A princípio, o legado pictórico de Albert Eckhout desencadeia duas vigorosas proposições: uma, de que a imagem incidial é proposta pela observação participante do artista em seu meio no qual se encontrava, ou seja, pela racionalidade em estabelecer uma forma para a sua visão de mundo. A outra, se volta para a idealização produzida pelo ato de criação, no qual se obtém a intencionalidade do olhar, a construção de uma imagem-conceito que se configura a partir dos nativos brasileiros
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A imagem de fora e de dentro
Nem sempre o que acreditamos ser uma simples questão de aparência e vaidade, é algo tão superficial ou frívolo. É certo que, atualmente, com este mundo acachapante das celebridades, não é difícil considerar que o registro fotográfico tornou a individualização da pessoa retratada tão banal que vemos, gradativamente, a construção da imagem de um indivíduo-objeto. E o que vem à mente é apenas vaidade, vaidade, pura vaidade. Estabelece-se assim, a necessidade da aparência de alguns que alimentam a curiosidade de outros. E nada preenche nada.
Fotografia e Memória
A partir de uma análise sócio-cultural da iconografia pesquisada, remontei narrativas simbólicas e pautas sociais determinantes para a aristocracia canavieira. De maneira que abordei as representações visuais e conseqüentemente seus valores sociais – verdadeiros índices, quanto a questões de parentesco, gênero, cânones morais, religiosidade, costumes e relações interétnicas. Entretanto, ao discutir sobre identidade (algo indelével aos retratos), se observa a alteridade entre dominantes (senhores de engenho) e dominados (escravos); de como se constrói a imagem do outro e portanto como os paradigmas estéticos são elaborados enquanto mecanismo de distinção social, como também expressão de poder e ideologia
Barroco Pernambucano (1)
A arte barroca (séc. XVII e XVIII) que se desvela dentro de uma historicidade, estabelecida como ideologia religiosa (em defesa da Contra-Reforma), política (poder Absolutista), colonialista – empregada como missão de persuasão e aculturação (domínio de ânimos dos colonizados) – e criada pela Igreja Católica, respaldada pelo Concílio de Trento (1563) que ditou as regras dessa arte, transforma a estética em objeto de propaganda de um status quo e em manutenção da ordem social-política-religiosa. Em solo pernambucano, os portugueses trouxeram a ideologia, o esboço da sua arte barroca. Não foram inócuos, mas a própria região deu conta de trabalhar o estilo Barroco com características peculiares.
Barroco Pernambucano (2)
Os holandeses lançaram a seguinte fórmula para perpetuar as diferenças estilísticas na arquitetura: não permitiram que os moradores de Olinda desmontassem suas casas para aproveitar o material em novas construções em Recife. Assim, quem fosse pego desmontando ou roubando uma telha ou tijolo sem a devida permissão era punido.
Barroco Pernambucano (3)
O que podemos ponderar, sem contudo ser definitivo ou conclusivo pois a temática não se esgota e aí é onde reside o fascínio e virtuosismo do barroco, é que em Pernambuco características pontuais do estilo importado da Europa causaram efeitos: criatividade e poéticas autênticas. Permaneceram com os preceitos básicos de maximizar o ritmo e a harmonia, sem lançar mão da arte minuciosa e elaborada – peculiar dos entalhes, das pinturas e das esculturas em pedra.
Museus: A Educação Fundamental – Parte 2
Para se conhecer a Holanda, sua cultura e sua importância na História da Arte, não basta estar em Amsterdã. Seria uma visita incompleta. O estado de estar no Rijksmuseum seria também o estado de sentir a cultura holandesa, sua história e sua identidade. Quem diria que a reforma de um museu (com seu parcial fechamento) pudesse sensibilizar o povo.
Belas Artes e Memória
Somente assim, portanto, ao incorporar o passado no nosso olhar contemporâneo e crítico, conseguiremos entender e reorganizar o percurso histórico da arte, assim como a riqueza subjacente de seus símbolos. Afinal, o senso de continuidade tem um papel fundamental na preservação da memória da arte pernambucana, apenas é preciso rever registros e nunca deixá-los adormecidos numa estante.
Ploeg e Eckhout: diálogo possível
As sutilezas inerentes às diferenças de cada indivíduo reverberam graças ao estilo realista de traços rápidos de Ploeg, assim como às pinceladas fortes, marcantes e direcionadas – quase um lampejo impressionista. Dessa maneira, a composição de seus “nativos” conota a fragilidade da dignidade humana em significativos índices estéticos.a
Convivendo com Eckhout
Ao conviver durante algum tempo estudando a obra eckhoutiana, tornou-se evidente a premência cultural que o repertório iconográfico dos artistas europeus viajantes em terra brasileira traz à lume para as Ciências Sociais. No entanto, a pesquisa concentra uma ínfima parte no campo inesgotável do conhecimento. Contudo, são as pequenas admirações que fomentam o pensamento, acrescentando-se assim considerações e reflexões a trabalhos já existentes, numa espécie de árduo processo de aprofundamento do objeto em comum enfocado.