito e direto ao ponto. Não quer dizer nada, e nem por isso é leviano. É tipo assim ‘A gente tirou essa foto, e você pensa o que quiser’ ”.
É claro que eu gostei tanto assim do trampo deles porque, ex-fotologueira e blogueira (e fuxiqueira) que sou, adoro ver foto da vida dos outros – e é isso que essa dupla faz e faz direito.
Pois sim. Essa ladainha toda para dizer que foi uma agradável surpresa chegar em Colônia, mês e meio depois, e ver que lá estava em cartaz uma individual deles.
No primeiro andar do prédio da Photographische Sammlung/SK Stiftung Kultur, estão 128 fotos PB, feitas entre 1970 e 2008. A expo é um pouco grande demais, e às vezes a sensação que eu tive era a de que eles ficaram com muito apego na hora da edição (e aí incluíram na mostra algumas imagens muito parecidas entre si). Mas isso não tira em nada o deleite visual promovido pela expo – especialmente se, como eu, você adora ver fotos de Berlim na década de 70!
No meu mini-repertório, as fotos de Gabriele e Helmut me lembram as de Bruce Weber, só que no âmbito vida-real. Bruce trouxe pros anúncios e editoriais de moda que ele fazia uma vibe de dia-a-dia, como se fossem álbuns de família. O fotojornalismo de G e H é assim também, não parece que as pessoas lhes são estranhas; tampouco parece que eles se aproveitam da proteção e do distanciamento possibilitados pela câmera. Ao contrário, pra G e H a câmera aproxima. Envolve – tanto fotografado quanto expectador, faz com que você sinta que estava lá.
No mesmo local, está em cartaz também Paris – Nova York – Shangai, do fotógrafo holandês Hans Eijkelboom. O trabalho dele é de documentação sistemática – todo dia, durante 15 anos, ele saia para caminhadas de duas horas para fotografar gente na rua. Esta expo é como a organização (em público) do arquivo (cavalar) de Hans. Tipo assim: pessoas comendo e andando em Paris, New York e Shangai; motoristas de táxi em Paris, New York e Shangai; homens com bolsinhas Louis Vuitton (??) em Paris, New York e Shangai… E por aí vai. Sorte nossa que ele se focou só 3 cidades, senão a exposição teria que ser montada ao longo da Muralha da China.
O trampo dele que eu mais gosto é o Identity, no qual ele entrevistou ex-colegas de escola que ele não vai há tipo seis anos e perguntou “o que você achava de mim?” e “quais suas lembranças em relação a mim?”. Depois, ele fez auto-retratos com as respostas das pessoas. Morro de inveja dessa idéia, e aproveito a oportunidade para avisar que um dia vou copiá-la hahahaha.
Momente und Jahre fica em cartaz até o dia 01 de novembro e Paris – New York – Shangai, até o dia 08 de novembro.
O Photographische Sammlung/SK Stiftung Kultur fica na Im Mediapark, 7. E é de graça nas segundas-feiras! O site deles não tem versão em inglês (eu até reclamei na recepção!) então se você (como yo!) não fala alemão mas gosta de ver as figuras, clica aqui.
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