Como a fotografia nos trapaceia. Sempre foi assim… A experiência de vermos uma fotografia nos lança ardilosamente à sensação de que enxergamos a fotografia. Deambulando pela complexidade das identidades da imagem fotográfica, conseguimos perceber que não vemos uma fotografia por ser tão somente uma imagem. Vemos – e ela só se torna visível – porque desejamos senti-la e encontrá-la.
Projeção apresentada no Paraty em Foco.
A investigação artística, presente nas obras nesta exposição, encontra convergência acerca do campo amalgamado de questionamento conceitual, do estatuto da imagem e da narração efêmera da documentação. De certo, estas conotações estão abertas e nos ajudam a aprofundar o uso da linguagem fotográfica com expressão profunda do olhar, pelo olhar e, sobretudo, sobre o olhar.
Algumas imagens da montagem da exposição Olhar guardado – Fotografias de Lula Cardoso Ayres que foi exposta no Mamam – PE.
A fotografia no acervo do Mamam está presente de modo significativo. Reflete a guarda de décadas através de aquisições e doações, sendo que de 2001 a 2004, o acervo cresceu ainda mais com sensíveis doações que contemplam as artes visuais contemporâneas. Constitui-se assim um esboço relevante de artistas e obras brasileiras que compartilham a fotografia como campo de discursivo, de narrativas subjetivas e carregadas de conceitos. Enfim, construção de sentidos.
Tentemos imaginar a magia da descoberta de algo raro ao abrir uma gaveta que não é nossa. Ou do encantamento ao afastar a poeira de uma fotografia e ela de repente parecer flutuar. A exposiçãoOlhar Guardado: fotografias de Lula Cardoso Ayres, de certo modo, remonta para nossa contemporaneidade o fenômeno da memória e do tempo a partir do registro fotográfico de realidades distantes. Poderiam ser quaisquer fotografias, mas também não o são. O fotógrafo era Lula Cardoso Ayres (1910-1987), pernambucano de Rio Formoso, um dos mais importantes artistas brasileiros.
Já sabemos que uma fotografia sem metadados – e todas as informações necessárias inseridas no arquivo – é uma fotografia sem muita função ou futuro nesse mundo de tags.
Foto: Lula Cardoso Ayres Estamos animados! Fomos convidados – Eu e Georgia – por Beth da Matta, diretora do Mamam (Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Recife), e faremos a curadoria da exposição comemorativa dos 100 Anos de Lula Cardoso Ayres. A exposição será sobre o rico acervo fotográfico de Lula, ainda pouco conhecido e mostrado ao público. Depois, mais detalhes.
deVERCidade 2010.
deVERCidade 2010.
